domingo, 18 de agosto de 2013

Maria: O velo de Gedeão

Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada Conceição
 O velo de Gedeão
Relata-nos o Livro dos Juízes que os judeus imploraram socorro a Deus contra seus perseguidores, pois havia sete anos que se encontravam sob a escravidão dos madianitas.
Enviou então o Senhor um Anjo a Gedeão, “o mais valente dos homens”, a este confiando a missão de libertar Israel do jugo madianita.
Entretanto, não só por ser ele o último filho, da última família da tribo de Manassés, como também pelo fato de serem cento e quarenta mil os guerreiros adversários, Gedeão teve medo de não ser bem-sucedido na empresa que Deus lhe queria confiar. Sem a forte assistência do Céu, certamente sucumbiria. Donde ter proposto ele ao Senhor (Juiz. VI, 36-40): “Se tu salvas Israel por meio da minha mão, como disseste, eu porei na eira este velo de lã; se o orvalho cair só no velo,
e toda a terra ficar seca, reconhecerei nisso que salvarás Israel pela minha mão, como prometeste.
“E assim sucedeu. E, levantando-se ainda de noite, espremeu o velo, e encheu uma concha 28 de orvalho.
“E Gedeão disse de novo a Deus: Não se acenda contra mim o teu furor, se eu ainda fizer outra prova, pedindo um sinal no velo. Peço que só o velo esteja seco, e toda a terra molhada de orvalho. E naquela noite o Senhor fez como (Gedeão) Lhe tinha pedido; e só o velo ficou enxuto, e orvalho por toda a terra.”
Símbolo da Imaculada Conceição e da plenitude de graça de Maria Santíssima
Admirável símbolo de Maria Santíssima foi o velo de Gedeão, miraculosa prova da soberana e irreversível promessa de assistência, da parte de Deus. Assim como o fizera em relação a este manto de lã, “também em favor da Santa Ovelha que devia dar à luz o Cordeiro de Deus, dignou-se o Senhor operar milagres de exceção.
“Somente Ela foi plenamente santificada desde o primeiro instante de sua concepção. Enquanto as almas são, no começo de sua existência, totalmente privadas da graça santificante, áridas para o bem, desprovidas de toda flor, de todo fruto, de toda virtude, Maria é inundada das graças de Deus, Ela é toda bela diante do Senhor, e possui a plenitude da santidade!
“Só Maria, em meio ao dilúvio de iniquidade que cobre a Terra e mancha os filhos de Adão, foi totalmente preservada do pecado, e nem mesmo a sombra da menor falta tocou sua alma! Somente Ela foi o sinal que anunciava a derrota de nossos inimigos, a libertação do universo! Somente Ela foi a Mãe da divina graça, que se estendeu sobre o mundo para purificá-lo e o santificar.
“Portanto, é também com um entusiasmo cheio de reconhecimento que a Igreja canta, dirigindo-se ao verdadeiro Gedeão, ao vencedor do demônio, a Nosso Senhor Jesus Cristo: «Quando nascestes inefavelmente da Virgem, cumpriram-se então as Escrituras: baixastes como a chuva sobre um velo para salvar o gênero humano. Nós Vos louvamos, ó nosso Deus!»” 29
Com acerto, pois, diz o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira: “No Ofício a Ela consagrado, Nossa Senhora é cognominada velo de Gedeão. Por que, desde o momento de sua Imaculada Conceição, só Ela continha o orvalho das bênçãos de Deus, enquanto toda a Terra ao seu redor permanecia seca, carecendo da graça divina”
Semelhante é este comentário do Fr. Tiago Monsabré, O. P.: “O velo de Gedeão, ora embebido do orvalho celeste num solo árido, ora intacto sob as torrentes de chuva que desabam ao redor dele, é Maria inundada pela graça de Deus, desde o primeiro instante da sua Imaculada Conceição, quando aquela falta a toda criatura humana; é Maria preservada do pecado, quando este penetra em toda alma vivente” 31