segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O Rosário

Unindo esplendidamente a oração mental e a vocal, o Santo Rosário tem sido a obra-prima da espiritualidade católica. Através dele alcançamos as mais especiais graças e auxílios sobrenaturais!
 Para bem compreender o valor da devoção  ao  Santo  Rosário,  analisemo-lo  com  maior profundidade. 
Após ser entregue diretamente por Nossa Senhora a São Domingos de Gusmão, a devoção ao Rosário se estendeu rapidamente por toda Igreja, ultrapassando  os  limites  da Ordem Dominicana e tornando-se o distintivo de muitas outras ordens que passaram a portá-lo pendente à cintura.
Tempo houve em que todo católico o trazia habitualmente consigo, não apenas como objeto de  contar  Ave-Marias,  mas  como  instrumento que atraía as bênçãos de Deus. O Rosário era considerado uma corrente que liga o fiel a Nossa Senhora,  uma arma que afugenta o demônio.
Esplêndida conjunção da oração vocal com a mental
O que vem a ser o Rosário?
Em síntese, o Rosário é uma composição  de  meditações  da  vida  de  Nosso Senhor e de sua Mãe, somada  a orações vocais. Tal conjunção — da  oração vocal com a mental — é verdadeiramente  esplêndida,  pois,  enquanto se profere com os lábios uma súplica, o espírito se concentra num  ponto. Assim o homem faz na ordem  sobrenatural tudo quanto pode. Porque através de suas intenções, se une  àquilo que seus lábios pronunciam, e  por sua mente se entrega àquilo que  seu espírito medita.
Por  esta  forma  de  oração  o  homem  une-se  intimamente  a  Deus,  sobretudo porque esta ligação se dá  através de Maria, Medianeira de todas as graças. 
Alguém poderia perguntar: “Qual o sentido de rezar vocalmente a Nossa Senhora enquanto se medita em outra coisa? Não podia ser algo mais simples? Não seria mais fácil meditar antes,  e  depois  rezar  dez  Ave-marias?”
A resposta é muito simples. Cada mistério contém, nos seus pormenores, elevações sem fim, as quais nosso pobre  espírito  está  procurando  sondar... Ora, para fazê-lo com toda a perfeição, precisamos ser auxiliados pela graça de Deus, e tal graça nos é dada pelo auxílio de Nossa  Senhora. Ou seja, pronuncia-se  a Ave-Maria para pedir que a  Virgem Santíssima nos obtenha as graças para bem meditar. 
Obra-prima da espiritualidade católica
No Rosário encontramos pequenos, mas preciosos tesouros teológicos que o tornam uma obra-prima da espiritualidade e da Doutrina Católica. Esta devoção contém enorme força e substância; ela não é apenas feita de emoções; pelo contrário, é séria, cheia de  pensamento, com razões firmes. Ela constitui a vida espiritual do varão católico como um sólido e esplendoroso edifício de conclusões e certezas.
Além disso, a meditação de cada mistério da vida de Nosso Senhor  proporciona  ao  fiel  receber  graças  próprias  ao  fato  que  está  contemplando.
Ao analisarmos as incontáveis graças que Maria Santíssima vem distribuindo por meio da recitação do Santo Rosário, vemos nele algo que o torna superior a outros atos de piedade mariana. Ora, qual é a razão disto?
Antes de mais nada, vale salientar  que  Nossa  Senhora,  sendo  excelsa  Rainha, tem o direito de estabelecer  suas preferências! E Ela quis elevar  esta devoção além das outras, distribuindo  graças  especialíssimas  através da recitação do Santo Rosário.
Batalha de Lepanto
Entre as diversas graças insignes  alcançadas pela recitação do Rosário  está a vitória obtida pela Cristandade na Batalha de Lepanto.
São  Pio  V,  então  Pontífice,  encontrava-se aflito diante da ameaça otomana que cercava a Europa cristã. Ordenou, então, que toda a Cristandade rezasse o Rosário a fim de  suplicar a intervenção de Nossa Senhora.
Antes da terrível batalha ocorrida no Golfo de Lepanto, a sete de outubro de 1571, entre as hostes cristãs e muçulmanas, os soldados católicos rezavam o Rosário com grande devoção.
Segundo testemunharam os próprios adversários, a Santíssima Virgem apareceu-lhes durante a batalha, infundindo-lhes grande pavor.
Para comemorar a grande vitória obtida neste dia, o Santo Padre instituiu a festa de Nossa Senhora do Rosário, a qual, no século XVIII, foi estendida a toda a Igreja Católica por determinação do Papa Clemente XI.
Uma vez que por meio do Santo Rosário a Cristandade tem obtido  tão  grandes  vitórias,  não  temos  razão  suficiente  para  esperar,  por  meio da recitação desta oração, a vitória em todas as lutas travadas ao  longo de nossa existência?
Resolução de rezar sempre o rosário
Um fato ocorrido na vida de Santo  Afonso  Maria  de  Ligório  mostra-nos que, sobretudo, numa grande luta o Rosário é penhor de vitória. O santo era conduzido em cadeira de rodas, por um irmão de hábito,  através dos corredores do convento,  quando perguntou se já haviam rezado todo o Rosário. O companheiro  lhe respondeu:
— Não me lembro.
— Rezemos, então. Disse o santo. 
  Mas  o  senhor  está  cansado!  Que mal há um só dia deixar de rezar o Rosário? 
— Temo por minha salvação eterna se o deixasse de rezar por um só  dia.
É  justamente  isso  que  devemos  pensar e sentir: o Rosário é a grande  garantia de nossa perseverança final. 
Devemos pedir à Santíssima Virgem a graça de rezar o Rosário todos  os dias de nossa vida. 
Gostaria ainda de dar uma recomendação:  nunca  deixarem  o  Rosário, de modo que, mesmo dormindo,  procurem  ter  o  Rosário  à  mão,  de  maneira  tal  que  o  sintam  consigo. E, se tiverem receio de que  ele caia — devemos tratá-lo com toda a reverência —, pendurem-no ao  pescoço, ou o coloquem no bolso.
Plinio Correa de Oliveira (Extraído de conferências de 7/10/1964 e 10/3/1984)