Continuação dos comentários ao Pequeno Oficio de Nossa Senhora
Em um
de seus tocantes sermões, o Pe. Pinard de La Boullaye, renomado pregador
jesuíta, assim se exprime:
“Que
Maria seja toda bondade, não para com a malícia obstinada e a impenitência, ou
seja, para com o pecado, mas para com os pecadores; que Ela seja o último
recurso dos pobres escravos que desejariam sacudir o jugo de suas paixões e se
afligem de não consegui-lo, dos culpados aos quais a clara consciência de seus
desregramentos não aconselharia senão o desespero — verdadeiramente, isto não é
uma invenção da imaginação humana, nem tampouco a conclusão de complica dos
raciocínios. É uma convicção imposta aos fiéis por uma prolongada experiência.
“Interrogai
os livros ascéticos, dos mais antigos aos mais recentes, das publicações
populares até os tratados dos mais reputados doutores, encontrá-los-eis
unânimes em provar, pelos mais variados exemplos, a extraordinária piedade que
a Virgem demonstra em relação àqueles que A invocam. Ora Ela os ajuda de
maneira quase sensível, através das confissões diferidas por longos anos; ora
no leito da morte, Ela concede a graça da conversão, e assim arranca ao Inferno
aqueles que deste estavam separados apenas por algumas horas ou poucos segundos;
às vezes Ela intervém de maneira miraculosa para chamá-los ao arrependimento.
“Interrogai
os confessores, especialmente os que vivem à sombra dos santuários consagrados
a Maria; os missionários, sobretudo os que se aplicam em despertar esta devoção
que quase todas as mães, felizmente, implantaram com cuidado na alma de seus
filhos; os pregadores que asseguram à sua palavra, por ardentes súplicas, o
apoio da grande Convertedora. Eles serão unânimes em vos afirmar que resta ao
menos uma esperança de salvação, enquanto subsistir numa alma uma centelha —
sim, não mais que uma centelha — de piedade em relação à Virgem. [...]
Merecido título de Maria
“Perscrutai
as profundezas do Céu. Procurai descobrir, seja entre os Santos, seja entre os
Anjos, um só protetor — exceção feita unicamente de Jesus Cristo — que possa
intervir em nosso favor com caridade e convicção semelhantes [às de Maria].
Se sois
obrigados a desistir de encontrá-lo, não deveis convir que prodígios de
misericórdia atestados por tantos testemunhos se explicam sem dificuldade, que
a fé dos séculos cristãos se acha amplamente justificada, que Maria, numa
palavra, merece verdadeiramente o título de «Refúgio dos pecadores» posto que
os maiores culpados, aqueles cujos apelos o mais misericordioso dos eleitos
poderia ser tentado a rejeitar, têm a certeza de n’Ela encontrar uma Advogada
pronta a defender sua causa, com o apaixonado afeto de uma mãe?”