quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Concebida e preservada sem pecado original

Concebida e preservada sem pecado original
Sobre esta magnífica e singular prerrogativa de Nossa Senhor cujo brilho temos admirado ao longo destas páginas, limitar-nos-emos a transcrever, aqui, um belo e grave ensinamento do Papa São Pio X.
A verdadeira piedade para com a Mãe de Deus
“Para que o culto da Mãe de Deus seja de bom quilate, deve ele promanar do coração. Os atos exteriores não têm, aqui, nenhuma utilidade nem valor algum, se isolados dos atos da alma. Ora, esses atos têm um só escopo: que observemos plenamente o que o Divino Filho de Maria nos ordena. Pois, se amor verdadeiro é aquele que tem a virtude de unir as vontades, é de suma necessidade que possuamos com Maria esta mesma vontade de servir a Jesus Cristo Senhor Nosso. A recomendação que esta Virgem prudentíssima fez aos serventes de Caná, no-la dirige a nós: «Fazei tudo o que Ele vos mandar» (Jo. II, 5). Com efeito, eis a palavra de Cristo: «Se queres entrar na vida, guarda os mandamentos» (Mt. XIX, 17).
“Por isso, convençam-se todos de que, se sua piedade para com a Bem-aventurada Virgem não os preserva de pecar ou não lhes inspira o propósito de emendar uma vida culpável, essa piedade é falsa e mentirosa, porquanto desprovida de seu efeito próprio e de seu fruto natural.
A Imaculada Conceição: infinita oposição entre Deus e o pecado
“E se alguém desejar uma confirmação destes fatos, ser-lhe-á fácil buscá-la no dogma mesmo da Imaculada Conceição de Maria. Pois, abstraindo da Tradição, fonte de verdade tanto quanto a Sagrada Escritura, como é que esta convicção da Conceição Imaculada da Virgem foi, em todos os tempos, tão conforme ao senso católico, que pode ser tida como incorporada e inata à alma dos fiéis? «Horroriza-nos dizer desta mulher é a sublime resposta de Dionísio Cartusiano — que, devendo um dia esmagar a cabeça da serpente, tenha sido esmagada por ela e que, sendo Mãe de Deus, haja sido filha do demônio» (III Sent., d. 1).

“Não, a inteligência do povo cristão não podia conceber que a carne de Cristo, santa, imaculada e inocente, tivesse seu princípio nas entranhas de Maria, de uma carne que um dia tivesse contraído qual quer mácula, por um instante que fosse. E qual a razão disto, senão que uma oposição infinita separa Deus do pecado?