Alegrias e
sofrimentos sucedem-se na existência humana. E se as primeiras são sempre
bem-vindas, estes últimos raramente são aceitos ou mesmo compreendidos. Afinal,
quem não estremece diante da dor?
As duas festas
marianas celebradas no mês de setembro, a Natividade da Virgem Maria e Nossa
Senhora das Dores, entremeadas pela Exaltação da Santa Cruz, nos trazem
preciosa lição a respeito.
A Igreja, Mestra
infalível da verdade, ao nos propor a celebração da Santa Cruz, enaltece sua
beleza e importância, sem negar as dores que a acompanham. “Pai, tudo é
possível para Ti. Afasta de mim este cálice! Mas seja feito não o que Eu quero,
porém o que Tu queres.”, foi a exclamação de angústia do Homem-Deus ao suar
sangue na perspectiva de tudo o que sofreria.
Esta pungente oração,
repleta de filial submissão, fora precedida por outra, introduzida por estas
palavras: “Pai, chegou a hora. Glorifica o teu Filho, para que teu Filho Te
glorifique...”
O próprio Verbo
encarnado, que após a última Ceia proclamara assim a certeza de que sua Paixão
e Cruz manifestariam sua própria glória e a do Pai, sentiu pavor e angústia ao
considerar a enormidade dos padecimentos físicos e morais pelos quais deveria
passar.
Se a perfeitíssima
natureza humana do Homem-Deus, de tal maneira convicta da necessidade de seu
sacrifício, tremeu diante da dor, o que dizer da nossa, tão frágil e insegura?
Sem dúvida, necessitamos, ainda mais do que o Redentor, de alguém que nos dê
forças para levar com ufania a cruz que a Providência nos destinou. E esse
alento podemos encontrar na filial meditação da Natividade de Maria feita por
Dr. Plinio:
“Quantas vezes a alma
deste ou daquele está em luta, com problemas, contorcendo e revolvendo
dificuldades! A pobre alma nem se dá ideia de quando virá o dia bendito em que
uma grande graça, um grande favor vai acabar com seus tormentos, com suas lutas
e, afinal de contas, proporcionar-lhe um grande progresso na vida espiritual.
“Há aqui o nascimento
— a natividade, num sentido especial da palavra —, irrupções de Nossa Senhora
em nossas almas. E na noite das maiores incertezas, das maiores trevas, de
repente, Maria Santíssima aparece e começa a quebrar as dificuldades com que
nós nos defrontamos. Ela desponta como uma aurora a representar algo de novo em
nossa vida espiritual.
“Isso nos deve dar
muita alegria e muita esperança, com a certeza de que a Santíssima Virgem nunca
nos abandona. E nas ocasiões mais difíceis Ela nos visita, sua presença como
que irrompe entre nós, resolve todos os nossos problemas, cura nossas dores,
dá-nos a combatividade e a coragem necessárias para cumprir nosso dever até o
fim, por mais árduo que seja, e arma nosso braço na luta contra o adversário.”
Revista
Dr Plinio n.186