Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada Conceição
Deus Vos salve, Virgem Mãe
Virgindade consagrada pelo
nascimento do Homem-Deus
Assumindo
as palavras do Anjo, exclama São Tomás de Villanueva:
“O
Virgem, quantas virgens esclarecidas renunciam à flor de sua virgindade por
amor à descendência, embora sabendo que não hão de engendrar senão um triste
mortal! E Vós, sabendo que haveis de dar à luz a Deus, ainda vacilais e
exclamais: «Como há de ser isso, ó Anjo de Deus?»[…]
“Não
temais, Maria: esta concepção não Vos arrebatará a virgindade, mas a
consagrará; não Vos diminuirá o pudor, mas o sublimará com a descendência, já
que haveis de conceber por obra do Espírito, e não com o concurso de varão; virgem
dareis à luz e virgem permanecereis depois. [...] Sereis Virgem, porém fecunda.
Mãe sereis, mas incorrupta; conservando a honra da virgindade com os gozos da
maternidade” 2
Milagre representado pelas
figuras da Antiga Lei
E o Pe.
Rolland comenta:
“Um dos
mais gloriosos privilégios da Santíssima Virgem, ou antes o mais glorioso após
o de sua maternidade divina, é a sua inalterável e perpétua virgindade. [...]
“Pode-se
afirmar, sem receio de equívoco, que esse privilégio de Maria é,
verdadeiramente, um dos mais esplêndidos milagres operados pela destra do
Onipotente. É ele tão grande, que Deus o quis representar pelas figuras da
Antiga Lei. Por certo, admiro a sarça incandescente que ardia sem se consumir;
admiro o velo de Gedeão, ora seco quando tudo ao seu redor estava coberto de
umidade, ora banhado de rocio, quando toda a terra se achava desolada pela
aridez; admiro os três mancebos dentro da fornalha, sem ressentirem a menor ofensa
das chamas: estes são grandes milagres. Contudo, o milagre de [ser] Maria
sempre virgem e ao mesmo tempo Mãe de Deus, é incomparavelmente mais
maravilhoso, tanto mais superior aos primeiros, quanto a realidade excede à
figura!
A Virgem Mãe profetizada nas
Escrituras
“Esse
prodígio é tão sublime que Deus [...] o anunciou por seus Videntes, em solenes
termos, como sendo uma nova criação, uma obra absolutamente extraordinária. «Eis,
diz Isaías a Acaz, um sinal extraordinário que surpreenderá o céu e a terra:
uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o seu nome será Emanuel, isto é,
Deus conosco».
“Sim, a
perpétua virgindade da Santíssima Virgem é uma maravilha entre as maravilhas.
“O
Senhor fez em Mim grandes coisas», dizia Nossa Senhora a sua prima Isabel.
Essas grandes coisas são: primeiro, e antes de tudo, sua maternidade divina;
mas, logo em seguida, é sua perpétua virgindade”3.
Flor e fruto
Outra
bela consideração sobre esse admirável privilégio de Nossa Senhora, devemos ao
Pe. Félix Cepeda, C. F. M., que assim se exprime:
“Grande
é a glória de uma mulher que chega a ser mãe; mais pura é a glória das que
permanecem virgens. Essas duas glórias são incompatíveis: quem aceita uma,
necessariamente se despoja da outra. Vede as árvores na primavera como se cobrem
de flores brancas ou encarnadas. Chega o outono, e nos regalam frutos
delicados. Porém, em vão buscareis as flores, pois estavam murchas e caíram.
Não é possível que [as árvores] ostentem, ao mesmo tempo, flores e frutos.
“Não
assim com Maria: é virgem e mãe juntamente, o que convém somente a Ela. Por
isso a Igreja canta com o poeta Sedulio: «Não se viu nada semelhante, nem antes
nem depois». E São Dionísio Areopagita, em seu livro Dos Nomes Divinos: «Esta é
uma coisa nova, a mais nova de todas»” 4.
2 VILLANUEVA,
Tomas de. Obras. Madrid: BAC, 1952. p. 250-251 e 265.
3)
ROLLAND. La Reine du Paradis. 8. ed. Paris: Langres, 1910, Vol. I. p. 284 e
290-291.
4)
CEPEDA, Felix Alejandro. Virgo Veneranda. Madrid: Corazón de Maria, 1928. p.
184.