quarta-feira, 20 de abril de 2016

Mãe admirável

O que é admiração? Mirare ad: olhar para. É olhar para algo com entusiasmo, compreendendo sua grandeza e, por causa disso, amá-lo.
A admiração é a porta de toda a grandeza e é impossível eu admirar algo sem que a grandeza daquilo que admirei, de algum modo, penetre em mim. Por isso, a grandeza é dada aos que admiram e se dedicam ao objeto de sua admiração. Aqueles que são grandes, esses devem ser dedicados.
Neste sentido poder-se-ia interpretar o versículo do Magnificat que diz “Depôs os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes” (Lc 1, 52) como um convite feito aos poderosos para descerem de sua sede e servirem os pequenos; e a estes a se elevarem pela admiração e se encherem da grandeza dos Anjos. Temos, assim, a admirável harmonia do universo, onde grandes e pequenos coexistem uns para os outros, segundo a Doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Não há maravilha mais autêntica do que a alma verdadeiramente maravilhável. Essa tem o amor de Deus, pois a perfeita Caridade consiste em maravilhar-se humilde e desinteressadamente com as coisas divinas. Não só com as invisíveis conhecidas pela Fé, mas também com as visíveis que Deus colocou ao nosso alcance.
Eis a virtude, tão fundamental para a alma contrarrevolucionária e para o espírito católico, que devemos procurar e pedir a Nossa Senhora que, como ninguém, foi a mais maravilhável das almas.
Se Deus concedeu a Maria Santíssima o Menino Jesus para encerrar-Se no seu claustro virginal, passar sua infância ao lado d’Ela, viver trinta anos maravilhando-A, é porque Ela possuía uma potência de maravilhar-Se que estava na proporção dessa maravilha. Compreende-se, assim, qual era a capacidade de maravilhar-Se de Nossa Senhora.
Resultado: tornou-Se maravilhosa. Por isso todas as gerações a chamarão Bem-aventurada (Cf. Lc 1, 48). Pelo desinteresse com que Maria amou, pela humildade com que Ela admirou, tornou-Se admirável.

Plinio Correa de Oliveira