terça-feira, 2 de agosto de 2016

Luzeiro da Igreja

Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício de Nossa Senhora
Luzeiro menor no firmamento da Igreja
Com sábias e atraentes palavras, São Francisco de Sales nos recorda o papel de Nossa Senhora iluminando, qual lua bela, o firmamento da Igreja:
“No princípio pôs Deus dois luzeiros no céu: a um se chamou por excelência luzeiro maior, e ao outro, luzeiro menor. O maior para presidir e iluminar o dia; o menor para presidir e iluminar a noite. [...]
“E querendo este mesmo Deus, com sua alta providência, criar o mundo espiritual de sua Igreja, nesta pôs, como num firmamento divino, dois grandes astros: um maior e outro menor, O maior é Jesus Cristo, nosso Salvador e Mestre, abismo de luz, fonte de esplendor, sol divino de justiça; o menor, a Virgem Santíssima, Mãe deste soberano Filho, Mãe gloriosíssima, toda resplandecente e mais formosa que a lua.
“Este luzeiro maior, o Filho de Deus, baixando à Terra e tomando nossa humana natureza como sol sobre nosso hemisfério, fez a luz e o dia. Dia feliz, que durou trinta e três anos, durante os quais iluminou a terra da Igreja com os raios de seus milagres, exemplos, pregações e com sua santíssima palavra, principalmente nos três últimos anos.
Lua que brilhou na noite das perseguições
“Quando chegou a hora em que tão precioso Sol se devia ocultar para levar seus raios ao outro hemisfério da Igreja, que é o Céu, onde estão os exércitos angélicos, que se podia esperar senão as obscuridades de uma tenebrosa noite? Noite de tribulação que sucedeu ao dia, porque tantas aflições e perseguições como padeceram os Apóstolos, que foram senão tenebrosa noite?

“Porém, esta noite teve também seu luzeiro que a iluminou para que suas trevas fossem mais suportáveis, pela razão de ter ficado a Virgem Santíssima entre os fiéis discípulos; e disto não há dúvida alguma, porque São Lucas, no capítulo segundo dos Atos dos Apóstolos, refere que Nossa Senhora estava com OS discípulos no dia de Pentecostes, e com eles perseverava em oração. […] Era, [pois], necessário este luzeiro, para consolar os fiéis que viviam na noite das aflições” 1
1) SALES, Francisco de. Obras Selectas Madrid BAC, 1953. Vol. I. p. 472-473