quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Maria: Sol que alegra a Igreja

Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício de Nossa Senhora
Em um de seus sermões para a festa da Natividade da Virgem, São João de Avila assim no-La apresenta revestida do brilho do Sol divino:
“[Maria é] eleita como o sol. Nome é este que se dá a seu sacratíssimo Filho, porque Ele é a fonte de toda luz espiritual no Céu e na Terra, como o sol é fonte de claridade para todo o mundo. Contudo, assim como Ele concedeu a Ela o tomar parte em sua santidade, dar-Lhe-á também seu lume de sol, posto que o deu a seus Santos Apóstolos, aos quais disse: Vós sois a luz do mundo. Esta Menina sagrada [...] é a mulher vestida de sol que São João viu em seu Apocalipse. Lume e calor tem o sol, e com tanta excelência, que a fraqueza de nossos olhos não o pode fitar. Quem descreverá a luz que, [...j para contemplar o Altíssimo Deus e para tudo o que convinha para o servir, a esta Menina bendita foi concedida!?
“De maneira que, embora o dia de nossa salvação [...] seja aquele em que o próprio Deus se encarnou e nasceu neste mundo, e, em comparação com Ele, esta Santa Virgem e seu nascimento se chamem manhã, sem embargo, considerando a excelência da vida d’Ela, também a seu modo se chama sol e causa de alegria na Igreja, segundo está escrito: «O que é o sol para o mundo quando nasce nas alturas de Deus, assim é o rosto de uma mulher virtuosa»” 
“Ouvistes, sem dúvida, os amantes da bela natureza se extasiarem sobre o maravilhoso efeito do nascer do dia. Viste-os empreender longas viagens e passar noites inteiras no cimo de montanhas glaciais, a fim de se encontrarem, pela manhã, prontos a desfrutar do radioso espetáculo de uma bela aurora.
“O sol ainda não se levantou; não se distingue nem um de seus raios, e entretanto uma certa luz intermediária, semelhante à da alegria, já faz renascer a natureza. Há, então, entre a noite e o dia, alguns instantes de luta. Logo o horizonte se colore de mil matizes, e o lado do oriente aparece todo em fogo. E então que acreditareis ver cada
criatura retomar sua vida, sua cor, sua inteligência, como se retoma um traje de gala após a noite onde tudo é sombrio e incolor. [...]
“Os esplêndidos fulgores de um meio-dia de verão não têm o encanto desta aparição resplandecente que exerce sobre a natureza um tão grande domínio”.

“Digno de lástima seria aquele que permanecesse indiferente a este imponente quadro, e que, podendo ser testemunha de um tão belo espetáculo não sentisse seu coração disposto a glorificar reconhecido, a majestade das obras de Deus!