A natividade de Nossa
Senhora, celebrada em 8 de setembro, representa a aurora da redenção do gênero
humano, posto que, com o nascimento de Maria, inicia-se a realização das
promessas divinas de enviar ao mundo o seu Salvador”, comentava Dr. Plinio. “No
momento decretado por Deus em sua misericórdia”, acrescentava, “Ele faz surgir
Nossa Senhora, raiz bendita da qual brotaria Nosso Senhor Jesus Cristo, começando
assim a obra de destruição do reino do demônio — no exterior, bem como no
interior dos homens.
“De fato, na vida
espiritual de quantas almas não se verifica situação semelhante à do mundo em
que surgiu Nossa Senhora, imerso no império dos vícios e do pecado! A pobre alma
está em luta com seus defeitos, se contorce em dificuldades, sem vislumbrar o
dia bendito em que uma grande graça, um grande favor celestial porá fim aos
seus tormentos e lhe franqueará o progresso na piedade. Pois na história dessas
almas há como que irrupções de Nossa Senhora. Na noite das maiores trevas e
aflições, Ela aparece e começa a solucionar todos os problemas. Maria surge
então como uma radiante aurora em nossa existência, incutindo-nos um alento que
não conhecíamos.
“Nesse sentido, vem
muito a propósito a conhecida exortação de São Bernardo, aplicando a Nossa
Senhora o simbolismo da Estrela do Mar: Ó tu que nesta vida andas flutuando
entre borrascas e tempestades, antes que vagando por terra, não tires os teus
olhos do fulgor desta estrela, se não quiseres que te arrastem os vagalhões.
Quando te vires arremessado aos escolhos da tribulação, se te surgirem os
ventos das tentações, olha a estrela e invoca Maria. Quando te vires perecer
nas ondas da soberba e da ambição, da detração e da luxúria, olha para a
estrela, invoca Maria.
“Contrárias às
ilusões de que esta vida é um constante jardim de rosas onde tudo nos sorri, as
palavras de São Bernardo — conformes ao ensinamento da Igreja — nos falam do
vale de lágrimas no qual expiamos o pecado original e nossos pecados atuais.
Segundo o conselho do santo, o quotidiano terreno é permeado de borrascas e
tempestades, de rochedos que insidiosamente aguardam o navegante durante seu
trajeto, e dos ventos das tentações que podem soprar e nos solicitar para o
mal.
“Ora, sob essas
condições adversas, não devemos nunca deixar de pôr os olhos em Maria Santíssima,
senão os vagalhões nos arrastam. A exemplo dos antigos navegantes que se orientavam
pela estrela polar a fim de alcançar o porto seguro, cumpre seguirmos as
maternais coruscações da Estrela do Mar. Na incerteza das ondas, no singrar
atribulado, jamais percamos de vista essa luz que nos orienta para a salvação;
jamais nos esqueçamos de invocar Maria Santíssima.”
Plinio Correa de
Oliveira – Extraído de conferências em
8/9/63 e 24/9/66