quinta-feira, 20 de novembro de 2014

A verdadeira cidade de refúgio

Comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada 
Cidade sois de refúgio
Concluída a divisão da terra de Canaã entre as doze tribos de Israel, o Senhor disse a Josué (Jos. XX, 1-4):
“Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Separai as cidades para os fugitivos, das quais vos falei por meio de Moisés: a fim de que se refugie nelas todo o que matar uma pessoa sem querer; e possa evitar a ira do parente próximo do morto, que quiser vingar o seu sangue. Quando ele se refugiar em uma destas cidades, apresentar-se-á à porta da mesma, e exporá aos anciãos dela tudo o que possa comprovar a sua inocência; e desse modo o receberão, e lhe darão lugar em que habite.”
A verdadeira cidade de refúgio
Essas cidades que a demência divina reservou como asilo para os fugitivos, simbolizam Aquela que é, por excelência, o Refúgio dos pecadores. Assim o ensina Santo Afonso Maria de Ligório:
“Havia na Judéia, outrora, cidades de refúgio, nas quais os culpados podiam abrigar-se e ficavam a salvo das penas merecidas. Agora já não há tantas cidades de refúgio como antigamente: Só há uma que é Maria Santíssima, da qual [se escreveu]: Coisas gloriosas se têm dito de ti, ó cidade de Deus (Sl 86, 3).
“Existe aqui uma diferença, porém. Nas antigas cidades de refúgio não havia asilo para todos os culpados, nem para toda sorte de delitos, enquanto que sob o manto de Maria acham refúgio todos os pecadores e toda espécie de delito. Basta que a Ela se recorra, para se estar a salvo. «Sou cidade de refúgio para todos que a Mim recorrem», faz São Damasceno dizer nossa Rainha. Só se exige que a Eia se recorra. «Ajuntai-vos e entremos na cidade fortificada e guardemos aí silêncio» (Jer. 8, 14). Esta cidade fortificada, explica Santo Alberto Magno, é a Santíssima Virgem, fortificada em graça e em glória.
“«Guardemos aí silêncio» — a isso observa a Glosa: Já que nós não temos de pedir ao Senhor, basta que entremos nesta cidade, e nos calemos; porque Maria falará e rogará por nós. Exorta por isso Benedito Fernandes todos os pecadores a se refugiarem sob o manto de Maria, dizendo: Fugi, ó Adão, ó Eva, fugi, ó filhos seus que tendes ofendido a Deus, fugi e refugiai-VOS no seio desta boa Mãe. Não sabeis que é Ela a única cidade de refúgio e a única esperança dos pecadores?
“Também nos sermões atribuídos a Santo Agostinho, Maria é chamada nossa única esperança.

“Da mesma forma exprime-se Santo Efrém: «Vós sois a única advogada dos pecadores e daqueles que precisam de todo o socorro. Eu Vos saúdo como asilo e refúgio no qual ainda podem os pecadores achar salvação e acolhimento»” 2
2) LIGÓRIO, Afonso Maria de. Glórias de Maria Santíssima. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 1964. p. 80-81.