terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Ingresso de Nossa Senhora no Céu

Comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada Conceição
Régio e elevadíssimo sólio
Ao considerar o ingresso de Nossa Senhora no Céu, exclama São Bernardo:
“Quem será capaz de expressar em palavras, com quanta honra foi [Maria] recebida, com quanto gozo, com quanta alegria? Nem na Terra houve jamais lugar tão digno de honra como o templo de seu seio virginal, no qual recebeu Maria ao Filho de Deus, nem no Céu há outro sólio régio tão excelso como aquele ao que elevou a Maria, o Filho de Maria. [...]
“Porque quanto maior graça alcançou Ela na Terra sobre todas as demais [criaturas], outro tanto mais obtém também nos Céus de glória singular. E se o olho não viu, nem o ouvido ouviu, nem cabe no coração do homem o que tem Deus preparado para os que O amam, quem poderá dizer o que reservou Ele para Aquela que O engendrou e O amou mais que todos os homens?” 53
Imbuído de semelhante fervor mariano, diz o venerável Tomás de Kempis:
“Louvor e glória ao Deus altíssimo, que Vos conferiu, á Maria, maior graça que a todas as filhas dos homens que no mundo existiram. E logo colocou vosso assento junto ao trono de vosso Filho no Rei no dos Céus; no lugar mais eminente, sobre todos os coros de Anjos e Santos, que Ele Vos havia preparado, com requinte de beleza, desde toda a eternidade” 54
Confiança n’Aquela que habita na altura
Aos anteriores testemunhos, podemos acrescentar estas palavras do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira: “Disse Nosso Senhor que «todo o que se humilha será exaltado» (Le. XIV, 11).
“Ora, Maria Santíssima, afirmando-se escrava de Deus, humiihou se além de todo o limite. Por isso foi elevada ao mais alto dos Céus, ocupando um lugar que nenhuma outra mera criatura, abaixo do Homem-Deus, jamais alcançará.
“Assim, o verdadeiro escravo de Nossa Senhora, ao invocá-La, deve ter presente as magnificências de que Deus A revestiu. E, portanto, nunca se dirigirá a Ela senão com sumo respeito, suma admiração e suma confiança.
“Confiança, sim, porque sendo Maria a mais alta e mais eminente de todas as criaturas, é também a mais benigna, mais misericordiosa, mais afável e a que mais desce até nós.
“A grandeza de Nossa Senhora é tão imensa que preenche todos os espaços, por enormes que sejam, que vão d’Ela até o último dos homens. Embora entronizada no alto dos Céus, Ela nos é mais acessível, está mais disposta a nos atender e a nos perdoar. No seu insondável e fixo amor para com os degredados filhos de Eva, podemos e devemos — ter uma total confiança” . 55
E outro não é o pensamento de São João Bosco, grande exemplo de devoção à Auxiliadora dos cristãos:
“Desde seu altíssimo trono de glória, [Maria] nos dirige seus maternais olhares e nos diz: «Eu habito na altura, para enriquecer aos que me amam e cumulá-los de tesouros». Por conseguinte, desde sua Assunção ao Céu, começou o constante e ininterrupto recurso dos cristãos a Maria, e nunca se ouviu, diz São Bernardo, que alguém haja recorrido com confiança a Ela, que é Mãe piedosa, e não tenha sido atendido.

“Esta é a razão pela qual todo século, ano, dia e, poderíamos dizer, momento, está marcado, na História, por algum favor concedido a quem A invocou com fé”.56

sábado, 21 de dezembro de 2013

Maria está acima dos Anjos e dos Santos

Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada - Mons João Clá Dias 
Eu moro no mais alto dos Céus
Acima dos coros dos Anjos e dos Santos
Em virtude da insondável dignidade que Lhe confere a maternidade divina, e dos singulares privilégios com que o Senhor A enriqueceu, Maria Santíssima constitui, no Céu, uma hierarquia especial, superior a todos os coros de Anjos e de Santos.
É o que, firmado no sentir comum dos doutores, ensina o eminente mariólogo D. Alastruey:
“A Bula Ineffabilis Deus elogia assim a Maria: «Pelo que A elevou tão maravilhosamente e muito mais que a todos os Anjos e Santos com a abundância de todas as graças tiradas do tesouro da Divindade, que livre por completo de todo pecado, toda formosa e perfeita, possuísse aquela plenitude de inocência e de santidade que, depois de Deus, não pode conceber-se maior».
“Diz Santo Efrém: «Pura Mãe de Deus, Rainha de todos, mais excelsa que os habitantes do Céu, mais honorável que os Querubins, mais santa que os Serafins e mais gloriosa que todos os demais exércitos celestiais».
“São Pedro Damião: «Assim a Virgem, levantada sobre as almas dos Santos e os coros dos Anjos, supera os méritos de cada um e os títulos de todos».
“Raimundo Jordão, chamado o Idiota: «Tu és, pois, Rainha coroada nos Céus, elevada sobre os coros dos Anjos; Tu estás sentada à destra de teu Filho bendito».
“Gerson: «A Virgem, sozinha, forma a segunda hierarquia abaixo de Deus uno e trino, primeira e suprema hierarquia, junto ao qual Hierarca, só a humanidade sublimada do Filho se senta à destra do poder de Deus».
“São Bernardino de Siena: «Com toda certeza há de se admitir que Ela foi elevada na glória sobre toda pura criatura, como formando e completando um estado íntegro e total, ao qual, segundo a reta razão, não pode ter conveniente acesso nenhuma outra pessoa, porque o Filho de Deus não tem senão uma só Mãe natural».
“E a Sagrada Liturgia: «A Santa Mãe de Deus foi elevada ao reino celestial sobre todos os coros dos Anjos». «A Virgem Maria foi elevada ao tálamo celestial em que o Rei dos reis se senta em estrelado sólio». [...]
“Santo Antonino: «Mais dista a Virgem em dignidade e glória dos Serafins que os Serafins dos Querubins; mas os Serafins, pela excelência de sua dignidade, têm uma ordem superior aos Querubins; logo a Virgem estará sobre as hierarquias todas dos Anjos».
“O mesmo: «Com mais desproporção se diferencia o servo do senhor que o servo do servo; mas todos os Anjos são ‘espíritos ministrantes’, isto é, servos, e, sem embargo, entre eles há diversas ordens, enquanto que a Bem-aventurada Virgem é a Senhora dos Anjos.
“«Logo, foi elevada desproporcionadamente sobre os Serafins e sobre todas as hierarquias dos Anjos».

“E, certamente — conclui D. Alastruey —, sendo a dignidade da maternidade divina de uma ordem superior, [...] foi necessário que Maria formasse no Céu uma hierarquia especial, sobre todas as categorias dos Anjos e dos Santos” 52
52) ALASTRUEY, Gregório. Tratado de la Virgen Santísima, 3. ed. Madrid: BAC, 1952. p. 516-517.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Nossa Senhora da Ternura

Tudo quanto está no ícone de Nossa Senhora da Ternura dá a entender que essa ternura resulta de uma posição de alma d’Ela muito estável, contemplativa e atenta, dentro do teor de uma vida que permite isso e faz disso o seu próprio centro.
Analiso depois a ternura e vejo uma alma que fez da ternura, isto é, da consideração atenta de um Ser — no caso, o Filho d’Ela — que se fez mais fraco e entregue ao cuidado d’Ela, o objeto de uma atitude mental que A abarca por inteiro, a ponto de Ela não ser apenas terna com Ele, mas todas as ternuras de todos os tempos ali se concentrarem e defluírem dos braços e da bondade d’Ela.
Contemplando Nossa Senhora com o Menino Jesus, noto a veneração sem conta com que essa ternura se exerce. Tudo quanto possa representar Moisés adorando a Deus no Sinai, diante da sarça ardente, é uma cena grandiosa, à qual presto minhas homenagens, e gosto dessa grandeza, mas não contém o senso de grandeza que está nessa pintura.
Prestem atenção na posição, no trato com o Menino, o respeito, a veneração, a adoração, quase como quem não sabe por onde mover de tanto adorar, mas adorar do mais fundo para o mais alto.
Quase se poderia dizer que muitas expressões dos Salmos de Davi caberiam nos lábios de Maria Santíssima:
“De profundis clamavi...” — não é do fundo do pecado, mas do fundo da admiração d’Ela — “...ad Te, Domine”8. Quem é o “Senhor”? É o Menino que Ela precisa cuidar para dar leite. “Eu clamei a Vós, Senhor, na admiração!”

Plinio Correa de Oliveira - Extraído de conferência de 4/2/1982

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Paz aos homens

Agora a paz não é prometida, mas enviada; não adiada, mas dada; não profetizada, mas apresentada. Deus Pai a enviou à Terra à semelhança de um saco pleno de sua misericórdia; um saco que devia ser rasgado na Paixão para que se derramasse o preço de nosso resgate nele escondido; um saco, sim, que embora pequeno estivesse pleno. Pois um Pequenino nos foi dado, mas n’Ele habita toda a plenitude da divindade.

São Bernardo de Claraval

sábado, 7 de dezembro de 2013

Rainha da graça


Maria é o receptáculo no qual se encontram todas as graças criadas por Deus. Ela é tão imensa na ordem da virtude e da santidade, que corresponde de modo superexcelente a essa torrente de graças, que A faz grande como ninguém.
Proclamada a Rainha da graça, é a Rainha da ordem sobrenatural e, portanto, Rainha por plenitude.
Eu gostaria de ver uma catedral dedicada a Ela, onde se unissem num só olhar, estes dois aspectos: Rainha intangível, mas curvada, com um sorriso, sobre os mais indignos e miseráveis, a dizer-lhes: “Continuo sendo vossa Mãe, e por isso me curvo até vós, por mais que estejam baixo. Até lá chega minha misericórdia e vos salva!”
Essa harmonia que reúne os dois extremos da Criação é mais um título da grandeza d’Ela.

Plinio Correa de Oliveira - Extraído de conferência de 25/9/1990

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

O dogma da Imaculada Conceição

Os mais antigos Padres da Igreja manifestam sua crença de que foi concedida à Virgem Maria imunidade absoluta de qualquer pecado, mesmo o original. Santo Efrém (séc. IV), insigne devoto de Maria, A exalta como tendo sido “sempre, de corpo e de espírito, íntegra e imaculada”. Para Santo Hipólito (séc. III), Ela é um “tabernáculo isento de toda corrupção”. Orígenes A proclama “imaculada entre imaculadas, nunca afetada pela peçonha da serpente”. Por Santo Ambrósio (séc. IV), é Ela declarada “vaso celeste, incorrupta, virgem imune, por graça, de toda mancha de pecado”. Santo Agostinho (séc. IV e V), disputando contra Pelágio, afirma que todos os justos conheceram o pecado, “menos a Santa Virgem Maria, a qual, pela honra do Senhor, não quero que entre nunca em questão quando se trate de pecados”.
Cedo começou a Igreja a comemorar em suas funções litúrgicas a imaculada conceição de Maria. Em sua obra De Immaculato Deiparae Conceptu, Passaglia crê que em princípios do século V já se celebrava a festa da Conceição de Maria (com o nome de Conceição de Sant’Ana) no Patriarcado de Jerusalém.
Tampouco faltam autorizadíssimos testemunhos dos padres da Igreja, reunidos em Concílio, para provar que já no século VII era comum e recebida por tradição a piedosa crença, isto é, a devoção dos fiéis ao grande privilégio de Maria (Concílio de Latrão, em 649, e Concílio Constantinopolitano III, em 680).
A definição do dogma
No pontificado de Gregório XVI, e nos primeiros anos de Pio IX, elevaram-se à Sé Apostólica mais de 220 petições de cardeais, arcebispos e bispos (sem contar as dos cabidos e ordens religiosas) para que se fizesse a definição dogmática.
Pio IX escreveu aos bispos de todo o mundo, interrogando cada qual acerca da devoção de seu clero e de seu povo ao mistério da Imaculada Conceição. A quase totalidade se manifestou favorável. Estava confirmada a crença universal da Igreja.
Enfim, a 8 de dezembro de 1854, em solene cerimônia na Basílica de São Pedro, o Papa Pio IX, com voz profundamente emocionada, em meio às lágrimas de alegria, pronunciou as solenes palavras que declaram ser artigo de Fé a Imaculada Conceição de Maria:
“Por isto (...) declaramos, pronunciamos e definimos:
“A doutrina de que a Beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua Conceição, por singular graça e privilégio de Deus Onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de pecado original, essa doutrina foi revelada por Deus, e por isto deve ser crida firme e inviolavelmente por todos os fiéis” (Bula Ineffabilis Deus).
A confirmação de Nossa Senhora
Quatro anos depois, a própria Mãe de Deus confirmou de forma prodigiosa o dogma proclamado por Pio IX: “Eu sou a Imaculada Conceição” — respondeu Ela, sorrindo, a Santa Bernadete Soubirous, que lhe perguntou o nome em 1858.

Já em 1830 — portanto, 24 anos antes da definição do dogma — indicando a Santa Catarina Labouré como deveria ser cunhada a Medalha Milagrosa, Nossa Senhora apresentava a inscrição: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós”.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Imaculada Conceição

Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada Conceição
Espelho da imaculada pureza de Jesus
Fazendo eco aos expressivos ensinamentos de Santo Afonso, escreve um piedoso dominicano:
“O mais amante dos filhos pode imaginar, mas não realizar a perfeição de sua mãe. Ele a encontra feita segundo a vontade divina, e não conforme o seu próprio desejo. [...]
“Um único filho pôde criar a seu agrado a mãe da qual ele devia nascer, aperfeiçoá-la constantemente a fim de amá-la sempre mais, sem receio de ver um limite imposto à generosidade e à alegria de seu amor. Esse filho é Jesus, o Verbo Encarnado, o Deus que depositou todas as suas complacências em Maria, muito antes de chamá-La à vida terrena. A simples previsão da parte que Ela teria na Encarnação A unia intimamente a Ele. E para se resguardar a si mesmo, na sua humanidade, da ofensa do pecado, Ele A purificou antecipadamente da mancha original e A revestiu de uma pureza imaculada. «Tota pulchra es, arnica mea, et macula non est in te» (Cân. IV, 7), dizia-Lhe Ele pelos lábios do profeta: «Nem sequer a sombra do pecado poderia vos atingir e vós sois o espelho do meu próprio esplendor»” 50
Pérola Imaculada
Por fim, degustemos uma sábia e graciosa consideração, feita por São Francisco de Sales:
“Nossa Senhora, a Santíssima Virgem, foi concebida por via ordinária de geração; porém Deus, tendo-A predestinado em sua mente, desde toda a eternidade, para Mãe sua, preservou-A pura e limpa de toda mancha. É-me forçoso servir-me de uma comparação para fazê-lo compreender.
“Sabeis como se formam as pérolas? As madrepérola fazem como as abelhas: têm sua rainha, e elegem como tal a maior dentre elas, à qual seguem todas. Sobem à superfície do mar à hora mais fresca do dia, que é o amanhecer, principalmente no mês de maio. Quando aí estão, abrem suas conchas voltadas para o céu, e as gotas de orvalho caem dentro delas. Em seguida, cerram-nas e imergem de novo no mar, onde incubam esse rocio e o convertem em pérolas que depois se apreciam tanto. Observai, contudo, que elas fecham tão bem suas conchas, que não deixam entrar nem uma gota de água salgada.
“Esta lição muito convém a meu discurso. O Senhor fez o mesmo com a Santíssima Virgem. No instante de sua concepção Ele se pôs, por assim dizer, debaixo d’Ela, para impedi-La de cair no pecado original. E assim como a gota do rocio que não encontra concha para recebê-la, cai no mar e se converte em água amarga e salgada, porém se uma concha a recebe, transforma-se em pérola; assim Maria veio a este mundo por via comum de geração, mas preservada das águas salgadas da corrupção do pecado.

“Devia ter esse privilégio especial, porque não era razoável que o demônio lançasse em rosto a Jesus, alguma vez, que quem O havia levado em suas entranhas tinha sido tributária de Satanás” 51 

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Oração à Santíssima Virgem

Ó bem-aventurada e dulcíssima Virgem Maria, Mãe de Deus, cheia de toda bondade, filha do Rei dos reis, Soberana dos Anjos, Mãe do Criador do universo, confio à vossa maternal bondade — hoje e em todos os dias de minha vida — meu corpo e minha alma, todas as minhas ações, meus pensamentos, meus atos de vontade, meus desejos, minhas palavras, minhas obras, minha vida inteira e minha morte, a fim de que, com vosso apoio, tudo se encaminhe para o bem, segundo a vontade de vosso querido Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, a fim de que eu Vos tenha, ó minha santíssima Soberana, como aliada e consoladora, contra as emboscadas e as armadilhas do antigo adversário e de todos os meus inimigos.
Dignai-Vos obter-me de vosso amado Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, a graça que me permita resistir às tentações do mundo, da carne e do demônio, e de manter sempre o firme propósito de não mais pecar doravante, mas de perseverar no vosso serviço e no de vosso querido Filho.
Rogo-Vos também, ó minha santíssima Soberana, obter-me uma verdadeira obediência e uma sincera humildade de coração, a fim de que eu me considere verdadeiramente como um miserável e frágil pecador, incapaz não só de fazer qualquer boa obra, mas também de resistir aos ataques contínuos das tentações, se não tiver a graça, o socorro de meu Criador e de vossas santas orações.
Obtende-me ainda, ó minha dulcíssima Soberana, uma castidade perpétua de espírito e de corpo, a fim de que, com o coração puro e o corpo casto, possa servir vosso Filho bem-amado, assim como a Vós mesma, segundo minha vocação.
Obtende-me d’Ele a pobreza voluntária, com a paciência e a tranqüilidade de espírito, a fim de que possa enfrentar os trabalhos de minha condição, para minha salvação e a de meus irmãos.
Obtende-me também, ó dulcíssima Soberana, uma caridade perfeita, que me faça amar de todo coração vosso santíssimo Filho Nosso Senhor Jesus Cristo — e a Vós mesma depois d’Ele — acima de todas as coisas, e ao próximo em Deus e por causa de Deus, sabendo alegrar-me com o bem alheio, afligir-me pelo mal do próximo, não menosprezar ninguém, nunca julgar temerariamente, nem me preferir a ninguém.
Ensinai-me, ademais, ó Rainha do Céu, a unir sempre em meu coração o temor e o amor de vosso dulcíssimo Filho; a dar-Lhe sempre graças por tantos benefícios que me vêm, não de meus méritos, mas de sua pura bondade; a fazer de meus pecados uma confissão pura e sincera, e uma verdadeira penitência, para assim merecer sua misericórdia e perdão. Suplico-Vos, por fim, ó única Mãe, porta do Céu e advogada dos pecadores, de não permitir que no término de minha vida eu, vosso indigno servidor, me desvie da santa fé Católica; que me socorrais segundo vosso grande amor e misericórdia, e me defendais dos espíritos maus; que, pela gloriosa Paixão de vosso abençoado Filho e por vossa própria intercessão, com o coração cheio de esperança, me obtenhais de Jesus o perdão de meus pecados, de sorte que, morrendo em vosso amor e no d’Ele, me conduzais pela via da salvação eterna. Assim seja.

(São Tomás de Aquino)

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Apresentação de Nossa Senhora no Templo

A Festa da Apresentação de Nossa Senhora no Templo, que transcorre no dia 21 deste mês, foi instituída ao ser consagrada a igreja de Santa Maria a Nova, em Jerusalém, no ano 543. Assim, a liturgia confirmava como fato histórico o que se lê no texto apócrifo conhecido como Protoevangelho de Tiago: a Santíssima Virgem foi levada pelos seus pais, São Joaquim e Sant’Ana, ao Templo de Jerusalém, com tenra idade, para viver uma vida de recolhimento e oração nesse sagrado lugar.
Segundo Plinio Correa de Oliveira, o momento do ingresso da santa Menina no Templo provavelmente foi o mais belo espetáculo até então contemplado pelos Anjos do Céu. E ao comentar uma passagem de São Francisco de Sales a esse propósito, acrescentava: “Não sei se São Joaquim e Sant’Ana tinham plena noção de que Nossa Senhora estava destinada a ser a Mãe do Verbo Encarnado. Porém, certamente sabiam que sua filha fora escolhida por Deus para altíssimas coisas com vistas ao advento do Messias. É-nos dado supor, aliás, que essa menina, concebida sem pecado original e, portanto, sem as limitações inerentes a este, sem deixar as atitudes próprias de uma criança, possuía em sua alma um dom de contemplação maior que o dos maiores santos da Igreja.
Quer dizer, n’Ela se harmonizavam a extrema afabilidade e meiguice da criança com uma grandeza da qual os homens mais excelentes da Terra não são senão minúscula figura. Esse terá sido o desejo de Nossa Senhora, em que sendo Ela a Rainha incomparável do universo, aparecesse aos olhos de todos como uma simples menina. Contraste de beleza insondável, diante do qual permanecemos emudecidos de admiração!
Pois foi essa maravilhosa menina que seus pais levaram ao Templo. Segundo São Francisco de Sales, durante essas peregrinações à Cidade Santa, os judeus iam pelas estradas entoando cânticos, de modo particular os salmos compostos por David para essa finalidade. Podemos imaginar as lindas cenas que tais romarias proporcionavam: chegado o mês da visita ao Templo, judeus das mais variadas regiões se punham a palmilhar os caminhos de Israel, envolvendo-os com seus cantos religiosos.
Entre eles, certa feita, encontravam-se São Joaquim, Sant’Ana e Nossa Senhora. Imaginemos, então, se pudermos, o cântico da Menina, elevado com uma voz inefável, repetindo as palavras que seu régio ancestral escrevera por inspiração do Espírito Santo para aquela circunstância!
Pensemos em Maria cantando pelas estradas judaicas, e os anjos acompanhando seus passos e seu cântico, extasiando-se eles, sobretudo, com as harmonias de alma que a pequena Virgem manifestava a cada instante.
Ainda segundo São Francisco de Sales, do alto dos terraços da Jerusalém Celeste, os querubins e os serafins, e toda a corte angélica, debruçavam-se para contemplar Nossa Senhora a caminho de Jerusalém, e esse espetáculo, ignorado pelos homens, incutia-lhes um gáudio inexprimível.
De fato, cena mais bela e mais eloqüente do que essa, só poderia ser aquela em que esses mesmos anjos viriam Nossa Senhora ingressar no Templo, como a rainha que toma posse daquilo que lhe é próprio; como a jóia que se instala no escrínio onde deve ser guardada...”
Plinio Correa de Oliveira - Extraído de conferência em 21/11/1965

domingo, 17 de novembro de 2013

Novena da Medalha Milagrosa

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