Ó Jesus desolado e ao mesmo tempo refúgio das almas
desoladas, Vosso amor ensina-me que é de Vossos abandonos que devo haurir toda
a força de que necessito para suportar os meus. Estou persuadida de que o
abandono mais temível em que eu possa cair seria não participar do Vosso. Mas,
como Vós me destes a vida com a Vossa morte, e me livrastes, por Vossos
sofrimentos, daqueles que me eram devidos, também merecestes, pelo Vosso
desamparo, que o Pai celeste não me desamparasse, e que nunca estivesse mais
próximo de mim, por Sua misericórdia, do que quando estou mais unida (a Vós)
pela desolação.
Ó Jesus, luz da minha alma, iluminai os meus olhos
interiores no tempo da tribulação; e já que me é útil sofrer, não leveis em
conta meus temores nem minha fraqueza. Eu Vos conjuro, ó meu Deus, por Vossos
desamparos, não que não me aflijais, mas que não me abandoneis na aflição, que
me ensineis a procurar-Vos nela como o meu único consolador, que sustenteis
nela a minha Fé, que nela fortifiqueis minha esperança, que purifiqueis nela o
meu amor; concedei-me a graça de reconhecer nela a Vossa mão, e de não desejar
nela outro consolador a não ser Vós.
Humilhai-me então quanto Vos aprouver, e
consolai-me somente a fim de que eu possa sofrer e perseverar até a morte no
sofrimento. Já que as graças que Vos peço são fruto de Vossos desamparos, fazei
que sua virtude se manifeste na minha fraqueza, e glorificai-Vos na minha
miséria, ó meu Jesus, único refúgio da minha alma.
Ó Mãe Santíssima do meu
Jesus, que vistes e sentistes a extrema desolação do Vosso querido Filho,
assisti-me no tempo da minha.
E vós, santos do Paraíso, que passastes por esta
provação, tende compaixão daqueles que sofrem, e obtende-me a graça de ser fiel
até a morte.
(Extraída do livro Bernadette
Soubirous, do Pe. André Ravier. São Paulo: Loyola, 1985, p. 81-82)