Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício de Nossa Senhora
Daquele brilhante sol a Virgem tem o fulgor
Outra
bela aplicação do simbolismo da aurora à Santíssima Virgem, devemos à ilustre
pena de Augusto Nicolas:
“Maria,
ao se levantar sobre o horizonte do mundo, foi como o dealbar da manhã da
verdade, como o despontar do dia da fé, que difundiu sobre a Terra Jesus
Cristo, luz eterna, como O chama a Igreja. Maria foi como a aurora do Sol de Justiça,
desvanecendo as sombras da [Antiga] Lei, e tingindo o céu com os primeiros
fulgores da graça, pelo que a Igreja a saúda: «[Aquela] que vai caminhando como
a aurora quando se levanta».
“Imagem
feliz, que, muito melhor do que nas falsas aplicações dos poetas, encontra em
Maria toda sua verdade, toda sua pureza. Assim como pouco depois de se
apresentar a aurora, vê-se nascer, como que do interior desta, o corpo do sol,
assim Maria apareceu no Evangelho precedendo a Jesus, luz do mundo, que d’Ela
nasceu.
“Semelhante
é também por sua virgindade à aurora, que nada perde de sua integridade e
pureza, ao engendrar o rei dos astros e ser mãe do dia.
“Mas,
sobretudo, convém a Maria este simbolismo da aurora [por ser Ela] a filha da
graça de quem nasce o Criador, como a primeira claridade da manhã, que se chama
aurora, é produzida pelo sol antes de que este apareça, e, por sua vez, produz
de seu seio ao rei do dia” 1
1) NICOLAS, Augusto. La Virgen María y el Plan Divino.
Barcelona:
Religiosa, 1866. Vol. II. p. 143-144.