terça-feira, 29 de janeiro de 2013

A apresentação do Menino Jesus no Templo

A Lei do Antigo Testamento estabelecia que, completados quarenta dias do nasci­ mento de um filho primogênito, este deveria ser levado ao Templo a fim de ser resgatado; também a mãe da criança deveria ser purificada na mesma ocasião.
Apesar de ser Mãe do Homem­ Deus e concebida sem o pecado original — portanto, isenta de tal obrigação —, Nossa Senhora, por respeito à Lei e à tradição, desejou apresentar a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade no Templo de Jerusalém.
A apresentação do Menino Jesus no Templo
Lá se deu o episódio mais marcante da história do Templo: o próprio Deus encarnado visita aquele ambiente de oração e recolhimento. Naquele instante, os anjos, cheios de alegria, pervadiram o edifício sagrado.
Porém, Nossa Senhora ali entrou sem que ninguém notasse tão grande presença.
Simeão, o Profeta escolhido por Deus para esta ocasião, recebendo o Menino nos braços, louvou a Deus, dizendo: “Agora, Senhor, deixai o vosso servo ir em paz, segundo a vossa palavra. Porque os meus olhos viram a vossa salvação que preparastes diante de todos os povos.” 1
Maria Santíssima ouvia as palavras daquele ancião que, profetizando o futuro do Menino, acrescentou: “Eis que este menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições, a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações. E uma espada transpassará a tua alma.” 2
Também Ana, a Profetisa, cantara as glórias do Divino­Menino. Por inspiração, ambos souberam o que somente São José e a Virgem Maria sabiam: o Menino era o Filho de Deus.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A Maria, Mãe de misericórdia

Mãe digníssima do meu Deus e Soberana minha, Maria. Vendo-me tão desprezível e manchado, não devia ter a altivez de me chegar a Vós e chamar-Vos minha Mãe. Não quero, porém, que as minhas misérias me privem da consolação e confiança de que fico penetrado, dando-Vos este doce nome.
Verdade é que mereço me rejeiteis, mas Vos peço considereis o que fez e sofreu por mim o Vosso Divino Filho Jesus. Depois, rejeitai-me, se o puderdes. Sou miserável pecador. Mais do que os outros ultrajei a Majestade Divina. Ai! o mal está feito. A Vós, que podeis remediá-lo, imploro agora: Vinde em meu socorro, ó minha Mãe.
Não alegueis que não me podeis ajudar, porque sei que sois onipotente e do vosso Deus conseguis tudo o que desejais. Se me respondeis que não quereis socorrer-me, indicai-me ao menos a quem me devo dirigir para ser consolado no excesso da minha angústia.
Apadrinhando-me com Santo Anselmo, ouso dizer a Vós e a Vosso Divino Filho: “Ou apiedai-vos de mim, ó dulcíssimo Redentor meu, perdoando-me, e Vós, também, ó minha Mãe, intercedendo em meu favor; ou mostrai-me em quem posso achar mais misericórdia e ter mais confiança do que em Vós”. Ah! decerto, a ninguém poderia achar, nem na Terra nem no Céu, que tenha dos desgraçados mais comiseração do que Vós, e possa melhor socorrer-me: porquanto Vós, Jesus, sois meu Pai, e Vós, Maria, sois minha Mãe; amais aqueles que são mais miseráveis, e ides na sua procura para salvá-los.
Digno sou do inferno, pois dos homens sou o mais miserável. Mas não Vos é necessário ir à minha procura. Não pretendo que o façais: apresento-me espontaneamente a Vós na firme esperança de que não me abandonareis. Aqui estou aos vossos pés: ó meu Jesus, perdoai-me; ó Maria, minha Mãe, socorrei-me.
(As mais belas orações de Santo Afonso Maria de Ligório Petrópolis: Vozes, 1961, p. 461-462)

sábado, 26 de janeiro de 2013

As grandezas de Maria só podem ser entendidas com relação à Encarnação

O Evangelho é a vida de família com Deus. Ele será chamado Emanuel: Deus conosco, Deus nosso Pai, Jesus nosso Irmão Primogênito, vindo a nós para nos encontrar e nos reconduzir ao Pai. Mas nunca compreenderemos melhor quanto Deus é nosso Pai, senão pensando na doce Mãe que Ele nos deu. E jamais compreenderemos Jesus como nosso Irmão Primogênito, a não ser contemplando-O junto de Maria, nossa Mãe comum. E assim como não devemos isolar Jesus de Maria, não devemos isolar Maria de Jesus.
Maria nos ajuda a compreender Jesus. Não é possível meditar os privilégios de Maria sem melhor entender seu Filho, de quem e por causa de quem Ela os recebeu. Mas, reciprocamente, só em Jesus podemos entender Maria: Jesus é toda a razão de ser de Maria, e esta não seria o que Ela é senão em vista da Encarnação e da Redenção. Exaltar as grandezas de Maria sem mostrar suas relações com a Encarnação é fazê-lo pela metade e dar a forte impressão de gente extraviada. Eis o motivo pelo qual certos livros, certas tiradas sobre a Santíssima Virgem deixam  às vezes uma impressão de vazio, de insipidez ou de hipérbole. Jamais correremos o risco de parecer hiperbólicos, ao falar de Maria, se tivermos o cuidado de apresentá-La com seu Divino Filho. Mas querer admirar Maria fazendo abstração de Jesus é coisa tão absurda quanto extasiar-se com os esplendores da aurora num dia em que o sol esteja encoberto por nuvens cinzentas.
Se quiséssemos passar em revista as virtudes cristãs e toda a diversidade de nossos estados de alma e as fases de nossa vida interior, poderíamos multiplicar indefinidamente os pormenores desses aspectos psicológicos da devoção à Santíssima Virgem.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Sem devoção a Nossa Senhora, a religião fica tingida de racionalismo


Estas duas disposições — humildade e confiança — constituem o próprio fundo do sentimento religioso. E é por esta razão que toda alma religiosa compreende a devoção à Santíssima Virgem.
Uma alma que cessa de compreendê-la deixa de ser religiosa ou está prestes a fabricar para si uma religião mais ou menos tingida de racionalismo, tal como certos estóicos batizados que formaram sua espiritualidade mais nos livros de moral dos estudos universitários do que nos autores ascéticos. Para essas almas, o Cristo é mais um modelo que posa diante delas, do que um amigo que vive nelas e as faz viver. Dia virá em que, após inúteis esforços, elas reconhecerão por fim sua radical fraqueza e se lançarão humildemente nos braços de Deus. Nesse dia, elas começarão também a se voltar para a Santíssima Virgem.
Eis a razão pela qual tantas pessoas aos poucos deixaram de ter uma religião e se contentam com uma simples filosofia: elas eliminaram a devoção à Santíssima Virgem para irem mais diretamente — conforme pensavam — a Jesus Cristo. Ora, perdendo de vista a Santíssima Virgem, eles rapidamente perderam também a Jesus Cristo.
Diz o Cardeal Newman, em sua magnífica “Carta a Pusey” sobre o culto a Nossa Senhora: “A Maria é confiada a guarda da Encarnação. Assim, se olharmos para a Europa, verificaremos que as nações e os países que perderam a fé na divindade de Cristo são precisamente aqueles que abandonaram a devoção à sua Mãe, e que, por outro lado, os que mais se distinguiram no seu culto guardaram a ortodoxia...”.
Traçando o mapa da devoção a Maria, teríamos traçado o próprio mapa da expansão e da conservação da fé cristã, e isto não apenas no século XIX nem a partir da Reforma, mas ao longo de toda a História da Igreja, como concluirá o próprio Neubert em sua tese, no que toca aos primeiros séculos cristãos, onde “em suma, toda a história das origens da mariologia se apresenta como a história da defesa e da dilatação da cristologia. A Mãe era a garantia do Filho, e a glória do filho começava a jorrar sobre a Mãe”.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013


Nas graves circunstâncias de nossa vida, o que a Santíssima Virgem deseja de nós, acima de tudo, é um imenso ato de confiança. Por isso, genuflexo, peço a Ela nos tornar cada vez mais os que — na tormenta, na aparente desordem, na aflição, na quebra aparente de tudo o que poderia representar para nós a vitória —, sempre confiaram na misericórdia d’Ela.

(Palavras de Dr. Plinio em uma de suas últimas conferências, em agosto de 1995)

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Graça: Humildade e confiança em Deus

Humildade e confiança em Deus
O esforço nos é solicitado por Deus, mas não basta. Ele não passa de uma condição posta por Deus para recebermos a graça, a qual, entretanto, nos vem unicamente d’Ele. Não devemos contar com nossos próprios esforços, se quisermos que eles sejam coroados de êxito, mas sim com Deus. Portanto, desconfiança de nós mesmos, ou humildade, e confiança em Deus.
Ora, a devoção à Santíssima Virgem favorece de modo admirável esses dois sentimentos em nós.
Primeiramente, ela alimenta nossa humildade. Pode-se, sem dúvida, ser humilde na presença de Deus sem invocar Maria; seria o caso, por exemplo, de um protestante de boa fé para o qual invocar Maria é ofender a Deus. Entretanto, também é certo que recorrer à intercessão de Maria para ir a Deus, ir a Deus por meio de Maria, é reconhecer que não somos dignos de ir a Ele por nós mesmos; é reconhecer nossa miséria, nossa indignidade diante dEle; é fazer, mesmo sem se preocupar com isso, um ato de humildade. Eis o motivo pelo qual São Luís Maria Grignion de Montfort insiste tanto nas relações entre a devoção a Maria e a prática da humildade.
Ademais, alimenta nossa confiança em Deus. Cremos na misericórdia divina, mas com uma fé frequentemente teórica que, na prática, é exposta a graves deficiências. Ora, nesses momentos escuros pensar em Nossa Senhora constitui para nós um facho de luz que nos dá confiança.
Não por julgarmos que a Santíssima Virgem tenha um coração mais misericordioso que o do próprio Deus, mas sim por ser Ela como um argumento vivo que nos toca mais de perto e nos ajuda a melhor apalpar a misericórdia divina. Assim como ver Madalena aos pés de Jesus nos faz compreender a bondade do Salvador mais do que o faria uma ideia abstrata de sua divina perfeição, do mesmo modo a contemplação de Maria nos faz entender e sentir, melhor do que todos os raciocínios, a misericórdia d’Aquele que nos deu uma tal Advogada e uma tal Mãe.
Tradução, com adaptações, de L´Ami du Clergé, 1911, pp. 682- 684

sábado, 19 de janeiro de 2013

Razões do sucesso da devoção à Santíssima Virgem

As maravilhas da devoção a Maria não podem ser explicitadas inteiramente por nenhuma análise. Nenhuma descrição, nenhum raciocínio pode dar dela uma ideia adequada...
Um jovem teólogo — M. Neubert — analisa as razões, ou melhor, as analogias de ordem natural que nos ajudam a compreender o sucesso ou a eficácia da devoção a Santíssima Virgem. Pois a devoção à Nossa Senhora leva todos a bom êxito. Constitui um axioma católico que Ela é para todo mundo um meio seguro de santificação.
A razão fundamental disso, a única razão evidente, é sem dúvida a vontade de Deus. Tendo Deus querido dar-nos Jesus Cristo por meio da Virgem Santíssima — diz Bossuet — esta ordem não muda mais, e os dons de Deus são irrevogáveis (cf. Rm 11, 29). Sempre será verdade que, havendo recebido através d’Ela o princípio universal da graça, recebamos também por seu intermédio as diversas aplicações desse dom em todos os variados estados dos quais se compõe a vida cristã.
Mas, a par desta explicação teológica, sobrenatural, que examina as coisas do ponto de vista divino, nada impede que se procure uma explicação psicológica para confirmá-la.
Harmonia entre a devoção a Nossa Senhora e o progresso da alma
Quais são, em nossa natureza, as harmonias entre a devoção à Santíssima Virgem e o progresso de nossa alma?
Um primeiro fator de progresso humano é o esforço pessoal: o difícil é induzir e sustentar o esforço da vontade. Nossa vontade é movida pelas ideias, mas por ideias vigorosas que são ao mesmo tempo conhecimento, sentimento e desejo. Ora, dessas ideias robustas, a mais forte é aquela que se volta para uma pessoa amada. Quem ama voa, corre, alegra-se e está disposto a tudo. Ora, ter devoção a Maria é amá-La, e amar Maria é fazer o que Ela deseja e evitar o que Lhe desagrada.
Para quantas almas, por exemplo, o pensamento posto em Maria constituiu a força pela qual triunfaram das tentações — de longe as mais violentas e frequentes — contra a mais delicada das virtudes!
Encontramos uma confirmação disso numa experiência de ordem humana. Um menino solicitado durante muito tempo pelas sugestões e argumentos pérfidos de um companheiro perverso, acaba duvidando de seu dever e vai deixar-se arrastar pelo mal. Mas seus olhos cruzam-se com os de sua mãe: nesse mudo entreolhar, ele sente a gravidade da ação que ia cometer e obtém a coragem de fazer qualquer sacrifício para não entristecê-la.
Da mesma maneira, quantas almas assaltadas durante longo tempo e estando a ponto de ceder, ao pensar em sua Mãe celeste, tão afetuosa e amada, tão pura e desejosa de vê-las também puras, sentiram a tentação desaparecer e uma força nova as armar contra o mal! Esse gênero de vitórias costuma permanecer sepultado no segredo das consciências, mas como elas são frequentes!
Forte contra as tentações, o pensamento posto em Maria é igualmente eficaz para nos impelir na via do sacrifício. Não há santo cuja vida não ofereça a esse respeito exemplos eloquentes.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Maria Santíssima, exemplo de obediência

Dupla obediência a Deus, enquanto Criador e Redentor
Obrigados a obedecer ao Deus Criador, de quem nós recebemos a vida, somos mais rigorosamente ainda obrigados a obedecer ao Deus Redentor que nos livrou da morte eterna. O poder que Deus tem sobre nós, por nos ter criado, duplicou-se, por assim dizer, depois da Encarnação que nos resgatou. Culpado é o homem que se recusa a inclinar-se diante d’Aquele que fez os Céus; mais culpado ainda é quem se recusa a inclinar-se diante de Deus que desceu até nós, revestiu-Se de nossa natureza com suas doenças e dores, e permanece conosco até a consumação dos séculos para ser nosso alimento, nossa força e nossa consolação.
O primeiro é culpado porque desdenha o direito, a justiça, o poder. O segundo é mais culpado porque menospreza a ternura e o amor. O primeiro é ingrato porque ignora o inestimável benefício da existência e da vida. O segundo é mais ingrato porque desconhece o benefício mais inestimável ainda da graça e da Redenção.
Maria Santíssima, exemplo de obediência
Eis as razões que nos impõem a obediência. Mas o exemplo de Maria Santíssima, hoje, a ela nos induz eficazmente. Vejam-na apresentar-se no Templo como uma mulher comum, e, no entanto, Ela é uma exceção sublime. Vejam-na purificar-se, Ela que sempre foi pura e sem mancha! Vejam-na obedecer até a uma lei que não a obrigava, a fim de ensinar toda a raça cristã a obedecer às leis pelas quais nós somos rigorosamente ligados.
Maria Santíssima começou a praticar a obediência já desde a sua juventude. Praticou-a no momento em que, tornando-se Mãe de Deus, inclinou-se diante da palavra do anjo e pronunciou seu fiat imortal. Ela a praticará até o fim. Ela a praticará no meio das humilhações e dos abandonos do Calvário. De sua alma submissa sempre se evolará o grito da obediência e do amor: “Ó meu Deus, faça-se em Mim segundo a vossa palavra! “Fiat mihi secundum verbum tuum”.
Saibamos nós também, a exemplo de Maria Santíssima, praticar sempre a obediência e a submissão. Nós somos os filhos dAquele que foi obediente até a morte, e morte de cruz. Nós fazemos parte de Sua Igreja. Ora, está escrito que a sociedade dos justos é só obediência e amor: “Os filhos da sabedoria formam a assembléia dos justos, e o povo que compõem é, todo ele, obediência e amor” (Eclo 3, 1).

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Comentários do Hino do pequeno Ofício de Nossa Senhora

Após os versículos iniciais, comentados em Matinas, o presente Hino canta as honras da Virgem Imaculada, santa desde o primeiro instante de seu seis isenta de toda mancha de pecado.
Maria Santíssima, nesta Hora, será louvada como a única criatura digna de ser Mãe de Deus, e que assim se constitui como a porta pela qual, obrigatoriamente, entram todos os justos no Céu, como afirma o santo cartuxo: “Quem se salvará? Quem conseguirá reinar no paraíso? Aqueles, sem dúvida, por quem tiver rogado a Mãe de misericórdia” .
Nossa Senhora será cultuada como a Restauradora da Ordem: “O que fez Eva, associada a Adão, para a ruína do género humano, foi reparado por Maria, nova Eva, associada a Cristo, novo Adão”2
“É Ela a Virgem prudentíssima, em cujo Imaculado Coração ardeu continuamente a lâmpada do amor divino, sem qualquer apego às coisas terrenas” . Digna mansão que edificou para si a eterna Sabedoria, Maria recebeu em seu seio virginal o  verdadeiro Pão da Vida, Jesus Cristo Nosso Senhor.
Anunciada pelos lábios de Balaão, Nossa Senhora é a Estrela de Jacob que, na proteção dos seus filhos, aterroriza e resiste de forma invencível ao demônio.

domingo, 13 de janeiro de 2013

Maria, modelo de gratidão a Deus

Em sua admirável obra dedicada à Virgem Santíssima, o Pe. Jourdain recolhe estas palavras do Pe. Kiselio, S. J. (sec. XVII):
“Ao ouvir Isabel proclamá-La bendita entre todas as mulheres, e render testemunho à divindade do bendito fruto de suas entranhas, a Bem-aventurada Virgem Maria exprime os sentimentos de que está penetrada, no admirável cântico, o mais belo que contêm nossos Santos Livros: Magnificat anima mea Dominum — »Minha alma glorifica o Senhor». [...]
“Como no dia da Anunciação, Ela se diz sua humilde serva; proclama que Ele é o Deus que salva, o Deus onipotente, o Deus santo. Ela cumpre o que recomenda o Sábio: Bendizei ao Senhor e exaltai-O tanto quanto puderdes”. Transportada de júbilo e de reconhecimento, Maria  rende graças a Deus por seus benefícios. [...]
“Que o exemplo da Virgem nos ensine como devemos, por nossa parte, glorificar a Deus, Jesus Cristo Nosso Senhor e sua Bem-aventurada Mãe.
“Porventura não fez Deus também em nós grandes coisas, por sua onipotência? Não nos recolheu Ele e nos tirou do abismo de nossa miséria? Seu nome não é igualmente santo para nós e cheio de suavidade? Não nos aceitou como filhos em sua misericórdia? Não deu de comer àqueles que tinham fome, não consolou os aflitos e exaltou os humildes? Que nossa alma glorifique, pois, ao Senhor, e que nosso espírito se alegre em Deus nosso Salvador!
“Sim, é com alegria que convém, a exemplo de Maria, bendizer ao Senhor, testemunhar-Lhe nossa gratidão e celebrar sua glória!”
“Mas, se durante nossa vida nos aplicamos em sufragar as almas do Purgatório, [...] não devemos temer de ser abandonados: o que fizemos pelos outros, ser-nos-á devolvido ao cêntuplo. Maria não permitirá que sejamos vítimas de nossa generosidade, e a nossa dívida, fosse ela de dez mil talentos, logo será paga. [...]
“Roguemos, pois, pelas almas do Purgatório. Assim praticamos o bem, alegramos o coração de Nossa Senhora, enriquecemos o tesouro de nossos méritos e preparamos uma entrada mais fácil na mansão da eterna beatitude”
JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Waizer, 1900. Vol. V. p. 377-378.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Oração à dulcíssima Maria Menina

Dulcíssima Maria Menina, radiante Aurora do Astro Rei, Jesus, escolhida por Deus desde toda a eternidade para ser a Rainha dos Céus, o consolo da terra, a alegria dos Anjos, o templo e sacrário da adorável Trindade, a Mãe de um Deus humanado: aqui me tendes aos vossos pés, ó Infante Princesa, contemplando os encantos de vossa santa infância. Em vossa formosíssima face reflete-se o sorriso da Divina Bondade, vossos doces lábios se entreabrem para dizer-me: “Confiança, paz e amor...”
Como não amar-Vos, Maria, luz e consolo de minha alma, já que Vos comprazeis em ser homenageada e honrada em vossa mimosa imagem de pequenina Rainha?
Eu me consagro ao vosso serviço de todo o meu coração. Entrego-Vos, amável Rainha, meu ser, meus bens temporais e eternos. Abençoai-me, Imaculada Menina, abençoai também e protegei a todos os entes queridos de minha família. Sede Vós, Infante Soberana, a alegria, a doce Rainha do meu lar, a fim de que, por vossa intercessão e vossos encantos, reine e impere em meu coração e no de todos os que amo, o dulcíssimo Coração de Jesus Sacramentado. Assim seja.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Maria e as almas do purgatório

As almas dos fiéis defuntos por misericórdia de Deus descansem em paz. Amém.
Com esta última súplica, lembramo-nos das almas que se encontram no Purgatório, para as quais solicitamos, a rogos de Maria, o perpétuo descanso.
Maria deseja que aliviemos as almas do Purgatório
“A Bem-aventurada Virgem — comenta o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira — alcança também graças para as almas que se acham no Purgatório, onde expiam os pecados que cometeram nesta vida. Por meio de suas súplicas, Ela abrevia a punição dessas almas, suaviza-a e a alivia de mil modos” 97
Outra não é a afirmação de Santo Afonso de Ligório, segundo o qual, “pelos merecimentos de Maria, não só se tornam mais leves, mas também mais breves as penas das almas do Purgatório, apressando-se, com a intercessão da Santíssima Virgem, o tempo da expiação. Basta que Ela formule um pedido neste sentido” 98
Ademais, sobremaneira estima a Mãe de Deus nossas ações em favor dos membros da Igreja Padecente.
A esse respeito escreve o Pe. Jourdain:
“As almas do Purgatório são caras à Santíssima Virgem; são almas predestinadas e santas, almas que muito A amam e que, em sua maior parte, A serviram com fidelidade durante sua vida sobre a Terra. Nas almas do Purgatório Maria vê as filhas bem-amadas do Padre Eterno, as esposas de seu Divino Filho, os templos do Espírito Santo, as imagens de Deus que brilharão um dia no Céu com maravilhoso fulgor. Ela vê nessas almas o preço do Sangue de seu adorável Jesus, as flores imortais que ornarão sua própria coroa durante a eternidade. Nelas, Maria vê seus próprios filhos. [...]
Quem reza pelas almas do Purgatório prepara seu próprio sufrágio
“Concorrendo para o alívio dessas almas, praticamos numerosos atos de virtude e preparamos nosso próprio socorro para o tempo em que estivermos no purgatório. [...] Bem raros são aqueles que vão diretamente ao Céu, ao saírem desta vida. Portanto, se salvarmos nossa alma, a salvaremos passando pelo fogo, segundo a palavra do Apóstolo (I Cor. XIII, 15). [...]

sábado, 5 de janeiro de 2013

Gratidão a Deus

Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício de Nossa Senhora

V Bendigamos ao Senhor
R. Demos graças a Deus.
Gratidão a Deus por ter criado Nossa Senhora
Depois de se repetirem os versículos com os quais invocamos, novamente, a intercessão da Santíssima Virgem, externamos nosso entranhado e filial reconhecimento a Deus.
É exortação constante dos autores eclesiásticos que “sempre e por tudo devemos dar graças a nosso Criador”  “não apenas pelos grandes benefícios, senão também pelos pequenos”
“Feliz o homem — exclama São Bernardo — que a cada um dos bens da graça volta-se Àquele em quem está a plenitude das graças; e, ao mostrar-nos agradecidos pelos favores recebidos, nos dispomos a merecer graças ainda maiores. Somente nossa ingratidão nos impede em absoluto de progredir na vida perfeita, pois, reputando o doador que em certo modo se frustrou do que o ingrato recebeu, cuida-se doravante de não dar tanto ao mesmo para tanto não perder.
“Feliz, pois, o que rende não pequenas graças, ainda pelos mínimos benefícios.
“Portanto, encareço-vos, irmãos, [...) que nos humilhemos mais e mais, sob a poderosa mão de Deus, e que procuremos estar longe deste grande e péssimo vício da ingratidão, para que, ocupando-nos com toda devoção na ação de graças, atraiamos sobre nós a graça de nosso Deus, a única que pode salvar nossas almas. E não só nos mostremos agradecidos com língua e palavra, mas com obra e verdade, porque não é tanto a verbosidade como a ação de graças o que exige de nós o doador de todas as graças, Nosso Senhor, que é bendito pelos séculos”
É fora de dúvida que um dos maiores benefícios pelos quais devemos gratidão e louvor ao Altíssimo, é a existência de sua e nossa Imaculada Mãe. Por isso, digamos com São João Eudes: “Ó grande Deus, que sempre sejais bendito por vossos eternos planos de nos dar este imenso tesouro! [...] Graças infindas vos sejam dadas, ó adorabilíssima Trindade, por todos os favores com que haveis enriquecido a esta Virgem incomparável. [...] Que o Céu e a Terra, os Anjos e os homens, e todas as criaturas por isto Vos bendigam e incessantemente Vos glorifiquem!” 96


96) EUDES, Juan. La Infancia Admirable de la Santísima Madre de Dios. Bogotá: San Juan Eudes, 1957. p. 48 e 67.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O Menino-Deus e sua Mãe



Quais seriam os pensamentos do Menino Jesus recém-nascido, reclinado no presépio?

Evidentemente, Ele pensava nos esplendores da Santíssima Trindade, dos quais a Segunda Pessoa participa em estado de união hipostática com a sua Humanidade. E deveria cogitar também em Nossa Senhora, a obra-prima de toda a criação, sua Mãe, a qual Ele tanto amava e se extasiava em considerar e acariciar.

Naturalmente, o Divino Infante se deleitava em ver a Santíssima Virgem conhecendo-O sensivelmente e adorando-O. Ela guardava em seu Coração todas essas coisas e as meditava, procurando pelos traços fisionômicos d’Ele fazer a ligação de tudo quanto sabia por sabedoria, interpretação da Escritura e revelação a respeito do Redentor.

E o Menino Jesus recebia essa adoração com verdadeiro encanto e prazer, ao mesmo tempo em que amava intensamente Nossa Senhora.

Plinio Correa de Oliveira - Extraído de conferência de 23/12/1974

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Necessidade de um mediador entre Deus e os homens

Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício de Nossa Senhora 
Por mercê do mesmo vosso Filho Jesus Cristo, Senhor nosso, que com o Padre e o Espírito Santo vive e reina em unidade perfeita, Deus, pelos séculos do séculos. Amém.
Necessidade de um mediador entre Deus e os homens
A intercessão de Maria, embora onipotente, está subordina à de Nosso Senhor Jesus Cristo, como acima vimos. Razão pela qual a Santa Igreja encerra as orações de sua liturgia invocando a mediação do Filho de Deus.
Explica Fr. Luís de Granada que, depois da queda de Adão, “a primeira e maior necessidade que tínhamos era a de sermos restituídos à antiga amizade e graça de nosso Criador, que havíamos perdido por aquele comum pecado pelo qual, como diz o Apóstolo (Ef. II, 3), os homens nasciam filhos da ira. E como a amizade e graça de Deus para com suas criaturas seja a primeira causa de todos os bens das mesmas, faltando esta, faltavam também os benefícios que desta amizade procediam. [...]
“Estando, pois, os homens nesta desgraça com seu Rei e era necessário o que geralmente se faz quando as partes desavença: um bom e terceiro mediador que as reduza à concórdia.
O Homem-Deus, Mediador perfeitíssimo
“Este não podia ser mais conveniente que o mesmo Filho de Deus humanado. [...] Pois, quem mais fiel para com Deus do que o próprio Deus? E quem mais fiel para com o homem do que o próprio homem? E quem mais amigo de ambas as naturezas do que aquele que as tinha em si reunidas? De maneira que os dois negócios tomava por seus: o de Deus, porque era Deus verdadeiro, e o do homem, porque era verdadeiro homem. Portanto, para este fim nenhuma coisa se podia, não digo ordenar, mas nem imaginar nem desejar mais a propósito. [...]
‘Ademais, quem havia de ter tão grandes e tão gerais amizades, quem havia de apagar a chama deste ódio, quem havia de fazer amigos de tantos inimigos como eram todos os séculos presentes, passados e vindouros, necessariamente havia de ser amicíssimo e gratíssimo aos olhos de Deus, para que com a abundância de suas graças se desfizessem tantas desgraças, e com a grandeza de sua amizade se olvidas sem tantas inimizades. [...]
“Quem podia ser para isto mais conveniente que o unigénito Filho de Deus, infinitamente amado de seu Eterno Pai? A este, pois, deu-nos a imensa bondade de Deus por mediador e reconciliador, [...J por quem alcançamos a redenção e perdão de nossos pecados”92


92) GRANADA Luís de. Obra Selecta. Madri: BAC, 1952. p. 706-708.