quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Maria, luz que ilumina toda a criação

Comenta ainda o douto Pe. Jourdain: “À santidade incomparável com a qual a Bem-aventurada Virgem Maria foi agraciada, desde o primeiro instante de sua existência, é preciso acrescentar as luzes com que Deus, ao mesmo tempo, inundou sua alma. O nome de Maria, entre outras significações místicas, possui a de iluminada. As luzes com que foi esclarecida ao sair do nada, justificam plenamente esta interpretação.
‘Antes de tudo, conheceu Ela a fonte de toda luz, e em Deus conheceu todo o resto, segundo a palavra do Profeta: In lumine tuo videbimus lumen (Si. XXXV, 10). Eia viu Deus criador de todas as coisas, e conheceu as criaturas espirituais, as racionais e as privadas de razão. Ela viu em Deus, bem supremo e absoluto, o que era bom e o que era mau, o que merecia ser procurado ou desprezado, o que era preciso amar e o que odiar. E porque a luz que A iluminava era perfeita, possuía Ela a justa e conveniente medida de todas as coisas. [...]
“[Assim], a Luz divina, a Luz eterna, produziu uma luz criada, destinada a iluminar todas as outras obras das mãos de Deus” .
Essa singular luminosidade da Virgem, espargindo seu fulgor sobre toda a criação, foi também exaltada pelo entusiasmo de São Tomás de Villanueva:
“O tocha brilhantíssima, a quantos alegrastes quando, iluminada pelo resplendor divino, aparecestes imaculada no seio de vossa mãe! [...]
“Dizei-nos, ó sábios astrólogos que contemplais as estrelas; dizei-nos ó profetas! que chegará a ser esta donzela que tão brilhante e avantajada se apresenta ao mundo? [...]
“O dia digno de ser celebrado com grande regozijo, em que tal dom recebemos. Exclamamos com São Bernardo: «Tirai o sol, e o que restará no mundo senão trevas? Tirai Maria da Igreja, que ficará senão a escuridão?»” 50
A luz da Contra-Revolução
Por sua vez, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira nos faz compreender o papel fundamental da Luz pura junto aos que se opõem à Revolução:
“Nossa Senhora é Aquela que gerou a Luz do mundo, Jesus Cristo Senhor nosso. Ela é o foco dessa Luz que as trevas não conseguiram envolver e impedir que fosse vista pelos homens; Ela é o canal por meio do qual a luz do Salvador chega até nós.
“E Maria tanto resplandece da luz de seu Divino Filho, que se diria ser Ela a mesma luz. Por isso podemos cantar com a Igreja: «Salve radix, salve porta, ex qua mundo lux est orta» — «Salve ó raiz, o porta, por onde jorrou a luz ao mundo» 51
“Nós, contra-revolucionários, devemos pedir à Santíssima Virgem que encha nossas almas dessa sua luz, que é, em última análise, a luz da Contra-Revolução, é a luz que fende as trevas da Revolução e chega até aos homens, libertando-os do erro, do vício, do crime e do mal” 52

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Oração confiança em Nossa Senhora


Ao ver nossas fraquezas e maldades, Nossa Senhora tem uma pena especial. E, enquanto medimos a profundeza de nossas chagas, Ela nos sorri, como que dizendo: “Meu filho, muito mais Eu sou boa do que você é ruim! Eu passo por cima disso, o afago, lhe quero bem, o trago para junto de Mim.”

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Salve, luz pura

                                              HINO
Salve, ó Virgem Mãe, Senhora minha,
Estrela da Manhã, do Céu Rainha,
Cheia de graça sois; salve, luz pura,
Valei ao mundo e a toda criatura.
Para Mãe o Senhor Vos destinou
Do que os mares, a Terra e Céus criou.
Preservou Ele a vossa Conceição
Da mancha que nós temos em Adão. Amém.
Comentários do Pequeno Ofício da Imaculada
No post anterior foi comentado Cheia de graça sois
 “Os Padres da Igreja não cessam de dar a Maria, como a seu Divino Filho, o nome de luz. Para eles, Ela é a luz esplendidíssima; a luz das nações; a luz de nosso coração; a luz figurada por aquela criada no começo, e da qual crê-se foi feito o sol, como o Divino Sol de Justiça tirou sua substância corporal da substância da própria Maria, quando veio a este mundo dissipar nossas trevas. [...j
Excelências da luz de Maria
“Os bens provenientes da luz natural, a que brilha aos nossos olhos, são incontáveis. Sem ela a Terra não seria mais do que um horrendo deserto, tornando impossível a vida do homem. Mas os bens que nos traz Maria, a luz de nossas almas depois de Deus, são incomparavelmente mais preciosos e maiores. Sem a Santíssima Virgem, faltar-nos-ia não a luz do corpo, mas a de nossa alma. Sem Ela, todos os homens seriam infalivelmente vítimas da morte eterna, pois é por meio de Maria que nos veio o Divino Sol Jesus Cristo, fora do qual não encontraríamos nem luz nem salvação. [...
“Maria é ainda a luz, por causa de sua beleza. Depois de seu Divino Filho, não houve e não haverá jamais nada que se Lhe compare. O sol que ilumina nossos olhos, as estrelas que nos rejubilam com sua maravilhosa harmonia, nada são perto d’Ela. [...]
“A luz torna visíveis os mais humildes objetos: que um raio de sol penetre num ambiente, e logo se perceberá até os mínimos átomos de poeira volteando nos ares. Maria toma nossas almas, coloca-as em face de seu adorável Filho, faz penetrar em nós um raio de sua divina luz, e nossos olhos se abrem, reconhecemos nossas misérias, choramos nossos pecados, abraçamos a virtude. Nossos pensamentos, nossas afeições, esclarecidas graças a Maria, se voltam inteiramente para o soberano Bem.
“Maria é ainda a luz que nos precede e nos mostra o caminho que é preciso seguir em nossa perigosa viagem através do mundo. Ela nos ilumina com seus exemplos, ajuda-nos com sua poderosa intercessão.
“Sua luz não saberia enfraquecer, porque Ela deu o dia a Jesus Cristo, a Luz incriada, sem nada perder de sua própria integridade. A luz é incorruptível, a pureza de Maria é ainda mais incorruptível. Jamais se aproximou d’Ela qualquer fímbria de mácula. Esta luz não tem névoas, porque não há pecado em Maria.
“Para os que entram na via da perfeição, Maria é a luz que indica o caminho, aplaina os obstáculos, auxilia as flores e os frutos dos bons hábitos a se desenvolver e amadurecer, e fá-los crescer em graça e virtude. [...]
“Aqueles aos quais Maria ilumina, não cairão nos embustes do demônio” 48
48) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Waizer, 1900. Vol. I. p. 407-409.

domingo, 25 de novembro de 2012

Prece à Nossa Senhora



“Em mim, ó minha Mãe, Vós sois Rainha. Eu reconheço o vosso direito e procuro atender às vossas ordens. Dai-me lumen de inteligência, força de vontade, espírito de renúncia para que as vossas ordens sejam efetivamente obedecidas por mim. Ainda que o mundo inteiro se revolte e Vos negue, eu Vos obedeço.”

Plinio Correa de Oliveira - Extraído de conferência de 31/5/1975

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

A verdadeira glória de Maria

O que é glória?
São Tomás de Aquino define a glória como o efeito que se volta para sua causa e a louva. Então o movimento pelo qual os filhos se voltam para seus pais, os alunos para seus mestres, os súditos para seus governantes e os louvam, os homens — sobretudo — se voltam para Deus e O louvam; todo esse movimento é de glória. Há nisto algo de circular. É o louvor perfeito dado por aquele que deve gratidão perfeita, tributo perfeito, àquele que está na origem, ou da vida terrena, do talento, ou da cultura, das ações acertadas etc., e sobretudo a Deus Nosso Senhor que está na origem de todas as coisas, é a Causa das causas.
Esse conceito de glória nós o verificamos a respeito de Nossa Senhora da seguinte maneira:
A Virgem Santíssima é Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo, e, enquanto Mãe d’Ele, é Mãe do Corpo Místico de Cristo. Por meio d’Ela todas as graças vem aos homens, e todas as orações sobem até Deus. Evidentemente, Ela está, portanto, logo abaixo de Deus, e por desígnio de Deus, no ponto de partida de todas as coisas. E a glória d’Ela será completa quando todos os homens se voltem para Ela e A louvem.
Mas esse louvor não pode ser apenas um cântico da grandeza e da bondade de Nossa Senhora. Tem de ser também o reconhecimento efetivo desta grandeza e desta bondade, o qual se traduz nos atos. Quer dizer, louva Maria Santíssima quem vive de acordo com as virtudes das quais Ela deu exemplo, e pratica essas virtudes com o intuito de honrá-La. L
ouva Nossa Senhora, portanto, quem vive conforme as virtudes que a Igreja Católica inculca, porque a Mãe de Deus possui e praticou no mais alto grau todas as virtudes que a Igreja Católica ensina. A Virgem Maria era uma espécie de representação viva da Igreja Católica.
Uma pessoa que olhasse para Nossa Senhora teria, num só golpe de vista, a noção de toda a sabedoria, de toda a continuidade da Igreja, do esplendor de todos os seus santos, do talento dos seus doutores, da beleza de sua liturgia em todas as épocas, do heroísmo de todos os cruzados e de todos os mártires. Enfim, não houve coisa bela que a Igreja tivesse engendrado, e por onde manifestasse o seu espírito, que não brilhasse em Maria Santíssima completamente e com fulgor extraordinário.
Nós, portanto, louvamos a Nossa Senhora, sendo, vivendo e fazendo como a Igreja Católica manda.*
*Revista Dr Plinio

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Da plenitude de graças de Maria, recebe toda a humanidade

“São Luís Grignion nessa consideração, com verdadeiro olhar de águia, firma então o princípio: Nosso Senhor concedeu tanto a Maria que, em última análise, só deu a Ela.
“Com efeito, foi da plenitude por Ela recebida que todas as graças vieram para os homens. Ou seja, a humanidade inteira se beneficia do transbordamento das graças da Santíssima Virgem” 46
Confiança n ‘Aquela que é cheia de graça
Encerramos os comentários sobre o louvor “Cheia de graça sois”, com estas palavras igualmente proferidas pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira:
“Que importância têm os nossos inimigos, que importância tem, até mesmo, o demônio, se sabemos quem é Nossa Senhora? Que importância têm as tristezas de nossos dias? Debaixo de certo ponto de vista, que importância têm os nossos pecados? Se a Virgem Imaculada é cheia de graça, Ela, por uma palavra, pode nos libertar de todos eles. Por um movimento de sua misericórdia, Ela pode afastar todos os nossos defeitos e nos tolnaT completamente limpos e puros.
“Considerando a proporção insondável das graças de Maria, adquirimos outra confiança, outra alegria, outra esperança nos imponderáveis e nos inverossímeis de nosso apostolado e de nossa vida interior. Cheia de graça, a Santíssima Virgem é a porta que nos conduz a Nosso Senhor Jesus Cristo”
46) Cfr. CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Conferência em 4/8/1965. (Arquivo pessoal).

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Maria, cheia de graça

A respeito do progresso da graça na Santíssima Virgem, escreve um dos grandes mariólogos de nosso século:
“Antes da Anunciação, Maria já possuía a graça: Ela sempre a teve plenamente, e mesmo desde a sua concepção, por um privilégio exclusivo seu, com vistas à sua insigne missão. [...]
“Entretanto, no curso desse incessante progresso da graça em Maria, a Anunciação marca o momento único onde esta Virgem, neófita em sua maternidade, é literalmente transformada em seu Filho.
“Este Filho é um tesouro. Ele é o Princípio da graça; é o autor dela por sua divindade, e o instrumento de produção e de difusão da mesma entre nós, por sua humanidade. [...] Contendo Cristo em Si, antes de todo o mundo e para todo o mundo, Maria recebeu d’Ele uma maior plenitude de graça que todas as demais criaturas somadas, tornou-se mais cristã que todos os cristãos juntos. [...]
“E no momento em que Ela alcançou o termo de sua carreira terrestre, a Bem-aventurada Virgem encarnava verdadeiramente em sua pessoa e na sua vida, a mais alta perfeição e a própria plenitude da graça cristã.
“Esta água viva, que Maria Santíssima hauriu no contato com o Verbo Encarnado, tornou-se n’Ela uma fonte transbordante de vida eterna e pronta a se comunicar todos. No período da Assunção, os supremos instantes da Virgem unem concretamente o tempo e a eternidade, o regime da graça e o da glória. Terrena, ainda o é a Mãe de Jesus; celeste, Ela já o é — e quanto!”
BERNARD. Le Mystère de Marie. 4. ed. Bruges: Desclée de Brouwer, 1954. p. 91 e 210.

sábado, 17 de novembro de 2012

Contínuo crescimento de graça em Maria

A propósito da plenitude da graça em Nossa Senhora, importa considerar, ainda, o testemunho de São Luís Maria Grignion de Montfort, acompanhado de sábias ponderações do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira.
Assim se exprime aquele Santo: “Só Maria achou graça diante de Deus (Le. I, 30) sem auxílio de qualquer outra criatura. E todos, depois d’Ela, que acharam graça diante de Deus, acharam-na por intermédio d’Ela e é só por Ela que acharão graça os que ainda virão.
Maria era cheia de graça quando o Arcanjo Gabriel A saudou (Le. I, 28) e a graça superabundou quando o Espírito Santo A cobriu com sua sombra inefável (Le. I, 28)”
Ouçamos agora o comentário que deste trecho nos faz o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira:
“O pensamento é muito ligado ao admirável fato do crescimento da graça em Nossa Senhora.
“Sempre cheia de graça, houve porém determinado momento em que a Santíssima Virgem, pela sua perfeitíssima fidelidade, e por gratuita predileção de Deus para com Ela, adquiriu naquele instante a plenitude de dons celestiais correspondente: o momento em que o Espírito Santo A desposou, e n’Ela quis que Nosso Senhor Jesus Cristo fosse concebido.
“São Luís Grignion, com a exatíssima e ardorosa linguagem que o caracteriza, depois de falar em plenitude, indica que houve um transbordamento de graças a partir do momento em que Nossa Senhora se tornou Esposa do Espírito Santo e Mãe do Salvador.
“Tudo leva a crer que a gestação de Nosso Senhor Jesus Cristo, por ter sido perfeita, tenha durado nove meses normais. Nesse período, Maria Santíssima trazia consigo, como num tabernáculo, o Verbo Encarnado. Isso significava um processo interno de produção do corpo d’Ele, ao qual deveria corresponder, certamente, um processo de união de alma com o Filho que Ela estava gerando: Ela Lhe dava o corpo e Ele A revestia de graças em proporções inimagináveis.
“Está dito tudo” — pensará alguém. Ora, precisamente, não está tudo dito.
“Depois disso, Ela deveria aproveitar, com perfeitíssima fidelidade, os trinta anos da vida oculta de seu Divino Filho. Cada minuto de presença de Nosso Senhor Jesus Cristo na Sagrada Família representava imensa graça para Maria e São José, superiormente correspondida pelos dois.
“E a santificação de Nossa Senhora continua até o momento em que, depois da Ascensão de Jesus Cristo, recebe o Espírito Santo para distribuí-Lo a toda a Igreja (em Pentecostes sabemos que o Espírito Santo desceu sobre Ela na forma de uma chama que, em seguida, se derramou sobre todos os Apóstolos).
“Enfim, no momento em que Lhe era como que impossível crescer ainda em santidade, de tal maneira sua alma estava repleta de celestiais dons, Nossa Senhora teve a sua dormição, como é chamada sua morte, por uma linguagem teológica muito apropriada e muito poética.
45) GRIGNION DE MONTFOR1 Luís Maria. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 1961. P. 46.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Ave Maria cheia de graça

A plenitude de graça existente em Nossa Senhora foi objeto, ao longo dos séculos, da unânime homenagem dos Santos e dos autores eclesiásticos. Ouçamos, entre outros:
Santo Atanásio: “Fostes chamada cheia de graça porque possuístes a abundância de toda graça!”35
Dionisio o Cartuxo: “Assim como ninguém seria capaz de contar as gotas de água do mar, assim ninguém saberá exprimir a excelência da graça e da glória em Maria”36.
São Boaventura: “O Filho de Deus, santificando a Virgem, cumulou-A de graça, e depois de santificá-La, A protegeu Ele mesmo com sua sombra e A encheu de glória, de maneira que nem na alma nem no corpo, restasse parte que não estivesse cheia da graça da Divindade”.37
São Tomás de Aquino: “Em toda ordem de coisas, quanto mais alguém se aproxima do princípio dessa ordem, mais participa dos efeitos desse princípio [...] [v. g., o que mais próximo está do fogo, mais se aquece. Pois bem, Cristo é o princípio da graça: pela divindade, como verdadeiro autor, pela humanidade, como instrumento. E assim se lê em São João: «A Graça e a verdade vieram por Jesus Cristo» (Jo. I, 17). Ora, a Bem-aventurada Virgem Maria esteve proximíssima de Cristo, segundo a humanidade, posto que d’Ela recebeu Cristo a natureza humana. Portanto, deve ter obtido d’Ele uma plenitude de graça superior à dos demais” 38
O mesmo Doutor Angélico, em sua magistral interpretação da Ave Maria, acrescenta:
“A Santíssima Virgem superou aos Anjos pela plenitude da graça, que com mais abundância existe n’Ela do que em qualquer Anjo. Para manifestá-lo disse Gabriel: «gratia plena», isto é, «eu Te reverencio por que me avantajas em abundância de graça». A Virgem Maria está cheia de graça:
“Primeiramente quanto à alma, que possuiu a plenitude, já que Deus a distribui para dois fins: para operar o bem e para evitar o mal. Enquanto ao pecado a Virgem os evitou todos, e muito mais que qual quer Santo, sendo nisto a primeira depois de Cristo, já que nasceu sem o original e se viu livre durante a sua vida do mortal e do venial. Pelo que se Lhe pode dizer: «Tota pulchra est amica mea et macula non est in te» (Cânt. IV, 7).
“No tocante às obras de virtude, a Santíssima Virgem as praticou todas, enquanto que os Santos não praticaram senão algumas determinadas, pois um foi humilde, outro casto, outro misericordioso. Por isso cada um deles é proposto como modelo de uma virtude distinta, mas a Virgem Santíssima nos dá exemplo de todas.
“Está cheia de graça, em segundo lugar, porque esta superabundou tanto em sua alma que pôde chegar a santificar o seu corpo. Coisa grande é que os Santos tenham a [graça] suficiente para santificar a alma...
“Em terceiro lugar, está cheia de graça porque chegou a derramá-la sobre todos os homens. É coisa admirável que um Santo a tenha bastante para comunicar a salvação a muitos. Mas que salve a todos, não se pode dizer senão de Cristo e de Maria. Em qualquer perigo pode obter-se a graça d’Ela”.39
São Pedro Damião: “Assim a Virgem, eminentíssima e elevada entre as almas dos Santos e dos Anjos, antecede os méritos de cada um e os títulos de todos... Assim a Virgem singular supera a uma e outra natureza (angélica e humana) pela imensidade da sua graça e o fulgor das suas virtudes.” 40
São Pedro Crisólogo: “A cada um se lhe dá a graça por partes, mas a Maria Lhe foi concedida toda a plenitude da graça”. 41

Fr. Luís de Granada, fazendo eco à voz de seus antecessores, afirma: “Todos concordam em que a sacratíssima Virgem, antes de nascer, foi cheia de todas as graças e dons do Espírito Santo, porque assim convinha que fosse A que ab æterno era escolhida para ser Mãe do Salvador do mundo. Por maiores que fossem esta graça e estas virtudes, não há língua humana que o possa declarar. A razão é porque Deus faz todas as coisas conformes aos fins para que as escolhe, e assim as provê perfeitissimamente do que para elas é necessário. [...] E porque a esta sacratíssima Virgem elegeu para a maior dignidade que se possa conceder a mera criatura, daí vem que A adornou e engrandeceu com superior graça, com maiores dons e virtudes que jamais se concederam a nenhuma simples criatura” 42
São Tomás de Villanueva: “Dá rédeas soltas à imaginação, dilata os horizontes do entendimento e procura forjar em tua mente a imagem de uma virgem puríssima, prudentíssima, formosíssima, devotíssima, humilíssima, mansíssima, cheia de toda graça, dotada de toda santidade, adornada de todas as virtudes, enriquecida de todos os carismas, sumamente agradável a Deus; acrescenta quanto puderes, lança-te ao que alcançares; imensamente maior é a Virgem, mais excelente é esta Virgem, muito superior é esta Virgem.
“Não A descreveu o Espírito Santo nas sagradas letras, mas A deixou para que A esculpisses tu em tua alma, e assim compreendas que Ela nada faltou da graça, da perfeição, da glória que o espírito seja capaz de conceber numa mera criatura, e, mais ainda, que superou na realidade todo entendimento”.43


Por fim, as célebres palavras de Pio IX na Bula Ineffabilis Deus, m que proclamou o dogma da Imaculada Conceição:

“[O Padre Eterno], de preferência a qualquer outra criatura, fê-lA alvo de tanto amor, a ponto de se comprazer n’Ela com singularíssima benevolência. Por isto cumulou-A admiravelmente, mais do que a todos os Anjos e a todos os Santos, da abundância de todos os dons celestes, tirados do tesouro da sua Divindade. Assim, sempre absolutamente livre de toda mancha de pecado, toda bela e perfeita, Maria possui uma tal plenitude de inocência e de santidade, que, depois da de Deus, não se pode conceber outra maior, e cuja profundeza, afora de Deus, nenhuma mente pode chegar a compreender”.44

35) ATANASIO, Serin, de Deiparae. Apud JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Waizer, 1900. Vol. V. p. 370.
36) DIONÍSIO, o Cartuxo. De Laud. Virg. art. 3, Apud JOURI)AIN, Z.-C. Loc. cit.
37) BOAVENTURA. Obras Completas. Madrid: BAC, 1947. Vol. IV. p. 775.

38) AQUINO, Tomás de; BUSA, Roberto. S. Thomae Opera Omnia. Summa contra gentiles autographi deleta Summa Theologiae. Milano: Cartiere Binda, 1980. Vol. II. p. 811.

39) AQUINO, Tomás de; BUSA, Roberto. S. Thomae Opera Omnia. Reportationes Opuscula Dubiae Authenticitatis. Milano: Cartiere Binda, 1980. Vol.VI. p. 285.
40) DAMIÃO, Pedro. Serin. 40, in Assumpt. B. M. Virg. Apud ALASTRUE’Y, Gregório.Tratado de Ia Virgen Santísima, . ed.,Madü& BAC, 9S2, p. 23.
41) CRISÓLOGO, Pedro, Semi. 143, inAssumpt. B. M. Virg. Apud ALASTRUrio. Tratado de la Virgen Santísima, 3. ed., Madrid: BAC, 1952. p. 283.

42 GRANADA, Luís de. Obra Selecta. Madri: BAC, 1952 p. 730-731.
43 VILLANUEVA, Tomas de. Obras. 3. ed. Madrid: BAC, 1952. p. 194.
44 PIO IX. Bula Ineffabilis Deus. In: Documentos Pontifícios. Petrópolis: Vozes, 1953. p. 3.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Cheia de graça sois

Desejando que o Verbo se encarnasse a fim de resgatar a humanidade perdida, o Padre Eterno escolheu para Mãe do Homem-Deus uma Virgem, a mais pura, a mais santa, e a mais humilde entre todas.
Enquanto Maria, na sua pobre casa, estava ocupada em rogar pela vinda do Redentor, apareceu-Lhe, de repente, um Anjo saudando-A: nAve, gratia plena! Dominus tecum; benedicta tu in mulieribus (Le. I, 28) — “Salve, ó cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois entre as mulheres!”
Cheia de graça! “Desde que Adão fora expulso do Paraíso, era a primeira vez que um ser humano se via cumprimentado por um Anjo em termos tão honrosos. Ele interpelava Maria como sendo a mulher agraciada por Deus de modo singularíssimo, e que estava sob especial direção divina”
Excelência de graça superior à de todos os Anjos e Santos reunidos
“Inegavelmente foi a alma de Maria a mais bela que Deus criou. Depois da Encarnação do Verbo foi esta a obra mais formosa e mais digna de si, feita pelo Onipotente neste mundo. Uma maravilha enfim que só é excedida pelo próprio Criador, como diz Nicolau, monge. Por isso não desceu a graça em Maria, gota a gota como nos outros Santos. Desceu, ao contrário, tal como a chuva sobre o velo (Sl. LXXI, 6). Semelhante à lã do velo, sorveu a Virgem com alegria toda a grande chuva de graça, sem perder uma só gota.
“Era-Lhe, pois, lícito exclamar: Na plenitude dos Santos está minha morada (Ecli. XXIV, 16). Isto significa, conforme a explicação de São Boaventura: Possuo em sua plenitude o que só em parte possuem os outros Santos. E São Vicente Ferrer, referindo-se especialmente à santidade de Maria, antes de seu nascimento, diz que excedeu à de todos os Anjos e Santos.
“A graça que adornou a Santíssima Virgem sobrepujou não só a de cada um em particular, mas a de todos os Santos reunidos, como prova o doutíssimo Padre Francisco Pepe, jesuíta, em sua bela obra das Grandezas de Jesus e de Maria. Nela afirma que essa tão gloriosa opinião para com a nossa Rainha é hoje em dia comum e certa entre os teólogos contemporâneos. [...] Ora, se esta é comum e certa, muito provável é também esta outra sentença: Maria, desde o primeiro instante de sua Conceição Imaculada, recebeu uma graça superior à de todos os Anjos e Santos juntos.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Plenitude de graça correspondente à sublime dignidade de Mãe de Deus

“Escreve Dionísio Cartusiano: Por causa de sua predestinação para Mãe do Divino Verbo, foi Maria elevada a uma ordem superior à de todas as criaturas. Pois, segundo Suárez, de certo modo a dignidade de Mãe de Deus pertence à ordem de união hipostática, isto é, à união do Verbo Divino com a natureza humana. Com razão por isso, desde o princípio de sua vida, foram-Lhe conferidos dons de ordem superior, os quais excedem incomparavelmente a quantos foram concedidos às demais criaturas. [...]
“A Santíssima Virgem, diz São Tomás de Aquino, foi escolhida para ser Mãe de Deus e para tanto o altíssimo capacitou-A certamente com sua graça. Antes de ser Mãe, foi Maria, por conseguinte, adornada de uma santidade tão perfeita, que A pôs à altura dessa grande dignidade.
“Já em outra passagem da Suma Teológica, havia dito o Doutor Angélico que Maria é chamada «cheia de graça», porém não tanto por causa da graça propriamente, pois não a possuía na suma excelência possível. Também em Jesus Cristo, diz o Santo, a graça habitual não foi suma, isto é, de tal forma que o poder divino não a tivesse podido fazer maior em absoluto. Foi, entretanto, suficiente e correspondente ao fim para o qual a Divina Sabedoria A predestinara, digo para a união da santa Humanidade com a Pessoa do Verbo. Disso a razão no-la dá o mesmo Doutor: «Tão grande é o poder divino, que, por mais que conceda, sempre lhe resta a dar Por si só, é a criatura muito limitada em sua natural receptividade, e ao mesmo tempo capaz de ser inteiramente cumulada. Entretanto, é sem limites a sua faculdade de obediência à divina vontade, podendo Deus aumentar-lhe a receptividade e cumulá-la de graças».
“Mas, voltemos ao nosso assunto. Afirma São Tomás que Maria, não fosse embora cheia de graça em relação propriamente à graça, é entretanto chamada cheia de graça em relação a si mesma. Pois a recebeu imensa, suficiente e correspondente à sua sublime dignidade. Por ela então se tornou capaz de ser Mãe de um Deus. Escreve por isso Benedito Fernández: Na dignidade de Mãe de Deus está a medi da para se avaliar a graça comunicada a Maria”34.
34) LIGUORI, Afonso Maria de. Glórias de Maria Santíssima. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 1964. p. 208-2 11.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Nossa Senhora, Rainha posta para a salvação do mundo

Ainda sobre o título de Nossa Senhora Rainha, não menos eloquentes são estas palavras do Papa Pio XII:
“A realeza de Maria é uma realidade ultraterrena, que ao mesmo tempo, porém, penetra até no mais íntimo dos corações e os toca na sua essência profunda, no que eles têm de espiritual e imortal.
“A origem das glórias de Maria, o momento solene que ilumina toda a sua pessoa e missão, é aquele em que, cheia de graça, dirigiu ao Arcanjo Gabriel o Fiat, que exprimia o seu assentimento à disposição divina. Ela se tornava assim, Mãe de Deus e Rainha, e recebia o ofício real de velar sobre a unidade e paz do gênero humano. Por meio d’Ela temos a firme esperança de que a humanidade se há de encaminhar pouco a pouco nesta senda da salvação. [...]
“Que poderiam, portanto, fazer os cristãos na hora atual, em que a unidade e a paz do mundo, e até as próprias fontes da vida, estão em perigo, se não volverem o olhar para Aquela que se lhes apresenta revestida do poder real? Assim como Ela envolveu já no seu manto o Divino Menino, primogênito de todas as criaturas e de toda a criação (Col. I, 15), assim também digne-se agora envolver todos os homens e todos os povos com a sua vigilante ternura; digne-se, como Sede da Sabedoria, fazer brilhar a verdade das palavras inspiradas, que a Igreja Lhe aplica: «Por meu intermédio reinam os reis, e os magistrados administram a justiça; por meio de Mim mandam os príncipes e os soberanos governam com retidão» (Prov. VIII, 15-16).
“Se o mundo hoje combate sem tréguas para conquistar sua unidade e para assegurar a paz, a invocação do reino de Maria é, para além de todos os meios terrenos e de todos os desígnios humanos de qualquer maneira sempre defeituosos, o clamor da fé e da esperança cristã, firmes e fortes nas promessas divinas e nos auxílios inesgotáveis, que este império de Maria difundiu para a salvação da humanidade” 31
Rainha que vencerá a Revolução
Como fecho desses comentários ao louvor em epígrafe, vem a propósito outro pensamento do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, particularmente oportuno nesta atual fase histórica, convulsionada pelo caos em quase todas as atividades humanas:
“A realeza de Nossa Senhora, fato incontestável em todas as épocas da Igreja, veio sendo explicitada cada vez mais a partir de São Luís Grignion de Montfort, até aquele 13 de julho de 1917, quando Maria anunciou em Fátima: «Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará». E uma vitória conquistada pela Virgem, é o seu calcanhar que outra vez esmagará a cabeça da serpente, quebrará o domínio do demônio e Ela, como triunfadora, implantará seu Reino.
“Portanto, devemos confiar em que Maria já determinou atender as súplicas de seus filhos contra-revolucionários, e que Ela, Soberana do universo, pode fazer a Contra-Revolução conquistar, num relance, incontável número de almas. Nossa Senhora Rainha poderá expulsar desta Terra os revolucionários impenitentes, que não querem atender ao seu apelo, de maneira que um dia Ela possa dizer: Por fim — segundo a promessa de Fátima — o meu Coração Imaculado triunfou!” 32
31) PIO XII. Discurso no solene rito mariano de 1 de novembro de 1954. In: Documentos Pontifícios. Petrópolis: Vozes, 1955. p. 20-21.
32) Cfr. CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Conferências em 31/5/1965 e 31/5/1991. (Arquivo pessoal).

sábado, 10 de novembro de 2012

Rainha dos corações

Continuação dos comentários do Pequeno Ofício de Nossa Senhora
Continua o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira:
“Luís Grignion de Montfort faz referência a essa linda invocação que é Nossa Senhora Rainha dos Corações29.
“Como coração entende-se, na linguagem das Sagradas Escrituras, a mentalidade do homem, sobretudo sua vontade e seus desígnios”.
“Nossa Senhora é Rainha dos corações enquanto tendo um poder sobre a mente e a vontade dos homens. Este império, Maria o exerce, não por uma imposição tirânica, mas pela ação da graça, em virtude da qual Ela pode liberar os homens de seus defeitos e atraí-los, com soberano agrado e particular doçura, para o bem que Ela lhes deseja. “Esse poder de Nossa Senhora sobre as almas nos revela quão admirável é a sua onipotência suplicante, que tudo obtém da misericórdia divina. Tão augusto é este domínio sobre todos os corações, que ele representa incomparavelmente mais do que ser Soberana de todos os mares, de todas as vias terrestres, de todos os astros do céu, tal é o valor de uma alma, ainda que seja a do último dos homens!
“Cumpre notar, porém, que a vontade (isto é, o coração) do homem moderno, com louváveis exceções, é dominada pela Revolução. Aqueles, portanto, que querem escapar desse jugo, devem se unir ao Coração por excelência contra-revolucionário, ao Coração de mera criatura no qual, abaixo do Sagrado Coração de Jesus, reside a Contra-revolução: ao Sapiencial e Imaculado Coração de Maria.
“Façamos, então, a Nossa Senhora este pedido: «Minha Mãe, sois Rainha de todas as almas, mesmo das mais duras e empedernidas que queiram abrir-se a Vós. Suplico-Vos, pois: sede Soberana de minha alma; quebrai os rochedos interiores de meu espírito e as resistências abjetas do fundo de meu coração. Dissolvei, por um ato de vosso império, minhas paixões desordenadas, minhas volições péssimas, e o resíduo dos meus pecados passados que em mim possam ter ficado. Limpai-me, ó minha Mãe, a fim de que eu seja inteiramente vosso»” 30
29 GRIGNION DE MONTFORT, Luís Maria. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 1961. p. 42.
30) Cfr. CORRÊA DE OLiVEIRA, Plinio. Conferências em 31/5/1972 e 13/3/1992. Arquivo pessoal).

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Do Céu Rainha - Comentários do Pequeno Ofício da Imaculada

HINO
Salve, ó Virgem Mãe, Senhora minha,
Estrela da Manhã, do Céu Rainha,
Cheia de graça sois; salve, luz pura,

Valei ao mundo e a toda criatura.
Para Mãe o Senhor Vos destinou
Do que os mares, a Terra e Céus criou.
Preservou Ele a vossa Conceição
Da mancha que nós temos em Adão. Amém.

 Comentários do Pequeno Ofício da Imaculada
No post anterior foi comentado Estrela da Manhã

Afirma São Luís Grignion de Montfort que, “no Céu, Maria dá ordens aos Anjos e aos bem-aventurados. Para recompensar sua profunda humildade, Deus Lhe deu o poder e a missão de povoar de Santos os tronos vazios, que os anjos apóstatas abandonaram e perderam por orgulho. E a vontade do Altíssimo, que exalta os humildes (Lc. I, 52), é que o Céu, a Terra e o Inferno se curvem, de bom ou mau grado, às ordens da humilde Maria” 26
O glorioso título de Rainha
Essa augusta prerrogativa de Nossa Senhora nos é apresentada com maior profundidade pelo santo Fundador dos Redentoristas, ao iniciar ele seus belos e piedosos comentários sobre a Salve Rainha:
“Tendo sido a Santíssima Virgem elevada à dignidade de Mãe de Deus, com justa razão a Santa Igreja A honra, e quer que de todos seja honrada com o título glorioso de Rainha. Se o Filho é Rei, diz Pseudo-Atanásio, justamente a Mãe deve considerar-se e chamar-se Rainha. Desde o momento em que Maria aceitou ser Mãe do Verbo Eterno, diz São Bernardino de Siena, mereceu tornar-se Rainha do mundo e de todas as criaturas. Se a carne de Maria, conclui Arnoldo abade, não foi diversa da de Jesus, como, pois, da monarquia do Filho pode ser separada a Mãe? Por isso deve julgar-se que a glória do reino não só é comum entre a Mãe e o Filho, mas também que é a mesmo para ambos.
“Se Jesus é Rei do universo, do universo também é Maria Rainha, escreve Roberto abade. De modo que, na frase de São Bernardino de Siena, quantas são as criaturas que servem a Deus, tantas também devem servir a Maria. Por conseguinte, estão sujeitos ao domínio de Maria os Anjos, os homens e todas as coisas do Céu e da Terra, porque tudo  está também sujeito ao império de Deus. Eis por que Guerrico Lhe dirige estas palavras: «Continuai pois, a dominar com toda a confiança; disponde a vosso arbítrio dos bens de vosso Filho; pois, sendo Mãe, e Esposa do Rei dos reis, pertence-Vos como Rainha o reino e o domínio sobre todas as criaturas»” 27
Maria Rainha: obra-prima da misericórdia de Deus
À luz dos precedentes ensinamentos, ouçamos o Prof. Plinio Correa de Oliveira tecendo alguns comentários sobre a realeza da Santíssima Virgem:
“ Nossa Senhora Rainha é um título que exprime o seguinte fato. Sendo Ela Mãe da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade e Esposa da Terceira  Pessoa, Deus, para honrá-La, deu-Lhe o império sobre o universo; todos os Anjos, todos os Santos, todos os homens vivos, todas almas  do Purgatório, todos os réprobos no Inferno e todos os demónios obedecem à Santíssima Virgem. De sorte que há uma mediação de poder, e não apenas de graça, pela qual Deus executa todas as suas obra e realiza todas as suas vontades por intermédio de sua Mãe.
“ Maria não é apenas o canal por onde o império de Deus passa, mas é também a Rainha que decide por uma vontade própria, consoante os desígnios do Rei.

Nossa Senhora é uma obra-prima do que poderíamos chamar a habilidade de Deus para ter misericórdia em relação aos homens...” 28

27 Liguori, afonso Maria de. Glórias de Maria Santíssima. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 1964. p. 23-24.

28 Cfr. CORRÊA DE OLiVEIRA, Plinio. Conferência em 22/5/1968. (Arquivo pessoal).

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Nossa Senhora das Graças






A invocação de Nossa Senhora das Graças quer dizer que Ela tem em suas mãos todas as graças, porque é a depositária de todos os tesouros de Deus. Mas também significa Nossa Senhora dadivosa, misericordiosa, que tem as mãos abertas para mostrar que Ela quer dar tudo. Ela é a Mãe de misericórdia, que deseja tocar todas as almas, inundá-las de benefícios, encher o mundo inteiro das manifestações soberanas e celestes de sua bondade e de seu poder.

Plinio Correa de Oliveira - Extraído de conferência de 26/11/1970

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Fui estabelecida guardiã


Santa Catarina Labouré encontrou Nossa Senhora no presbitério, sentada numa cadeira que até hoje se pode venerar na capela da Rue du Bac. E chegou a falar com Ela, apoiando seus cotovelos nos joelhos de Maria Santíssima!
O que deve ter restado na alma de Santa Catarina durante a vida inteira, por aquilo que ela viu, nem sei dizer. Mas certamente Nossa Senhora comunicou-lhe uma grandeza de alma e uma obediência cada vez maior. Quando ela era agraciada, nas sucessivas visões, Santa Catarina Labouré ficava mais obediente. Cada vez mais ela compreendia aquele universo de santidade que havia no Coração da Mãe de Deus e, portanto, lhe ficava mais claro o absurdo de desobedecer à Santíssima Virgem.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Estrela da manhã

Continuação do post anterior Estrela da Manhã
Em importante conjuntura de sua admirável gesta contra-revolucionária, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira assim se dirigiu aos seus seguidores:
“A estrela da manhã aparece no período incerto entre a noite que ainda existe, e o dia que timidamente vai nascendo.
“Não é bem essa a época em que vivemos, na qual imperam as trevas da Revolução, porém na qual já se pressente o triunfo do Sapiencial e Imaculado Coração de Maria, prometido por Nossa Senhora em Fátima?
“Portanto, é a Maria enquanto Stella Matutina, enquanto a Estrela que nos anuncia como iminente a aurora de seu Reino, é a Ela que devemos recorrer nas dificuldades referentes à causa contra-revolucionária, em nosso apostolado, e em todas as ocasiões em que a piedade nos sugira essa invocação.
“Estrela da Manhã, Vós que fostes, durante a noite inteira da espera, a nossa luz e a promessa do alvorecer, fazei com que desponte quanto antes o dia de vosso Reino!”
CORREA DE OLIVEIRA, Plinio. Conferências em 28-29/11/1991 e 1/12/1991. (Arquivo pessoal).
Estrela da Manhã que precedeu o Sol de Justiça
“A augusta Virgem Maria — prossegue o Pe. Jourdain — é a mais resplandecente das estrelas que cintilam na abóbada celeste: Ela é a estrela da manhã, de todas a mais bela e a mais brilhante. [...J
“A estrela da manhã marca o fim da noite precedente e o começo do dia. Maria foi igualmente o fim da noite, e o começo de um novo dia. Antes do nascimento de Maria, as trevas do pecado e a noite da infidelidade mantinham o universo sob tão cruel opressão, que não podia ele divisar o Sol de Justiça, o Cristo, o Messias prometido. Deus Se fez preceder, portanto, pela Estrela da Manhã, a fim de que os olhos do coração [humano], obcecados pelo lodo imundo das iniquidades e, em consequência, incapazes de fitar a grande e verdadeira luz, se habituassem primeiro à claridade da Estrela, para em seguida e gradualmente receber [...] o brilho de Jesus Cristo.
“Eis porque a graciosa Virgem Maria surge toda resplandecente, antes do nascer do verdadeiro Sol; eis porque nossa Estrela da Manhã precede o Salvador. Desde o aparecimento desta Estrela cintilante de claridade, dissipou-se a sinistra escuridão do crime e do erro, o culto dos ídolos foi abalado, e os oráculos dos falsos deuses reduzidos ao silêncio.
“A estrela da manhã, precedendo o sol, o traz consigo. A Bem-aventurada Virgem Maria introduziu entre nós o verdadeiro Sol de Justiça, que ilumina todo homem vindo a este mundo. Ela pode, portanto, ser chamada fonte de luz. É esta a saudação que Lhe dirige São Gregório o Taumaturgo: «Eu Vos saúdo, cheia de graça, fonte de luz, que ilumina todos os que crêem em Vós
“E São Metódio igualmente Lhe diz: «Ao primeiro clarão, ó Santíssima Virgem, desta fulgurante luz que trouxe ao mundo o verdadeiro Sol de Justiça, desapareceu o espantoso horror das trevas, e o universo inteiro se encheu dos mais puros fulgores da verdade!»
Estrela que afugenta os demônios e embeleza a criação
“A estrela da manhã anuncia a chegada do sol, o que obriga às serpentes, aos lobos, às feras e aos animais selvagens a entrar novamente em suas tocas; ela espanta as aves noturnas e convida os pássaros do céu a entoarem seus cantos. A Bem-aventurada Virgem Maria não foi apenas a mensageira do Sol de Justiça. Ela O trouxe em seu seio; Ela pôs em fuga as bestas infernais, isto é, os demônios; Ela dissipou, como aves da noite, os fátuos erros do paganismo; e Ela incitou aos próprios Anjos e a todas as almas santas a celebrar os louvores do Senhor. [...]
“A estrela da manhã amedronta os ladrões, fortifica os doentes, a tudo embeleza. Maria afugentou os ladrões que são os demônios. Desde que Ela deu ao mundo o Filho de Deus feito homem, Satanás compreendeu que ele estava destituído de seu usurpado império. Júpiter, Marte, Vênus, Saturno e as outras monstruosas divindades adoradas pelos homens, eclipsaram-se vergonhosamente. [...]
“Maria, como a estrela da manhã, reanima os enfermos, quer dizer, os pecadores, pois Ela engendrou o Sol do qual foi dito pelo Profeta Malaquias (IV, 2): «0 sol da justiça se levantará para vós que temeis meu nome, e encontrareis vossa salvação sob suas asas». Ademais, por sua intercessão, Ela afugenta as tentações da concupiscência e os maus pensamentos, e sana todas as enfermidades fortificando os doentes.
“Maria a tudo embeleza. Com efeito, desde que, após tantos séculos de trevas, Ela se mostrou ao mundo, e com Ela seu Divino Filho, sua beleza, sua bondade, sua humildade, seu amor, sua demência, sua misericórdia, sua benevolência, espargiram um tão vivo fulgor, que o mundo pareceu mais belo aos olhos de Deus e dos Anjos, como não era antes da queda do primeiro homem, e a Terra mesma estremeceu de júbilo. [...1
Fulgurante astro no firmamento da santidade
“Entre todos os astros da noite, a estrela da manhã é aquele que cintila mais vivamente. A Bem-aventurada Virgem Maria elevou- se acima dos Santos do Antigo Testamento. Ela reluz no meio deles com incomparável brilho. Seus raios se obscurecem ao aparecimento de Maria, porque suas virtudes, comparadas às d’Ela, perdem todo o fulgor.
“Que são, em presença das perfeições de Maria, a inocência de Abel, a justiça de Noé, a obediência de Abraão, a paciência de Jacob, a castidade de José, a doçura de Moisés, a coragem de Josué, a caridade de Samuel, a humildade de David, o zelo de Elias, a abstinência de Daniel, a eminente santidade de São João Batista, a candura de Simeão, a piedade de Ana, a santidade de Isabel? Assim como em comparação com Deus ninguém é santo, de igual modo ninguém, posto em paralelo com Maria, é perfeito, puro e ornado de extraordinárias virtudes.
“Tal é o sentimento de São Jerônimo, que, após enumerar várias santas mulheres do Antigo Testamento, acrescenta: «Silencio-me sobre Ana, Isabel e as outras mulheres. Fraco é o seu brilho, empalidecendo e se eclipsando em presença da exuberante luz de Maria». Bem merece Ela, pois, o nome de Estrela da Manhã.
“Ao despontar da estrela d’alva, cai o orvalho a refrescar os campos e a fecundar a terra. Ao aparecimento da Mãe de Deus, difundiu-se um abundante rocio de graça sobre o mundo: o Verbo de Deus desceu ao seu seio para nele se revestir de nossa natureza humana.
“Enfim, não se passa das trevas da noite à luz do dia, sem que a estrela da manhã tenha espargido sua doce claridade. Do mesmo modo, é impossível passar das trevas do pecado à luz da graça e das virtudes, sem a intercessão de Maria” 25


25) JOURDAJN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900. Vol. III. p. 272-282; Vol. V p. 605.

domingo, 4 de novembro de 2012

Estrela da Manhã

HINO
Salve, ó Virgem Mãe, Senhora minha,
Estrela da Manhã, do Céu Rainha,
Cheia de graça sois; salve, luz pura,

Valei ao mundo e a toda criatura.
Para Mãe o Senhor Vos destinou
Do que os mares, a Terra e Céus criou.
Preservou Ele a vossa Conceição
Da mancha que nós temos em Adão. Amém.

 Comentários do Pequeno Ofício da Imaculada
No post anterior foi comentado Senhora minha
Agora comentaremos Estrela da Manhã

“É bem conhecida a passagem, em geral cheia de poesia, mas também de incertezas, da noite para o dia.
“Em meio às trevas da madrugada notam-se, de repente, alguns pontos do céu esbranquiçados, e se tem a impressão de que é o começo do alvorecer. De fato não o é: o firmamento se cobre novamente de negro, e só aos poucos vai se tornando pálido. É nesse momento que brilha, com todo o seu fulgor, a estrela da manhã ou, como muitos a chamam, estrela d’alva. É ela o anúncio da aurora, o sinal de que o sol está por vir” 23.
A evocativa beleza desse corpo celeste refulgindo nos albores do dia, constitui expressiva representação do esplendor da verdadeira Estrela da Manhã, Maria Santíssima.
Maria e o símbolo da estrela
“Nossa Senhora — comenta o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira — é chamada, muito a propósito, de Estrela luminosíssima. Incontáveis astros reluzem no firmamento, porém Ela é o mais resplandecente de todos: ou seja, Maria é a mais luminosa das criaturas.
“E por que é simbolizada pela estrela? Porque é durante a noite que cintilam as estrelas, e esta vida é para o católico uma noite, um vale de lágrimas, uma época de provação, de perigo e de apreensões. Na eternidade teremos o dia, porém na vida terrena temos o escuro da madrugada. E nesta noite existe uma estrela que nos guia, que é a consolação de quem caminha nas trevas, olhando para o céu: Maria Santíssima, a mais fulgurante de todas as estrelas!” 24
O Pc. Jourdain nos indica outras razões pelas quais Nossa Senhora é apresentada pela figura da estrela:
“O símbolo da estrela convém admiravelmente a Maria. Ele nos faz melhor compreender suas inefáveis grandezas e o que para nós Ela representa. «O sol é Jesus Cristo, e Maria é a estrela», diz Hugo de São Vitor. [...]
“Vários astros tiram toda a sua luz do sol. Maria testemunha que Ela também tirou sua luz do Sol de Justiça, Jesus Cristo. «Aquele que é poderoso, diz Ela, fez em Mim grandes coisas, e seu nome é santo». Ela reflete tão perfeitamente a luz divina, que a Igreja não hesita em Lhe aplicar várias passagens da Sagrada Escritura que concernem, em primeiro lugar, à Sabedoria incriada. [...]
“A estrela permanece sempre no firmamento, e jamais baixa sobre a terra. A Santíssima Virgem sempre levou uma vida celeste: todas as suas afeições estavam no Céu. Nunca aplicou seu espírito nas coisas terrenas e carnais. Assim o Esposo louva sua fronte, dizendo que «ela é como o monte Carmelo» (Cânt. VII, 5). Assim como o píncaro do Carmelo nunca se viu coberto pelas nuvens e gozou sempre de um ar puro, assim a alma de Maria jamais foi molestada pelas afeições terrestres e nebulosas: resplandecia Ela de celeste serenidade. [...]
“Os antigos viam a substância das estrelas como incorruptível, inacessível, portanto, à destruição que o tempo traz para as coisas da Terra. Maria foi isenta de toda corrupção: sua came não conheceu a dissolução no túmulo, nem sua alma, a produzida pelo pecado.
“Uma estrela deita sua luz com grande fulgor, sem lesão de sua substância. A Bem-aventurada Virgem Maria, do mesmo modo, sem prejuízo de sua virgindade, projetou de suas castas entranhas o Cristo, a Luz do mundo. [...]
“As estrelas influem sobre as criaturas terrenas, iluminando-as e contribuindo à sua geração. Sem a luz do sol, da lua e das estrelas, o universo cairia numa espécie de caos. A Bem-aventurada Virgem Maria influi igualmente sobre o mundo obscurecido pelas trevas do pecado: Ela o ilumina, protege-o e o conserva sob seu domínio, de tal maneira que, se Ela não existisse, de há muito teria o mundo desaparecido. [...]
“Uma estrela, apesar de sua aparente imobilidade, percorre com extrema rapidez e perfeita regularidade distâncias inimagináveis. Assim, a Virgem Santíssima, apesar de sua firmeza inabalável, percorreu uma tão vasta trajetória na via da perfeição e dos méritos, que sobrepujou a todos os Santos e todos os Anjos. [...]
O Divino Sol de Justiça não eclipsa a beleza de Maria
“Existe, porém, uma diferença entre Maria e as estrelas. Quando aparece o sol, todos os demais astros se despojam de seus raios e parecem imergir no nada, O Divino Sol de Justiça não eclipsa a beleza de Maria. Pelo contrário, confere Ele maior brilho à sua glória. [...]
“[Podemos resumir com] Guilherme de Paris: «Maria, desde o seu nascimento, foi uma estrela, por sua preservação do pecado original que A tomou incorruptível; pela luz do bom exemplo que Ela espargiu em torno de si e que se estendeu ao mundo inteiro; por seu desapego das coisas da Terra: desprezou a glória, porque foi humilde, as riquezas porque foi muito pobre, os prazeres porque foi santíssima; pelo novo fulgor que Ela confere ao Paraíso, do qual sua glória é um dos mais belos ornamentos». [...]

23) Cfr. CORREA DE OLIVEIRA, Plinio. Conferências em 29/11/1991 e 1/12/1991. (Arquivo pessoal).
24) Cfr. CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Conferência em 24/8/965. (Arquivo pessoal).
  Continua...

sábado, 3 de novembro de 2012

Senhora minha


HINO

Salve, ó Virgem Mãe, Senhora minha,
Estrela da Manhã, do Céu Rainha,
Cheia de graça sois; salve, luz pura,
Valei ao mundo e a toda criatura.
Para Mãe o Senhor Vos destinou
Do que os mares, a Terra e Céus criou.
Preservou Ele a vossa Conceição
Da mancha que nós temos em Adão. Amém.

 Comentários do Pequeno Ofício da Imaculada
No post anterior foi comentado Salve, ó Virgem Mãe


Desde a infância, Senhora do Céu e da Terra
Interpretando a etimologia do santíssimo Nome de Maria, escreve São João Eudes:
“Maria significa Senhora. Efetivamente, a gloriosa Virgem é, desde a sua infância, Senhora soberana do Céu e da Terra, dos homens, dos Anjos e de todas as criaturas; e tem um poder absoluto no Céu, na Terra e no Inferno, sobre os demônios, sobre as coisas corporais e espirituais, e sobre todas as obras de Deus. E isto por três títulos: como primogênita [das criaturas] e, portanto, herdeira de todos os estados do Padre Eterno; como Mãe de Deus, e como Esposa do Espírito Santo que, por conseguinte, participa de todos os direitos de seu Esposo”18.
Senhora de toda a criação, no Filho e pelo Filho
Não raras vezes, essa gloriosa soberania de Maria foi exaltada pela devoção dos Santos e dos autores eclesiásticos. Em seu bem documen tado tratado sobre a Santíssima Virgem, D. Gregório Alastruey recolhe alguns desses louvores:
“Santo Efrém dirige-se a Ela dizendo: «Senhora de tudo, depois da Trindade... Virgem Senhora, Mãe de Deus». [...]
“São Germano de Constantinopla: «Senhora de todos os filhos da Terra».
“São João Damasceno: «Em verdade que é propriamente Mãe de Deus e Senhora, e sendo ao mesmo tempo escrava e Mãe do Criador, impera sobre toda a criação».
“Santo Ildefonso de Toledo: «O Senhora minha e minha Dominadora, Mãe de meu Senhor, serva de teu Filho; sois Senhora minha, porque fostes serva de meu Senhor».
“Santo Anselmo: «A Vós, ó magna e excelentíssima Senhora, quer meu coração amar-Vos!» [...]
“São Boaventura: «A Bem-aventurada Virgem Maria, como eleita Mãe de Deus, é a Senhora dos Anjos, os quais A servem como ministros»” 19
A seguir, conclui D. Alastruey: “Não compete a Maria direito estrito de domínio sobre todas as coisas criadas; no entanto, na dependência do direito de Cristo, a quem tudo está submetido, é e pode chamar-se, como Mãe sua amantíssima, Senhora de toda a criação, no Filho e pelo Filho.
“Ademais, enquanto sendo Mãe de Deus e consorte do Redentor, conseguiu tanto poder junto do Filho onipotente, Redentor do gênero humano, para impetrar o que quisesse, que nenhuma criatura nem autoridade alguma natural se compara em poder com Ela” 20.
Todas as criaturas aos pés da Virgem
Assim, toma particular realce este comentário do Pe. Henry Bolo:
“Maria é a Senhora deste mundo. Ela domina o oceano dos seres, Ela compartilha a soberania de seu Filho, tendo participado do resgate universal pelo qual foi adquirido esse império. Ela está revestida do sol, emblema da magnificência do mundo sobrenatural; Ela tem, sob seus pés, a lua, símbolo desta pálida criação que se desloca na noite. [...]
“A Igreja, intérprete do universo, coloca aos pés da Virgem todas as criaturas: para louvá-La, os campos não têm bastantes flores, nem o céu estrelas, nem as pedras preciosas brilho, nem as vozes cânticos, nem possuem as almas suficiente pureza. O triunfo de Maria é excedi do apenas pelo de seu Divino Filho.
“Se não é a Ela que Deus confere a honra incomunicável e reservada ao Verbo Encarnado, de sentar-se à sua direita, contudo a Virgem aparece portando o mesmo Deus, como o trono vivo donde emana a realeza, a justiça, a glória.
“Por isso Ela se chama Maria: a Soberana” 21.
Senhora do Senhor dos senhores
“Senhora dos Anjos, dos homens e das graças!” — exclama outro eminente mariólogo. “Senhora de seu Filho, que é ser Senhora do Senhor dos senhores.
“Senhora, que significa dona e dominadora dos Céus e da Terra, à qual estão sujeitas todas as potestades do Inferno. Dispensadora de todas as graças, e a quem, portanto, devemos recorrer na vida e na morte, na prosperidade e na adversidade. Ó Senhora minha!” 22

Continua no próximo post


18) EUDES, Juan. La Infancia Admirabile dela Santísima Madre de Dios. Bogotá: San Juan Eudes, 1957. p. 295-296.

19) ALASTRUEY, Gregório. Tratado dela Vuìgen Santísima. 3. ed. Madrid: BAC, 1952. p. 823.
20) Idem, p. 827.
21) BOLO, Henry. Pleine de Grace. Paris: René Haton, 1895. p. 55-56.
22) BARCON, Javier. Aprende a orar. Apud ROYO MARIN, Antonio. La Virgen María, Teología y espiritualidad marianas. Madrid: BAC, 1968. p. 446.