Os mais
antigos Padres da Igreja manifestam sua crença de que foi concedida à Virgem
Maria imunidade absoluta de qualquer pecado, mesmo o original. Santo Efrém
(séc. IV), insigne devoto de Maria, A exalta como tendo sido “sempre, de corpo
e de espírito, íntegra e imaculada”. Para Santo Hipólito (séc. III), Ela é um
“tabernáculo isento de toda corrupção”. Orígenes A proclama “imaculada entre
imaculadas, nunca afetada pela peçonha da serpente”. Por Santo Ambrósio (séc.
IV), é Ela declarada “vaso celeste, incorrupta, virgem imune, por graça, de
toda mancha de pecado”. Santo Agostinho (séc. IV e V), disputando contra
Pelágio, afirma que todos os justos conheceram o pecado, “menos a Santa Virgem
Maria, a qual, pela honra do Senhor, não quero que entre nunca em questão
quando se trate de pecados”.
Cedo começou a
Igreja a comemorar em suas funções litúrgicas a imaculada conceição de Maria.
Em sua obra De Immaculato Deiparae Conceptu, Passaglia crê que em princípios do
século V já se celebrava a festa da Conceição de Maria (com o nome de Conceição
de Sant’Ana) no Patriarcado de Jerusalém.
Tampouco
faltam autorizadíssimos testemunhos dos padres da Igreja, reunidos em Concílio,
para provar que já no século VII era comum e recebida por tradição a piedosa
crença, isto é, a devoção dos fiéis ao grande privilégio de Maria (Concílio de
Latrão, em 649, e Concílio Constantinopolitano III, em 680).
A definição do dogma
No pontificado
de Gregório XVI, e nos primeiros anos de Pio IX, elevaram-se à Sé Apostólica
mais de 220 petições de cardeais, arcebispos e bispos (sem contar as dos
cabidos e ordens religiosas) para que se fizesse a definição dogmática.
Pio IX
escreveu aos bispos de todo o mundo, interrogando cada qual acerca da devoção
de seu clero e de seu povo ao mistério da Imaculada Conceição. A quase
totalidade se manifestou favorável. Estava confirmada a crença universal da
Igreja.
Enfim, a 8 de
dezembro de 1854, em solene cerimônia na Basílica de São Pedro, o Papa Pio IX,
com voz profundamente emocionada, em meio às lágrimas de alegria, pronunciou as
solenes palavras que declaram ser artigo de Fé a Imaculada Conceição de Maria:
“Por isto
(...) declaramos, pronunciamos e definimos:
“A doutrina de
que a Beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua Conceição, por
singular graça e privilégio de Deus Onipotente, em vista dos méritos de Jesus
Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de
pecado original, essa doutrina foi revelada por Deus, e por isto deve ser crida
firme e inviolavelmente por todos os fiéis” (Bula Ineffabilis Deus).
A confirmação de Nossa Senhora
Quatro anos
depois, a própria Mãe de Deus confirmou de forma prodigiosa o dogma proclamado
por Pio IX: “Eu sou a Imaculada Conceição” — respondeu Ela, sorrindo, a Santa
Bernadete Soubirous, que lhe perguntou o nome em 1858.
Já em 1830 —
portanto, 24 anos antes da definição do dogma — indicando a Santa Catarina
Labouré como deveria ser cunhada a Medalha Milagrosa, Nossa Senhora apresentava
a inscrição: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a
Vós”.