terça-feira, 13 de novembro de 2012

Plenitude de graça correspondente à sublime dignidade de Mãe de Deus

“Escreve Dionísio Cartusiano: Por causa de sua predestinação para Mãe do Divino Verbo, foi Maria elevada a uma ordem superior à de todas as criaturas. Pois, segundo Suárez, de certo modo a dignidade de Mãe de Deus pertence à ordem de união hipostática, isto é, à união do Verbo Divino com a natureza humana. Com razão por isso, desde o princípio de sua vida, foram-Lhe conferidos dons de ordem superior, os quais excedem incomparavelmente a quantos foram concedidos às demais criaturas. [...]
“A Santíssima Virgem, diz São Tomás de Aquino, foi escolhida para ser Mãe de Deus e para tanto o altíssimo capacitou-A certamente com sua graça. Antes de ser Mãe, foi Maria, por conseguinte, adornada de uma santidade tão perfeita, que A pôs à altura dessa grande dignidade.
“Já em outra passagem da Suma Teológica, havia dito o Doutor Angélico que Maria é chamada «cheia de graça», porém não tanto por causa da graça propriamente, pois não a possuía na suma excelência possível. Também em Jesus Cristo, diz o Santo, a graça habitual não foi suma, isto é, de tal forma que o poder divino não a tivesse podido fazer maior em absoluto. Foi, entretanto, suficiente e correspondente ao fim para o qual a Divina Sabedoria A predestinara, digo para a união da santa Humanidade com a Pessoa do Verbo. Disso a razão no-la dá o mesmo Doutor: «Tão grande é o poder divino, que, por mais que conceda, sempre lhe resta a dar Por si só, é a criatura muito limitada em sua natural receptividade, e ao mesmo tempo capaz de ser inteiramente cumulada. Entretanto, é sem limites a sua faculdade de obediência à divina vontade, podendo Deus aumentar-lhe a receptividade e cumulá-la de graças».
“Mas, voltemos ao nosso assunto. Afirma São Tomás que Maria, não fosse embora cheia de graça em relação propriamente à graça, é entretanto chamada cheia de graça em relação a si mesma. Pois a recebeu imensa, suficiente e correspondente à sua sublime dignidade. Por ela então se tornou capaz de ser Mãe de um Deus. Escreve por isso Benedito Fernández: Na dignidade de Mãe de Deus está a medi da para se avaliar a graça comunicada a Maria”34.
34) LIGUORI, Afonso Maria de. Glórias de Maria Santíssima. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 1964. p. 208-2 11.