quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

A mais perfeita das criaturas


Certa vez um Anjo resolveu percorrer a terra em busca da mais bela das criaturas. Contemplava, maravilhado, a obra dos seis dias e encantava-se com os reflexos das perfeições divinas nela contidos. Enternecia-se com a singeleza das plantas e a ordenação dos pequenos animais, enlevava-se com a vastidão dos mais diversos panoramas, impressionava-se com a majestosa e implacável força da natureza. Tudo o que via com os olhos do espírito enchia-o de sentimentos de adoração a Deus. Todavia, não encontrara uma criatura que sintetizasse os incontáveis esplendores que o haviam fascinado. Então pensou: “Se me fosse dado criar um ser perfeito, que características ele deveria ter?” Voltou-se para o oceano e admirou sua grandeza: imponente e forte, mas envolvente; ora feito de calma, rico em cores e variações, ora violento, furioso e indomável. O Anjo ponderou que uma criatura, para ser perfeita, precisaria harmonizar em si todas as qualidades do mar. Nesse momento, porém, os ventos atraíram-lhe a atenção. Às suaves brisas que acariciavam com delicadeza a vegetação sucediam-se ventanias impetuosas, tufões e tempestades, símbolos da cólera divina. “Como seria bom reunir também estes atributos”, pensou. Mal cessara o vento, entreteve-se com as árvores, cujo vigor e fertilidade mostram a prodigalidade de Deus. O Anjo não cabia em si de assombro quando avistou ainda as águas puras e cristalinas dos lagos, e observou o fulgor e o calor do fogo, instrumento divino para a purificação da terra. Considerando assim a obra do Altíssimo, concluiu que a criatura perfeita seria aquela que refletisse, ao mesmo tempo, todas as excelências divinas disseminadas entre os diferentes seres.
Então, elevando os olhos, pôde ver a pulcritude inefável da Virgem Santíssima. E compreendeu que Deus reunira n’Ela o brilho de todos os seus predicados, pois em seu seio virginal a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade tomaria nossa carne. Em razão da proximidade da mãe com seu filho, Nossa Senhora, chamada a ser a Mãe de Deus, deveria ser inundada por Ele de insondáveis perfeições na ordem da natureza e da graça.
Mons. João Clá Dias – Trecho extraído do livro São José: Quem o conhece?

sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Glórias de Maria


São Luís Grignion de Montfort diz bem que Deus fez para os homens o Paraíso terreno, para os Anjos, o Paraíso celeste – onde também nós devemos chegar –, mas para Si fez um Paraíso que é Nossa Senhora.
Imaginem o que significa contemplar, por toda a eternidade, o Paraíso de Deus, onde Ele pôs as suas complacências, o Divino Espírito Santo gerou Nosso Senhor Jesus Cristo, que nele esteve presente como num sacrário durante nove meses! De Maria Santíssima Ele nasceu preservando a sua virgindade; Ela amamentou-O, nutriu-O, carregou-O nos braços e depois O acompanhou toda a vida até o alto do Calvário e o degredo d’Ela na Terra, enquanto não chegou o momento de sua morte, para consolidar a Santa Igreja então existente. Compreende-se o que tudo isso foi e quantas glórias devem coincidir em Maria Santíssima!
O que corresponde como prêmio a Nossa Senhora por um só cuidado que Ela tenha tido com o Menino Jesus? Um só sorriso, um só desvelo! [...]
Isso se nós tomarmos os gestos d’Ela mais miúdos, quotidianos; quanto mais as grandes atitudes, nas grandes ocasiões da História. Por exemplo, ao pé da Cruz, o mérito d’Ela no momento em que Ele disse “consummatum est”, e Ela aceitou ao mesmo tempo a morte d’Ele e a ofereceu a Nosso Senhor como Corredentora do gênero humano. Nós não temos ideia da glória com que isso é premiado no Céu!
Plinio Corrêa de Oliveira

terça-feira, 20 de novembro de 2018

Nossa Senhora é a Onipotência Suplicante


[...] É absolutamente de primeira importância nós termos a devoção a Nossa Senhora. Porque se Deus é tão perfeito, é tão supremo, nós somos tão zero, que se não houvesse uma ligação entre Deus e nós, que é Nossa Senhora, Deus só, não nos ouviria. A Justiça dEle, a Pureza dEle, a Santidade dEle, postas em contato com os nossos defeitos, teria horror aos nossos defeitos e nos mandaria para o inferno.
Mas, mas, mas, Ele mesmo, na sua bondade, criou os vínculos que O iam atar a nós. Ele se encarnou na Virgem Maria e com isso ele ficou homem. E como Nossa Senhora é Mãe espiritual de todos os homens -- por ser Mãe dEle, é Mãe espiritual de todos os homens -- acaba acontecendo que Ela sendo Mãe de todos, Ela pedindo a Ele por nós, é como uma mãe que pede para um irmão, em benefício do outro irmão. O irmão não pode resistir. E por causa disso, Nossa Senhora é também chamada pelos teólogos: "Onipotência suplicante".
Ela suplica, Ela pede, mas como a oração dEla é sempre atendida, pelo cúmulo inaudito de perfeições de santidade que Ela tem, Ela ao mesmo tempo que é suplicante, é onipotente. Porque o que Ela pede, Deus dá. E se nós pedirmos Ela atende, logo, nós que não mereceríamos de Deus nada, por causa dEla merecemos.
[...] Quer dizer, Nossa Senhora é tudo quanto Ela é, por ser Mãe de Deus. Deus deu a Ela tudo o que o melhor dos filhos pode dar à melhor das mães.
E é tal o valor da súplica de Nossa Senhora, que os teólogos dizem o seguinte: "Todas as orações de todas as criaturas passam por Nossa Senhora ou não chegam a Deus. De maneira que -- eles dizem -- se todo o Céu, todos os anjos, todos os santos que há no Céu, pedissem algo a Deus sem ser por meio de Nossa Senhora, Deus não atenderia. Mas se Nossa Senhora, sozinha pedir, sem nenhum anjo, nem nenhum santo, Ela é atendida."
Essa é a Mãe de uma doçura sem nome. De uma compaixão que não tem limites. Uma mãe que tem tanta pena do filho, que ela na hora do filho ruim ser julgado, ela obtém a salvação dele.
Plinio Corrêa de Oliveira - extraído de conferência 21/09/1991
(sem revisão do autor)