Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada Conceição
Virgindade
incorruptível
“Maria é Arca do Testamento quanto à sua construção,
primeiro, por ser de matéria incorruptível, devido à integridade de seu corpo.
[...] Integridade que A livrou do peso da carne e A tornou incorruptível,
separando-A do contágio da corrupção, que dimana dessa mesma carne.
Virtudes
proporcionadas
“Segundo, a Virgem foi Arca do Testamento, quanto à
sua construção, porque foi de medidas proporcionadas, devido à humildade de
coração, segundo o capítulo XXXVII do Exodo: «E Beseleel fez a Arca de pau de setim, a qual tinha dois côvados e meio
de comprido, côvado e meio de largo, e também côvado e meio de alto». Por
côvado inteiro da medida completa se entende a virtude perfeita na realização
dos atos; por metade se entende a humildade perfeita na consideração dos
defeitos; [...] e essas duas coisas teve, de modo eminentíssimo, a Virgem
Maria, pois possuiu, ao mesmo tempo, uma virtude perfeita e uma profunda
humildade.
Beleza
de formas, fruto da honestidade de vida
“Terceiro, a Virgem foi Arca do Testamento, quanto à
sua construção, porque foi bela na sua forma, devido à honestidade de sua vida,
segundo as palavras do capítulo XXXVII do Exodo: «E revestiu-a de ouro finíssimo por dentro e por fora. E fez-lhe uma
cornija de ouro ao redor». Por este revestimento de ouro se entende a
plenitude da suma honestidade, que adornou por dentro e por fora à Virgem
Maria. [...] E adverte que se disse tinha ao redor uma cornija de ouro, pela
honestidade que brilhou em todos os seus atos.
Exímia
observante da Lei divina, segundo as virtudes cardeais
“Quarto, a Virgem foi Arca do Testamento, quanto à sua
construção, por ser de forma quadrangular, devido à igualdade de quatro maneiras
de virtude, segundo as palavras do capítulo XXV do Exodo: «E farás quatro argolas de ouro, que porás nos quatro cantos da Arca.
Farás também varais de pau de setim e os cobrirás de ouro, e os farás passar
por dentro das argolas que estão aos lados da Arca, a fim de que sirvam para o
transporte».
“Pelos quatro cantos se entendem as quatro virtudes
cardeais; pelas argolas nos quatro cantos, a obediência quadriforme dos preceitos
divinos segundo a exigência das quatro virtudes. Pelos varais se entendem duas
coisas: o temor e o amor, que nos levam pelo caminho dos bons costumes.
“A Virgem gloriosa possuiu tudo isto na perfeição,
pois observou eximiamente a divina Lei, submetendo-se a esta segundo as quatro virtudes
cardeais, a saber: prudência, justiça, temperança e fortaleza, que, embora
distintas, têm conexão e igualdade entre si, e se conduzem pelo temor e amor
perfeito, e por elas a Arca chegou até o Céu. E adverte como disse que os
varais estarão sempre metidos nas argolas, e nunca se tirarão delas, porque o
temor e o amor sempre devem estar unidos com as virtudes cardeais para o
cumprimento dos mandamentos divinos; e assim o estiveram na gloriosa Virgem.
Maria,
Arca do Testamento, quanto ao seu conteúdo
Continua no próximo post.