segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Minha Mãe, dai-me forças

 “Maria Santíssima, Rainha dos Céus e da terra, vós tendes à vossa disposição todos os anjos. Se vós quisésseis, vós teríeis mandado um anjo descer do Céu para aplainar aquele caminho até a casa de santa Isabel. Mais: vós teríeis mandado um anjo do Céu conduzir o burro no ar. Entretanto, vós quisestes passar por essas dificuldades todas para exemplo meu. Eu, na minha vida, encontro dificuldades e problemas, e vós quereis que eu passe por estes problemas como vós passastes por eles. Minha Mãe, dai-me forças de ser como vós”.

Mons João Clá Dias – 21/10/1999

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Comunhão: por meio de Maria

Imaginem o que deve ter sido o respeito e a adoração de uma mãe que carrega no seu claustro materno não um filho comum, mas o Criador de todo o universo.
Quantas vezes comunguei em minha vida... Eu, que tantas e tantas vezes recebi o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo em mim – que, portanto, fiz o papel de Nossa Senhora durante o período em que hóstia sagrada esteve em mim –, eu, que orações fiz a Nosso Senhor Jesus Cristo?
Não é verdade que eu devo reconhecer que estive muito aquém de tudo aquilo que seria necessário?
Não é verdade que eu deveria reconhecer que me falta tanto para ser verdadeiramente devoto do Santíssimo Sacramento e de estar à altura de receber Nosso Senhor Jesus Cristo?
Chego, então, a uma conclusão: que não há melhor meio, não há outra saída, senão a de eu pedir a Nossa Senhora que receba Nosso Senhor Jesus Cristo por mim, porque eu não sou digno.
Quando eu digo como o centurião romano: “Senhor, eu não sou digno que entreis em minha casa”, é porque eu não sou digno mesmo.
Mas Ele vem, Ele vai entrar, Ele vai se dar a mim, Ele vai viver aqui dentro.
Nesse caso, é preciso que eu diga:
“Minha Mãe, Vós O conduzistes com alegria para Ele, e com benefício enorme para vós. Dai de novo esta alegria a Nosso Senhor Jesus Cristo, estando em mim para recebê-Lo. Que Ele penetre em vós, mas que vós estejais em mim.
“E permiti, Senhora, que eu vos peça que as graças que Ele vos daria estando em vós, e que Ele vos dá estando em vós, que estas graças vós as dispenseis para este miserável servo vosso. Dai-me as graças que vós recebereis estando em mim e acolhendo ao vosso Divino Filho como O acolhestes na Encarnação”.
Eu vos peço, Senhora: que jamais eu receba uma só comunhão em toda a minha vida que não seja em união convosco e que vós estejais sempre em mim para recebê-Lo.

“Minha Mãe, que tudo seja para reparar o vosso Sapiencial e Imaculado Coração.”
Mons João Clá Dias - Meditação 2/10/1999

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Maria Santíssima é a Onipotência Suplicante


O poder de Nossa Senhora é tão grande que se exerce até sobre o próprio Deus! Por isso, os teólogos a glorificam com o título de Onipotência Suplicante. Parece haver, à primeira vista, uma contradição nos termos, pois quem suplica, nada pode. Ela porém, é de fato, a onipotência suplicante porque sua súplica pode tudo sobre Aquele que é onipotente. Desta maneira, Ela pode, praticamente, absolutamente tudo.
Essa doutrina da onipotência suplicante de Nossa Senhora não nos deve ficar como tiradas piedosas e ocas. É preciso que fique compreensível, razoável, como tudo que brota da razão com base na Fé. Devemos encontrar nesta ideia da onipotência de Nossa Senhora um substancioso alimento. Estas afirmações não devem ficar no vácuo: é preciso sabermos aplicá-las concretamente em nossa vida espiritual nas dificuldades, nos problemas, nas lutas; é preciso lembrarmo-nos de que Nossa Senhora é a onipotência suplicante e termos n'Ela uma confiança ilimitada.

Imaginemos, por exemplo, que Deus apareça à nossa mãe terrena e lhe dê a possibilidade de nos fazer todo o bem que quiser; ficaríamos, evidentemente, radiantes, pois tudo conseguiríamos facilmente. Ora, Nossa Senhora nos ama imensamente mais do que todas as mães terrenas reunidas amariam seu filho único; por isso, deveríamos ficar muito mais contentes em saber que Ela no Céu olha para nós, do que com a ideia de uma proteção eficacíssima de nossa mãe terrena.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Papel especial de Maria nos últimos tempos

Por meio de Maria começou a salvação do mundo e é por meio de Maria que deve ser consumada. Na primeira vinda de Jesus Cristo, Maria quase não apareceu, para que os homens, ainda insuficientemente instruídos e esclarecidos sobre a pessoa de seu Filho, não se lhe apegassem demais e grosseiramente, afastando-se, assim, da verdade.
Até o século III houve muitas correntes de católicos que consideravam Nossa Senhora como a quarta Pessoa da Santíssima Trindade. Por isso, Ela se retraiu.
E isto teria aparentemente acontecido devido aos encantos admiráveis com que o próprio Deus lhe havia ornado a aparência exterior. São Dionísio, o Areopagita, o confirma numa página que nos deixou e em que diz que, quando a viu, tê-la-ia tomado por uma divindade, tal o encanto que emanava de sua pessoa de beleza incomparável, se a fé, em que estava bem confirmado, não lhe ensinasse o contrário.
Mas, na segunda vinda de Jesus Cristo, Maria deverá ser conhecida e revelada pelo Espírito Santo, a fim de que por ela seja Jesus Cristo, conhecido amado e servido, pois já não subsistem as razões que levaram o Espírito Santo a ocultar sua esposa durante a vida e a revelá-la só pouco depois da pregação do Evangelho.
Deus quer, portanto, nesses últimos tempos, revelar-nos e manifestar Maria, a obra-prima de suas mãos:
1º Porque ela se ocultou neste mundo, e, por sua humildade profunda, se colocou abaixo do pó, obtendo de Deus, dos apóstolos e evangelistas não ser quase mencionada.
2º Porque, sendo a obra-prima das mãos de Deus, tanto aqui em baixo, pela graça, como no céu, pela glória, ele quer que, por ela, os viventes o louvem e glorifiquem sobre a terra.
3º Visto ser ela a aurora que precede e anuncia o Sol da justiça, Jesus Cristo, deve ser conhecida e notada para que Jesus Cristo o seja.
4º Pois que é a via pela qual Jesus Cristo nos veio a primeira vez, ela o será ainda na segunda vinda, embora de modo diferente.
5º Pois que é o meio seguro e o caminho reto e imaculado para se ir a Jesus Cristo e encontrá-lo plenamente. É por ela que as almas, chamadas a brilhar em santidade, devem encontrá-lo. Quem encontrar Maria encontrará a vida, isto é, Jesus Cristo, que é o caminho, a verdade e a vida. Mas não pode encontrar Maria quem não a procura; não pode buscá-la quem não a conhece, e ninguém procura nem deseja o que não conhece. É preciso, portanto, que maria seja, mais do que nunca, conhecida, para maior conhecimento e maior glória da Santíssima Trindade.
6ª Nesses últimos tempos, Maria deve brilhar, como jamais brilhou, em misericórdia, em força e graça. Em misericórdia para reconduzir e receber amorosamente os pobres pecadores e desviados que se converterão e voltarão ao seio da Igreja católica, em força contra os inimigos de Deus, os idólatras, cismáticos, maometanos, judeus e ímpios empedernidos, que se revoltarão terrivelmente para seduzir e fazer cair, com promessas e ameaças, todos os que lhes forem contrários. Deve, enfim, resplandecer em graça, para animar e sustentar os valentes soldados e fiéis de Jesus Cristo que pugnarão por seus interesses.
7º Maria deve ser, enfim, terrível para o demônio e seus sequazes como um exército em linha de batalha, principalmente nesses últimos tempos, pois o demônio, sabendo bem que pouco tempo lhe resta para perder as almas, redobra cada dia seus esforços e ataques. Suscitará, em breve, perseguições cruéis e terríveis emboscadas aos servidores fiéis e aos verdadeiros filhos de Maria, que mais trabalho lhe dão para vencer.

É principalmente a estas últimas e cruéis perseguições do demônio que se multiplicarão todos os dias até o reino do Anticristo, que se refere aquela primeira e célebre predição e maldição que Deus lançou contra a serpente no paraíso terrestre. 
São Luís Maria Grignion de Monfort

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Maria Santíssima, modelo de caridade

Segundo a caridade que nós usarmos para com o próximo, Deus e Maria a usarão para conosco, conforme diz Jesus Cristo, que nos medirá com a mesma medida com que tivermos medido aos outros [1]Numa palavra, conclui o Apóstolo, a caridade para com o próximo é útil para tudo, e nos faz felizes nesta vida e na outra, porque tem a promessa da vida presente e da futura [2]; e quem socorre os necessitados faz com que o próprio Deus lhe fique sendo devedor [3].
      Ó Mãe de misericórdia, Vós sois cheia de caridade para com todos; não Vos esqueçais de minhas misérias. Vós as conheceis. Recomendai-me a Deus, que nada Vos nega. Alcançai-me a graça de poder imitar-Vos na santa caridade tanto para com Deus como para com o próximo. – E Vós, ó meu Jesus, tende piedade de mim; perdoai-me todos os desgostos que Vos dei, particularmente pela minha pouca caridade com o próximo. Perdoai-me, Senhor, e não me entregueis à mercê das minhas paixões, como mereceria. Se previrdes que para o futuro eu tenho de Vos ofender novamente, deixai-me antes morrer agora, que espero estar na vossa graça. Fazei-o pelos merecimentos da caridade de Maria Santíssima, vossa querida Mãe.



[1]  Luc. 6, 38
[2]  1 Tim. 4, 8.
[3]  Prov. 19, 17.

Pe. Thiago Maria Cristini, C. SS. R., “Meditações para todos os dias do ano tiradas das obras de Santo Afonso Maria de Ligório, Bispo e Doutor da Igreja”, Herder e Cia., tomo II, págs. 34 - 37, Friburgo em Brisgau, Alemanha, 1921.

sábado, 7 de janeiro de 2017

Sublime intimidade entre o Menino e a Mãe

Conclusão dos posts anteriores
Quadro de Nossa Senhora do Bom Conselho, no Colégio São Luís
No Colégio São Luís havia um quadro da Mãe do Bom Conselho colocado no retábulo do único altar da modesta capela, que era uma sala transformada em capela. Inúmeras vezes entrei lá. Por exemplo, para celebrar o mês de maio em honra de Nossa Senhora, diariamente todos os alunos entravam na capela cantando. Eu olhava para a imagem, naturalmente, e minha atenção era solicitada por duas coisas muito desiguais: uma era a Mãe de Deus e outra o Menino Jesus, mas tomados em tese, como a Doutrina Católica os considera, e como a mente de uma criança pode alcançar.
E pensava: “É a Mãe de Deus, Maria Santíssima, que me deu aquela graça no Coração de Jesus3 e está aqui sob outra invocação, outra roupagem. Mas é Ela! E vou rezar para Ela, porque já vi como é misericordiosa comigo. Sem a misericórdia d’Ela eu não me arranjo. Mas com a misericórdia d’Ela eu alcanço tudo. Portanto, é mais uma oportunidade de me unir bem a Ela, e rezar a Ela para alcançar esta união.” Eu sabia que o título, a invocação d’Ela era Mater Boni Consilii, portanto, Mãe do Bom Conselho. E tentei, algumas vezes, rezar para esta invocação, que eu notava ser excelente, mas não me dizia grande coisa. A piedade é assim: às vezes uma invocação excelente não nos fala muito à alma.
De maneira que isto ficou assim, até eu ler um livro sobre Nossa Senhora de Genazzano, pouco antes de sofrer aquela crise de diabetes4, e depois suceder tudo quanto sucedeu. Seria mais ou menos como um facho de luz que nasce pequenino, de uma lâmpada pequena, mas forte, e que depois se torna imenso. Assim seria essa primeira visualização minha de Nossa Senhora de Genazzano. 
Plinio Corrêa de Oliveira – Extraído de conferência de 26/4/1985
1) Jo 1, 14.
2) Cf. Pr 8, 31.
3) Ver Revista Dr. Plinio, n. 1, p. 4-7.

4) Ver Revista Dr. Plinio, n. 21, p. 20-21.

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Sublime intimidade entre o Menino e a Mãe

Continuação do post anterior
A Mãe que criei e da qual nasci
E Nossa Senhora falando com Ele... Assim como Ele se transfigurou para três Apóstolos no alto do Monte Tabor, quantas vezes Ele Se transfigurou para Ela? E em que atitudes? Dormindo, talvez... E no dormir, que poder, que majestade, que inocência, que delicadeza! Às vezes, de fugidio, de repente, é Deus que Ela vê! Quem pode calcular isto?
Nós sabemos, pelo Gênesis, que Deus, no sétimo dia, repousou e considerou todas as coisas que tinha feito. Mas nenhuma delas era bonita como Nossa Senhora. E Jesus, como Criador, confabulando com sua natureza humana, por assim dizer, pensando:
“Como é linda esta Mãe que Eu fiz e da qual nasci! Como a alma d’Ela é incomparável! Ali no quarto — estando entreaberta a porta — vejo que Ela está rezando. É noite, e uma candeia dá uma luz indecisa. Vejo o perfil d’Ela e noto que Ela reza para Mim. Mas não entro no quarto. E percebo que Ela está orando para o Padre Eterno, para o Divino Espírito Santo. Eu — como Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, diria Ele — conheço a oração d’Ela. Entretanto, é hora de chamá-La para tal coisa.” E grita: “Mamãe!”
Poder-se-iam multiplicar as situações, desenvolver isto ao infinito. Ele A vê, em certo momento, chorar. E Ele sabe, porque a Santíssima Trindade — Ele, portanto — está dando esclarecimentos a Ela sobre a Paixão, e depois sobre a morte d’Ele. E Ele nota a docilidade d’Ela, como Ela aceita, como Ela quer. Mas Ele vê desde já aquela espada que transpassa a alma d’Ela. E Ele Se deleita em considerar que, pelo amor que Ela tem aos homens, Ela quer que Ele morra. E no dia seguinte, quando Ela se levanta, Ele percebe um sulco de dor que dá uma majestade, uma gravidade, uma interioridade à fisionomia d’Ela, que é verdadeiramente indescritível.

Imaginemos Nossa Senhora tendo conhecimento profético dos milagres, dos ensinamentos, das parábolas d’Ele, vendo a figura d’Ele, num alto de um monte, que passa... A Paixão, a Cruz, a morte e a glória da Ressurreição. Quem poderia imaginar tudo isso adequadamente? Ninguém!
Continua