O que é admiração? Mirare
ad: olhar para. É olhar para algo com entusiasmo, compreendendo sua grandeza e,
por causa disso, amá-lo.
A admiração é a porta de
toda a grandeza e é impossível eu admirar algo sem que a grandeza daquilo que
admirei, de algum modo, penetre em mim. Por isso, a grandeza é dada aos que
admiram e se dedicam ao objeto de sua admiração. Aqueles que são grandes, esses
devem ser dedicados.
Neste sentido
poder-se-ia interpretar o versículo do Magnificat que diz “Depôs os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes” (Lc 1, 52)
como um convite feito aos poderosos para descerem de sua sede e servirem os
pequenos; e a estes a se elevarem pela admiração e se encherem da grandeza dos
Anjos. Temos, assim, a admirável harmonia do universo, onde grandes e pequenos
coexistem uns para os outros, segundo a Doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Não há maravilha mais
autêntica do que a alma verdadeiramente maravilhável. Essa tem o amor de Deus,
pois a perfeita Caridade consiste em maravilhar-se humilde e desinteressadamente
com as coisas divinas. Não só com as invisíveis conhecidas pela Fé, mas também
com as visíveis que Deus colocou ao nosso alcance.
Eis a virtude, tão
fundamental para a alma contrarrevolucionária e para o espírito católico, que devemos
procurar e pedir a Nossa Senhora que, como ninguém, foi a mais maravilhável das
almas.
Se Deus concedeu a Maria
Santíssima o Menino Jesus para encerrar-Se no seu claustro virginal, passar sua
infância ao lado d’Ela, viver trinta anos maravilhando-A, é porque Ela possuía
uma potência de maravilhar-Se que estava na proporção dessa maravilha.
Compreende-se, assim, qual era a capacidade de maravilhar-Se de Nossa Senhora.
Resultado: tornou-Se
maravilhosa. Por isso todas as gerações a chamarão Bem-aventurada (Cf. Lc 1,
48). Pelo desinteresse com que Maria amou, pela humildade com que Ela admirou,
tornou-Se admirável.
Plinio Correa de Oliveira