Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada Conceição
Do Céu entrada oriental
Maria franqueia aos homens a
entrada do Céu
No
capítulo XI das profecias de Ezequiel, lemos: “O espírito arrebatou-me, e
conduziu-me à porta oriental da casa do Senhor, que olha para o nascente.”
“A
porta oriental é a augusta Virgem Maria”, comenta o Pe. Jourdan. “Ela é a porta
que nos franqueia a entrada da casa de Deus. Quando o Filho de Deus entreabriu
o Céu para descer até nós, foi Maria que Lhe serviu de porta: «A porta do Rei
supremo», como canta a Santa Igreja. Santo Agostinho põe essas palavras nos
lábios de Maria: «Eu me tornei a porta do Céu, a porta para o Filho de Deus».
São Pedro Damião exclama, celebrando a natividade da Santíssima Virgem: «Hoje
nasceu a Rainha do mundo, a janela do Céu, a porta do Paraíso». [...]
“Maria
se apresenta melhor a nós sob o símbolo de porta ou de entrada do Céu, e a
Igreja se compraz em honrá-La com esse nome. [...]
“Maria
é a porta do Céu, porque todos os que nele entram, fazem-no seguindo a Jesus,
por meio de Maria. A Terra, que o pecado de Adão havia separado do Céu,
reconciliou-se com este pela intercessão de Maria, que nos deu Jesus. E assim
como a Santa Virgem, por sua pureza e sua humildade, fez descer Jesus Cristo do
Céu sobre a Terra, assim também, por seus exemplos e suas virtudes, foi Ela a
primeira a para os homens a via que conduz ao Céu. Por isso Jesus Cristo A
colocou ou à testa de todo o gênero humano, e quis que ninguém pudesse ser salvo,
nem subir ao Céu, senão pelo consentimento e sob a proteção e a direção de
Maria” 1
Compreende-se,
pois, que essa gloriosa prerrogativa de Nossa Senhora tenha feito exclamar a
São Tomás de Villanueva:
“Ó
porta feliz, pela qual entrou Deus no mundo e entra o homem no céu! Porta do
Céu e porta do mundo. Por esta porta entra Deus na Terra, pela mesma entra o
justo no Céu: a Mãe de Deus para todos foi feita porta. Verdadeiramente esta é
a casa de Deus e a porta do ceu” 2
1)
JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Waizer, 1900. Vol.
I. p. 686; Vol. III. p. 266-267 e 269.
2)
VILLANUEVA, Tomas de. Obras. Madrid: BAC, 1952. p. 289-290.