domingo, 7 de abril de 2013

Hora Tercia - Pequeno Ofício da Imaculada Conceição


Hora Tercia - Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada Conceição

Tercia

Hino

Sois a Arca da Aliança, o trono de Salomão,
Belo íris celeste, sarça ardente da visão,
Vós sois a Virgem florida, o velo de Gedeão,
Divino portal fechado, o favo do forte Sansão.
Convinha, pois, certamente, que a Mãe de tão nobre Filho
Não tivesse de Eva a mancha e resplandecesse com o brilho.
E tendo o Verbo escolhido por mãe a Virgem casta,
Não quis que fosse sujeita à culpa que o mundo arrasta. Amém.

Eu moro no mais alto dos Céus.
E o meu trono está sobre a coluna de nuvens.

Conforme observa São João Eudes, “todos os livros sagrados da Lei de Moisés estão cheios de figuras e símbolos das digníssimas Pessoas de Nosso Senhor Jesus Cristo e de sua sacratíssima Mãe. E todos os Santos Padres, em seus escritos, se comprazem em nos descobrir tais figuras, e em nos fazer ver seu esplendor e beleza” .

O terceiro Hino do Pequeno Ofício evoca alguns desses símbolos sugeridos pelo Espírito Santo, nas páginas do Antigo Testamento, para fazer conhecer e amar pelos homens a futura Mãe de Deus, antes mesmo que Ela aparecesse sobre a Terra.

Assim, entre outras, foram imagens de Nossa Senhora: a Arca da Aliança, que continha as tábuas da Lei; o magnifico trono de Salomão; o arco-íris traçado no céu, após o castigo do dilúvio; a vara de Aarão, que floresceu dentro da Arca do Testamento; o velo de Gedeão, ora seco, enquanto toda a terra ao seu redor estava molhada de orvalho; ora embebido de rocio, quando aquela permanecia árida; a sarça ardente, de dentro da qual Deus falou a Moisés; o favo de mel que Sansão encontrou no cadáver do leão morto por ele; e a porta oriental do templo, que Ezequiel discerniu, cerrada, em uma de suas proféticas visões.

A recordação desses símbolos da Santíssima Virgem, acompanhada de novos e expressivos louvores à sua Imaculada Conceição, compõe a bela Hora mariana que a seguir contemplaremos.

Sois a Arca da Aliança

Em meio à “glória do Senhor” que abrasava o alto do Monte Sinai, Moisés recebeu de Deus esta ordem (Ex. XXV, 10-16): “Fazei uma Arca de pau de setim, cujo comprimento tenha dois côvados e meio, a largura côvado e meio, e altura igualmente côvado e meio. Revesti-la-ás de ouro puríssimo por dentro e por fora; e farás sobre ela uma coroa de ouro em roda; e farás quatro argolas de ouro, que porás nos quatro cantos da Arca: duas argolas de um lado, e duas do outro. Farás também varais de pau de setim e os cobrirás de ouro, e os farás passar por dentro das argolas que estão aos lados da Arca, a fim de que sirvam para o transporte. Estarão sempre metidos nas argolas, e nunca se tirarão delas. E porás na Arca o Testemunho que Eu te hei de dar.”

Símbolo das múltiplas dignidades de Nossa Senhora

No seu precioso conjunto, essa Arca constituía eloquente imagem da futura Mãe do Verbo Encarnado. Tal relação foi assim estabelecida por São Boaventura, em um de seus admiráveis discursos mariológicos:

“Segundo a exposição dos Santos, a Arca, no sentido alegórico, refere-se a Cristo e à Igreja; [...j no místico, representa a Virgem gloriosa, Santa Maria, felicíssima Mãe de Deus e Senhora nossa. [...]

“Sob a figura da Arca do Testamento, insinua-se a múltipla dignidade da Virgem segundo os diversos aspectos que a Escritura nos ensina a considerar naquela mística Arca.

“Com efeito, a Escritura nos propõe a consideração desta Arca sob quatro aspectos, a saber: segundo o que ela é (construção), segundo o que há nela (conteúdo), segundo o que dela procede (eficácia), e segundo o que a ela se refere (honra).

Maria, Arca do Testamento, quanto à sua construção

“Aquela Arca, como diz a Sagrada Escritura, foi construída de matéria incorruptível, de proporções adequadas, de bela forma e de figura quadrangular, no que se indica a dignidade da gloriosa Virgem, fabricada segundo a arte do Filho de Deus e do Espírito Santo.

1) EUDES, Juan. La Infancia Admirable de la Santísima Madre de Dios. Bogotá: San Juan Eudes, 1957. p. 49.