sábado, 29 de setembro de 2012

Oração à Rainha da Paz

 Ó Maria, doce Mãe de Jesus Cristo, Príncipe da Paz, eis a vossos pés vossos filhos tristes, perturbados e cheios de confusão, pois, por causa de nossos pecados, afastou-se de nós a paz. Intercedei por nós para que gozemos a paz com Deus e com nosso próximo, por vosso Filho Jesus Cristo. Ninguém pode dá-la senão esse vosso Filho, que recebemos das vossas mãos. Quando nasceu de vossas entranhas em Belém, os anjos nos anunciaram a paz; e quando Ele abandonou o mundo, no-la prometeu e deixou-a como Sua herança.
Vós, ó Bendita, trazeis sobre os vossos braços o Príncipe da Paz, mostrai-nos esse Jesus e deitai-O em nosso coração! Ó Rainha da Paz, estabelecei entre nós o vosso Reino e reinai com vosso Filho no meio de vosso povo que, cheio de confiança, se recomenda à vossa proteção. Afastai para longe de nós os sentimentos de amor-próprio; expulsai de nós o espírito de inveja, de maledicência, de ambição e de discórdia!
Fazei-nos humildes no bem-estar, fortes no sofrimento, pacientes e caridosos, firmes e confiantes colaboradores da Divina Providência! Com o Menino nos braços abençoai-nos, dirigindo nossos passos no caminho da paz, da união e da mútua caridade, para que, formando aqui a vossa família, possamos bendizer-vos e a vosso Divino Filho por toda a eternidade. Amém. ²
 (OLIVEIRA, Maria Goretti e SILVA, Cláudia Zem. Povo em Oração. 4.ed. São Paulo: Paulinas, 2006, p.156-157.)

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Nossa Senhora, nossa Mãe e Mãe de Jesus


Alguém poderá dizer: “Eu sinto que não sou digno, e que minha oração não vale nada.” De fato, nenhum homem é digno de ser atendido. Por isso existe Nossa Senhora, nossa Mãe e Mãe de Jesus. Quando a mãe é boa, ela tem toda espécie de paciência, afeto, indulgência para com o filho. O filho pode fazer as piores coisas que ela tem pena dele e o ajuda mais uma vez.

Nosso Senhor Jesus Cristo fez esta maravilha: Ele se encarnou numa Mulher, para nascer de uma Mulher que seria a Mãe d’Ele. E no momento em que Ela se tornou Mãe de Nosso Senhor, tornouse Mãe nossa. Ele morreu por nós no alto da Cruz e disse que Ela é Mãe nossa.

Imaginemos que Nosso Senhor Jesus Cristo tivesse como Mãe a mãe de um de nós. Este ficaria estimulado: “Ah! desta vez eu vou ser atendido, porque consigo tudo de minha mãe...” Nossa Senhora nos ama muito mais do que nossas mães nos amam.

Assim, a cada um de nós Ela quer com esse amor, esse afeto, essa bondade. E Ela obtém de Nosso Senhor a graça que nossas orações não obteriam. Nenhum homem é digno de receber nada. Mas pedindo a Nossa Senhora, que é Mãe de misericórdia, ele obtém.

E se algum de nós pecar, sobretudo, não desanime! Confie, confie, confie, porque um dia Nossa Senhora alcançará uma dessas graças com que se ganha a batalha desta vida!

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Imaculada Conceição


Neste exílio, em meio à humanidade corrompida, aparece uma criatura concebida sem pecado original, um lírio de incomparável formosura que deveria alegrar os coros angélicos e a Terra inteira.

Nossa Senhora trazia consigo todas as perfeições naturais que dentro de uma mulher possam caber: uma personalidade riquíssima, preciosíssima, valiosíssima. Se a isso tudo juntarmos os tesouros das graças que vinham com Ela — as maiores que Deus Nosso Senhor tenha concedido a alguém, graças verdadeiramente incomensuráveis —, compreenderemos então o que representa o advento de Maria Santíssima ao mundo.

O nascer do Sol é uma realidade pálida em relação à entrada de Nossa Senhora nesta Terra. Os mais grandiosos fenômenos da natureza, mesmo os que representem algo de precioso e inestimável, nada são em comparação com isso; a entrada mais solene que se possa imaginar de um rei ou de uma rainha em seu reino, ainda é nada em confronto com esse advento.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

O primeiro ato de amor…



Não há maior sujeição nesta Terra do que a de uma criança à sua mãe no ventre materno. E, durante nove meses consecutivos, Nosso Senhor quis pertencer inteiramente a Nossa Senhora! Jesus, o esperado das nações, o HomemDeus, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, quis sujeitar-se a Maria!

Sendo perfeitíssimo desde o primeiro instante, quando seu corpo começou a se constituir Nosso Senhor começou a pensar; começando a pensar, começou a orar e, conhecendo perfeitamente de que Mãe era Filho, Ele certamente disse a Ela uma palavra de amor. Podese calcular qual foi essa primeira palavra de amor d’Ele para Nossa Senhora, e qual foi a resposta d’Ela, sentindo o carinho que Lhe vinha do Filho de Deus?

Que riqueza de alma era preciso ter para responder adequadamente a esse primeiro carinho! Que noção dos matizes! Que noção das situações! Que perfeita disponibilidade de alma para corresponder a tudo perfeitamente, e oferecer a Ele esta primícia incomparável: o primeiro ato de amor que o gênero humano Lhe oferecia!

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Oração de reconhecimento a Maria

Ó Mãe benigna d'Aquele que disse: “Não são os que gozam de saúde que precisam de médico”, e em outra ocasião: “Perdoai até setenta vezes sete!”. Quando é que as nossas repetidas quedas poderão esgotar o Vosso poder ou a ternura da Vossa solicitude maternal? Ides em busca do pecador que todos repeliram, e, ao encontrá-lo, o abraçais e reanimais, e não descansais enquanto não o curais. Eu sou um dos Vossos doentes, salvai-me.
Eu sou Vosso, salvai-me” (Sl 118, 94). Este será o meu grito de esperança em todos os dias do meu desterro. Quanto mais me lembrar das minhas quedas passadas, mais me lembrarei de Vós, que pudestes e quisestes com toda a bondade levantar-me delas; e maior será a minha certeza de que não me abandonareis a meio da minha cura.
E por fim, no Céu, quando timidamente for ocupar o meu lugar entre os que Vos devem a salvação, porque, no meio das suas misérias, puseram em Vós toda a sua esperança, serei a vossa glória, como um doente é a glória do médico que o arrancou da morte já às portas dela, e não uma vez somente, mas muitíssimas.
Então — e será este o fruto mais delicioso que a graça terá produzido —, as minhas próprias faltas serão o pedestal da Vossa glorificação e, ao mesmo tempo, o trono das divinas misericórdias, que eu eternamente quero cantar: Misericordias Domini in æternum cantabo! (Sl 88, 2). Cantarei pelos séculos dos séculos as misericórdias do Senhor!
(Pe. Joseph Tissot. A arte de aproveitar as próprias faltas. São Paulo: Quadrante, 1995, p. 126)

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Orações de uma mãe

É dificil haver maior amor humano que o de uma mãe por seu filho. Antes mesmo de ele nascer, ela já o quer. Por isso mesmo, é indizível o seu sofrimento quando o vê trasviar-se por tortuosos e sinistros caminhos.
Esse tema, de todas as épocas, levou Catherine Moitessier, condessa de Flavigny, a incluir estas confortadoras preces na sua “Coletânea de orações, meditações e leituras”. O livro foi publicado em Tours (França), no fim do século XIX, e teve tanto êxito que chegou a alcançar as dezoito edições.
Oração pelo filho ao qual dará à luz
Ó meu Deus, que me designastes para dar a vida a criaturas que devem tornar-se vossos filhos, filhos da Santa Igreja, irmãos de Jesus Cristo, herdeiros do Céu, dou-Vos graças por me ter concedido tal benefício e uma glória tão bela.
Imploro-Vos tornar-me digna desta elevada vocação que me concedestes.
Ofereço-Vos desde já, Senhor, o filho que me destes. Dignai-Vos preservar-me de todo acidente que possa ser-lhe funesto, e conceder-me a força necessária para trazê-lo ao mundo.
Tomai, meu Deus, a mãe e o filho sob a proteção de vossa bondade paterna.
— Que Nosso Senhor, O qual, vivendo nesta terra, tanto amou os pequeninos, abençoe desde já também este e o marque com o selo de seus eleitos.
— Que o santo Anjo designado para a sua guarda o mantenha vivo até o momento do batismo, o tome pela mão desde seu nascimento e o conduza até a hora da morte, sem permitir que manche a alva túnica de sua inocência!
— Que Maria, Mãe Imaculada de Jesus e recurso de todas as pobres mães, se digne vir em meu auxílio!
— Ó meu Deus, possa meu filho deixar meus braços e esta terra tão somente para encontrar-se convosco, junto aos coros celestiais dos anjos, ou na comunidade de vossos santos. Assim seja.
Oração pelo filho desencaminhado
Ó Jesus, Salvador e Redentor dos homens, Vós, que na tocante parábola do filho pródigo testemunhastes uma tão doce misericórdia pelos filhos que se desencaminham, dignai-Vos reconduzir o meu, infelizmente arrastado para longe de Vós, longe de mim, longe do dever.
Meu pobre filho! Ó meu Deus, eu Vos suplico, pelas lágrimas de Maria Santíssima, abri os olhos dele, tocai seu coração, quebrai as correntes que o escravizam, dai-lhe coragem. Que ele volte para Vós como um outro Agostinho, abrace Vossos pés sagrados como Madalena arrependida.
Mas, se diante de vossos olhos, aos quais nada é escondido, ó meu Deus, eu tive a terrível responsabilidade pelos desvarios que deploro;
Se, por uma negligência ou por uma culposa fraqueza, eu permiti que se inoculasse e desenvolvesse na alma de meu filho germens perigosos;
Se, mais tarde, de algum modo autorizei suas desordens, pela leviandade de minhas palavras ou de minha conduta, ó Senhor, vede meu arrependimento, a dor que expia as minhas faltas.
Perdoai a nós dois, e dai-nos a graça de nos unirmos a Vós para sempre. Assim seja.

domingo, 23 de setembro de 2012

Oração à Nossa Senhora


Mãe de Deus, Senhora do mundo, Rainha do Céu, em Vós acham os anjos a alegria, os justos a graça, os pecadores o perdão para sempre. Com razão, portanto, põem em Vós seus olhos todas as criaturas, porque em Vós, por Vós e de Vós, a benigna mão do Onipotente refez tudo o que Ele havia criado.

                                  (São Bernardo)

sábado, 22 de setembro de 2012

Benefícios do Rosário

O Rosário transporta-nos misticamente para junto de Maria (...) para que Ela nos eduque e nos plasme até que Cristo esteja formado em nós plenamente” — ensinava o saudoso Papa João Paulo II. E acrescentava: “Nunca, como no Rosário, o caminho de Cristo e o de Maria aparecem unidos tão profundamente. Maria só vive em Cristo e em função de Cristo”.
Nunca deixe de rezar o Rosário, sob pretexto de ter muitas distrações involuntárias, falta de gosto em rezá-lo, muito cansaço, insuficiência de tempo, ou qualquer outro. Para rezar bem o Rosário, não é necessário sentir gosto, ter consolações, nem conseguir uma aplicação contínua da imaginação. Bastam a fé pura e a boa intenção.
E veja quantos benefícios nos proporciona a recitação do Rosário!
• Eleva-nos ao conhecimento perfeito de Jesus Cristo.
• Purifica nossas almas do pecado.
• Faz-nos vitoriosos contra todos os nossos inimigos.
• Torna-nos fácil a prática das virtudes.
• Abrasa-nos no amor de Jesus Cristo.
• Enriquece-nos de graças e méritos.
• Fornece-nos os meios de pagar todas as nossas dívidas com Deus e com os homens.
A tudo isso, acrescenta São Luís Maria Grignion de Montfort:
— “Ainda que te encontres à beira do abismo ou já com um pé no inferno, ainda que estejas endurecido e obstinado como um demônio, cedo ou tarde te converterás e salvarás, contanto que rezes devotamente todos os dias o santo Rosário, para conhecer a verdade e obter a contrição e o perdão de teus pecados”.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A escravidão de amor à Mãe de Deus

Deus, Senhor absoluto de todas as suas criaturas, poderia ordenar pura e simplesmente. Mas não. Quis Ele depender do consentimento de Maria. A Redenção ficou, pois, pendente do amor d’Ela, da sua vontade, dos seus lábios virginais.
E esses lábios pronunciaram o “Sim!” que desencadeou o processo irreversível: “Faça-se em mim segundo a tua palavra”. Tudo quanto veio depois, e ainda virá, é consequência desse “Faça-se”, inclusive a fundação da Igreja e sua trajetória ao longo dos séculos.
A escravidão de amor à Mãe de Deus
Dele decorre também o mais elevado título de Nossa Senhora: Mãe de Deus. A humilde Virgem Maria, cuja maior glória consistia em proclamar-se “escrava do Senhor”, gerou em suas virginais entranhas o Criador do universo!
Este é o motivo pelo qual a Igreja presta à Virgem Maria um culto superior ao de todos os Anjos e Santos juntos: porque Ela é Mãe de Deus.
Por isto São Luís Grignion de Montfort incentiva com ardor a devoção ao mistério da Encarnação, explicando ser esta uma devoção inspirada pelo Espírito Santo “para honrar e imitar a dependência em que Deus Filho quis estar de Maria, para glória de Deus seu Pai e para nossa Salvação”. E acrescenta: “Dependência que transparece particularmente neste mistério em que Jesus Cristo se torna cativo e escravo no seio de Maria Santíssima, aí dependendo d’Ela em tudo”.1
Portanto, esse grande Santo não hesita em afirmar que o primeiro escravo da Mãe de Deus foi o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo.
Qual terá sido o segundo? São João Evangelista? Não sabemos.
O fato é que milhares e milhares de fiéis ao longo dos séculos — entre os quais numerosos Santos — imitaram o exemplo de Jesus, consagrando-se à sua Santíssima Mãe como escravos de amor. E o Papa João Paulo II não perde oportunidade de incentivar com ardor e entusiasmo essa consagração, que ele próprio fez em sua juventude.
Consagrar-se a Maria como escravo de amor, este é o primeiro passo para tornar-se um devoto de Maria.
Qual é o nosso papel nesse episódio?
Desde toda a eternidade, Deus teve em mente criar a Virgem Maria para ser a Mãe do Redentor. Ele nada cria “por acaso”, ou “por distração”. Assim como Maria, todo ser humano — você também, leitor — tem uma missão pessoal a cumprir nesta terra.
Deus tem poder absoluto para obrigar cada homem a cumprir a finalidade para a qual foi criado. Ele, porém, não quer forçar nossa vontade. Quer nosso consentimento amoroso para a realização de seus divinos planos.
Coisa inefável e, ao mesmo tempo, terrível: nós temos a liberdade de dizer “sim” ou “não” a Deus! Os santos — no sentido amplo da palavra, ou seja, aqueles que estão no Céu — disseram “sim”, como Maria. Os condenados ao inferno disseram “não”, como Lúcifer.
Em qual dessas categorias estarei eu... estará você, leitor? No alto do Calvário, junto à Cruz, a Mãe das Dores foi solicitada a confirmar o “Fiat” proferido na Anunciação. E repetiu seu consentimento: morra meu Filho Divino, para redimir todos os homens. Nessa hora suprema, tinha Ela conhecimento de todas as almas que, até o último dia do mundo, seriam beneficiadas pela Redenção. Portanto, Ela pensou em mim, pensou em você também.
Pensemos, pois, n’Ela! E peçamos-Lhe que nos livre da desgraça de dizer “não” à voz da graça em nossa alma. Para nos atender, Ela só está à espera de nosso pedido.
1) Tratado da Verdadeira Devoção, nº 243.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Minha Mãe, Vós partis e me deixais enfermo!?...

As enfermidades de Pe. Pio deixaram desconcertados todos os médicos que dele trataram. Com menos de 30 anos, foi examinado por um especialista em doenças pulmonares o qual prognosticou poucas semanas de vida… e ele viveu ainda mais de meio século. Seus estigmas sangraram diariamente por mais de cinqüenta anos, sem cicatrizar nem causar qualquer infecção.
Em 25 de abril de 1959 os médicos lhe diagnosticaram broncopneumonia complicada com pleurisia, o que o obrigou a um repouso absoluto. Ele sofria com isto, por ver-se privado de exercer seu ministério para o bem das almas.
Nesse mesmo dia, chegou à Itália a imagem de Nossa Senhora de Fátima. Em San Giovanni Rotondo, ela foi recebida pelo Arcebispo e todo o clero da região, junto com uma multidão de fiéis.
O Pe. Pio lhes havia dito: “Abramos nossos corações à confiança e à esperança. Nossa Senhora vem com as mãos cheias de graças e bênçãos. Devemos amar nossa Mãe celestial com perseverança, e Ela não nos abandonará na dor quando partir daqui”.
Movendo-se em cadeira de rodas, o Santo tinha podido oscular os pés da imagem sagrada e colocar um Rosário entre suas mãos. Naquela tarde, ela partiu de helicóptero do terraço do hospital, com destino à Sicília, dando três voltas em torno do convento, para uma última bênção à multidão reunida na praça.
Postado numa janela, o Pe. Pio olhava tudo e, não podendo conter-se, exclamou:
— Senhora! Minha Mãe, estou enfermo desde o dia de vossa chegada à Itália… Vós partis agora e me deixais assim!?
No mesmo instante sentiu um “calafrio nos ossos” e disse a seus irmãos presentes:
— Estou curado!
E estava mesmo. No dia 10 de agosto pôde celebrar Missa novamente, e declarou: “Estou são e forte como nunca antes em minha vida”.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Maria, Mãe de Deus

Como explicar essa verdade que nossa Fé afirma e o senso católico proclama em nossos corações: a maternidade divina de Maria Santíssima.
Por que quis Deus ter uma mãe humana? Para abordar adequadamente esta questão, comecemos por lembrar um importante aspecto do plano divino para a Redenção: Nosso Senhor Jesus Cristo, embora pudesse ter escolhido outro meio para Se encarnar, “julgou melhor assumir o homem da própria linhagem que fora vencida para, por meio dele, vencer o inimigo do gênero humano”.1 Assim, da mesma forma que uma mulher, pela sua desobediência, havia cooperado para a ruína do gênero humano, a obediência de uma Virgem cooperaria de forma decisiva para a Redenção.
Ora, quando uma mulher concebe um filho e o dá à luz, ela é mãe da pessoa que nasceu, e não apenas do seu corpo. Porque estando alma e corpo substancialmente unidos, ela gera o ser humano completo, ainda que a alma tenha sido criada por Deus.
Maria era, portanto, Mãe da Pessoa de Cristo. E na pessoa divina de Cristo estavam unidas a natureza humana e a natureza divina, desde o primeiro momento do seu ser. Por isso, conclui o Papa Pio XI, “se a Pessoa de Jesus Cristo é única, e esta é divina, sem dúvida alguma Maria deve ser chamada não somente Mãe de Cristo homem, mas Mãe de Deus, Theotókos”.2 A Virgem Maria não engendrou uma pessoa humana à qual, depois, Se uniria o Verbo, como dizia Nestório, mas, pelo contrário, foi o Verbo que “Se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1, 14).
A grandeza e profundidade desse atributo de Nossa Senhora foram recentemente postos em realce pelo Papa Bento XVI, ao afirmar: “Theotókos é um título audaz. Uma mulher é Mãe de Deus. Poder-se-ia dizer: como é possível? Deus é eterno, é o Criador. Nós somos criaturas, vivemos no tempo: como poderia uma pessoa humana ser Mãe de Deus, do Eterno, dado que todos nós vivemos no tempo, todos nós somos criaturas?”.
E, discorrendo belamente sobre o Mistério da Encarnação, o Santo Padre responde: “Deus não permaneceu em si mesmo: saiu dele próprio, uniu-se de tal modo, de forma tão radical com este homem, Jesus, que este homem Jesus é Deus, e se falamos dele, podemos sempre falar de Deus. Não nasceu apenas um homem que tinha a ver com Deus, mas nele nasceu Deus na Terra. [...] Naquele momento, Deus queria nascer de uma mulher e ser sempre Ele mesmo: nisto consiste o grande acontecimento”.3
Coube ao grande São Cirilo, “invicto assertor e sapientíssimo doutor da maternidade divina da Virgem Maria, da união hipostática em Cristo, e do primado do romano pontífice”,4 defender a verdadeira doutrina nos tempos da Igreja primeva. Peçamos, pois, sua intercessão para compreendermos amorosamente o dom infinito obtido por Maria pelo seu “fiat” em resposta ao pedido do Pai Eterno (Lc 1, 38) e roguemos a Ela que nos obtenha a inestimável graça de adorarmos seu Divino Filho por toda a eternidade.
1 SÃO TOMÁS DEAQUINO. Suma Teológica, III, q.4, a.6.
2 PIO XI, op. cit., ibidem.
3 BENTO XVI. Meditação no início dos trabalhos do Sínodo dos Bispos, 11/10/ 2010.
4 PIO XII, op. cit., n.2.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Com uma simples palavra, Nossa Senhora pode nos santificar


Quem tenha algum desânimo, alguma tristeza ou alguma perplexidade na vida espiritual pode parafrasear o centurião que se dirigiu a Nosso Senhor, e pedir a Maria: “Senhora, eu não sou digno de ouvir a vossa voz, mas dizei uma só palavra e a minha alma será transmudada, de um momento para outro, se vós assim o quiserdes.”

Nossa Senhora pode, de um momento para outro, nos santificar, dando-nos um grau eminente de virtude. Nós devemos pedir a Ela que sua voz se faça ouvir no íntimo de nossas almas e nos santifique, concedendo-nos uma virtude que, às vezes, anos de lutas e de trabalhos não nos proporcionaram, pois uma palavra de Nossa Senhora pode nos conceder isto.

domingo, 16 de setembro de 2012

A devoção a Maria


A devoção a Maria não é um simples ornamento do Catolicismo, nem mesmo um socorro entre muitos outros, que podemos usar ou não, a nosso critério. É uma parte integrante da Religião. Deus quis vir a nós por meio de Maria, e só por meio d’Ela podemos ir a Ele.

Termômetro espiritual e garantia da salvação

Assim como, para certificar-se da vida de uma pessoa, o médico perscruta as batidas de seu coração, nós, para sabermos se uma alma é virtuosa, se ela vive da vida cristã, averiguamos se o culto à Santa Virgem das Virgens lhe é indiferente ou agradável.

Sim, a devoção a Maria é como um termômetro espiritual que marca — se assim podemos dizer — a temperatura de nossa alma, que revela suas disposições secretas. Se as práticas desta devoção nos agradam, podemos estar tranquilos quanto ao estado de nossa alma. Mas se sentimos que há frieza entre nós e a Santíssima Virgem, se abandonamos os atos de culto a Ela, se negligenciamos as orações cotidianas, se alegamos falta de tempo para recitar o Rosário, tenhamos cuidado: nossa virtude diminuiu, a fé de nossa Primeira Comunhão esvaiu-se, estamos no caminho que nos afasta de Deus!

Compreende-se, pois, a necessidade de insistir neste tema, de estimular a piedade e a devoção a Nossa Senhora. Para nós, esta devoção é uma garantia de salvação!

Como assim? É que, se amamos a Virgem Maria, trabalharemos para nos assemelhar a Ela. Somos irresistivelmente levados a imitar as pessoas que nos são simpáticas: quereríamos pensar, falar, viver como elas. Oh! Que preciosa segurança para nosso futuro se amarmos a Santíssima Virgem a ponto de querermos ser imagens vivas d’Ela na Terra! Como Ela, evitaremos tudo quanto desagrada a Deus e tudo quanto causaria prejuízo a nossas almas; como Ela, faremos todo bem, cumpriremos nosso dever, praticaremos a virtude. Com isso, podemos ter confiança.

Traduzido, com adaptações, de “L’Ami du Clergé”, 6/11/1902, p.862

sábado, 15 de setembro de 2012

Nossa Senhora das Dores e o amor à incomodidade

Comentários de Plinio Correa de Oliveira
Todos aqueles que querem seguir a Nosso Senhor são incômodos
Bossuet tem uma expressão estupenda a respeito de Nosso Senhor Menino: “Aquele Menino incômodo”, que se aplica a todos aqueles que querem seguir a Nosso Senhor: são incômodos eles também…
Às vezes, tenho a seguinte sensação experimental: começo a dar um conselho, a dar um exemplo, a pedir um sacrifício, e no semblante do interlocutor vai aparecendo algo que revela serem incômodas as minhas palavras para ele. Como seria mais fácil para mim contar uma piada, fazer uma brincadeira, acabar a conversa com um tapinha nas costas e dispensar o outro de uma obrigação! Como o mando seria agradável se fosse isso!
Mas mandar é o contrário. Mandar é estar exigindo que o subordinado tome as coisas a sério, que as olhe pelo seu lado mais profundo, mais alto e mais sublime. Que veja de frente sua própria alma, que se examine a si mesmo detidamente, procure corrigir efetivamente e seriamente seus defeitos. Mas como isso é incômodo! Pois bem, o peso de sermos incômodos é um dos maiores pesos que existe e também este nós devemos carregar.
Nossa Senhora teve um filho que lhe trouxe tantos divinos incômodos. Quando meditamos sobre a dor d’Ela, sobre a seriedade e a sublimidade da existência d’Ela e de nossa própria existência, Nossa Senhora das Dores também se torna para nós maternal e estupendamente incômoda.
A resignação alegre diante dessa incomodidade, a coragem de sermos incômodos em todas as circunstâncias, o amar de preferência aos nossos amigos incômodos, que nos lembram oportuna ou importunamente o dever: essas são as virtudes que no dia das Sete Dores de Nossa Senhora devemos pedir a Ela. *
*Revista Dr Plinio

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Humildade e confiança em Deus

O esforço nos é solicitado por Deus, mas não basta. Ele não passa de uma condição posta por Deus para recebermos a graça, a qual, entretanto, nos vem unicamente dEle. Não devemos contar com nossos próprios esforços, se quisermos que eles sejam coroados de êxito, mas sim com Deus. Portanto, desconfiança de nós mesmos, ou humildade, e confiança em Deus.
Ora, a devoção à Santíssima Virgem favorece de modo admirável esses dois sentimentos em nós.
Primeiramente, ela alimenta nossa humildade. Pode-se, sem dúvida, ser humilde na presença de Deus sem invocar Maria; seria o caso, por exemplo, de um protestante de boa fé para o qual invocar Maria é ofender a Deus. Entretanto, também é certo que recorrer à intercessão de Maria para ir a Deus, ir a Deus por meio de Maria, é reconhecer que não somos dignos de ir a Ele por nós mesmos; é reconhecer nossa miséria, nossa indignidade diante d’Ele; é fazer, mesmo sem se preocupar com isso, um ato de humildade. Eis o motivo pelo qual São Luís Maria Grignion de Montfort insiste tanto nas relações entre a devoção a Maria e a prática da humildade.
Ademais, alimenta nossa confiança em Deus. Cremos na misericórdia divina, mas com uma fé frequentemente teórica que, na prática, é exposta a graves deficiências. Ora, nesses momentos escuros pensar em Nossa Senhora constitui para nós um facho de luz que nos dá confiança. Não por julgarmos que a Santíssima Virgem tenha um coração mais misericordioso que o do próprio Deus, mas sim por ser Ela como um argumento vivo que nos toca mais de perto e nos ajuda a melhor apalpar a misericórdia divina. Assim como ver Madalena aos pés de Jesus nos faz compreender a bondade do Salvador mais do que o faria uma ideia abstracta de sua divina perfeição, do mesmo modo a contemplação de Maria nos faz entender e sentir, melhor do que todos os raciocínios, a misericórdia d’Aquele que nos deu uma tal Advogada e uma tal Mãe.

Tradução, com adaptações,de L´Ami du Clergé, 1911

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Harmonia entre a devoção a Nossa Senhora e o progresso da alma

Quais são, em nossa natureza, as harmonias entre a devoção à Santíssima Virgem e o progresso de nossa alma? Um primeiro fator de progresso humano é o esforço pessoal: o difícil é induzir e sustentar o esforço da vontade. Nossa vontade é movida pelas ideias, mas por ideias vigorosas que são ao mesmo tempo conhecimento, sentimento e desejo. Ora, dessas ideias robustas, a mais forte é aquela que se volta para uma pessoa amada. Quem ama voa, corre, alegra-se e está disposto a tudo. Ora, ter devoção a Maria é amá-La, e amar Maria é fazer o que Ela deseja e evitar o que Lhe desagrada.
Para quantas almas, por exemplo, o pensamento posto em Maria constituiu a força pela qual triunfaram das tentações — de longe as mais violentas e frequentes — contra a mais delicada das virtudes!
Encontramos uma confirmação disso numa experiência de ordem humana. Um menino solicitado durante muito tempo pelas sugestões e argumentos pérfidos de um companheiro perverso, acaba duvidando de seu dever e vai deixar-se arrastar pelo mal. Mas seus olhos cruzam-se com os de sua mãe: nesse mudo entreolhar, ele sente a gravidade da ação que ia cometer e obtém a coragem de fazer qualquer sacrifício para não entristecê-la.
Da mesma maneira, quantas almas assaltadas durante longo tempo e estando a ponto de ceder, ao pensar em sua Mãe celeste, tão afetuosa e amada, tão pura e desejosa de vê-las também puras, sentiram a tentação desaparecer e uma força nova as armar contra o mal! Esse gênero de vitórias costuma permanecer sepultado no segredo das consciências, mas como elas são frequentes!
Forte contra as tentações, o pensamento posto em Maria é igualmente eficaz para nos impelir na via do sacrifício. Não há santo cuja vida não ofereça a esse respeito exemplos eloquentes.


 Tradução, com adaptações, de L´Ami du Clergé, 1911,pp. 682- Revista Arautos

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A beleza do santíssimo nome de Maria

A fim de tecermos algumas considerações sobre o nome de Maria Santíssima, creio que devemos analisar, inicialmente, o significado do nome de uma pessoa.
Pela descrição da Sagrada Escritura (Gn 2, 18-20) sabemos que Deus fez desfilar diante de Adão todos os animais criados, e o primeiro homem, após observar cada um, determinou como eles haviam de ser chamados. Deu-lhes, portanto, um nome que era a definição daquela criatura, uma palavra que correspondia ao sentido mais profundo da natureza de cada animal.
Imagens da perfeição de Deus
Ora, perguntar-se-ia, qual é o sentido de um animal?
Este, por menor que seja, é um ser extremamente rico porque vivo, com um grau de vida pelo qual não só existe, mas se move por si mesmo. Além disso, refletem aspectos da perfeição infinita de Deus.
Tomemos, por exemplo, a águia. Ave esplêndida, da qual é próprio ostentar suas garras, suas grandes asas, sua força e seu ímpeto. Porém, mais do que esses atributos, ela simboliza uma certa qualidade de Deus, e tudo quanto há de físico na águia, sua anatomia e fisiologia, concorre para expressar essa característica divina.
Adão, conhecendo e interpretando essa expressão, resumiu no nome que pôs à águia o simbolismo daquela perfeição do Criador. Donde, o nome de cada animal representar, na verdade, a sua essência, o sentido mais profundo desse reflexo de um aspecto de Deus.
Exaltando o nome de Maria damos glória a Deus
Se o nome de um animal possui semelhante expressão, é de se admitir que expressão ainda maior entrou na composição do nome da Virgem Santíssima. Nossa Senhora foi chamada Maria, porque concebida sem pecado original; n’Ela tudo se harmonizava no grau superexcelente próprio àquela que estava destinada a ser a Mãe do Verbo de Deus encarnado. Assim, o nome de Maria, de um modo meio misterioso, significa não apenas um, mas o conjunto dos aspectos infinitamente perfeitos de Deus que Ela representa tão especialmente.
Daí decorre essa verdade: quando glorificamos o nome de Maria, glorificamos esse sentido mais profundo da pessoa d’Ela. E, portanto, glorificamos o próprio Deus de uma forma magnífica, louvando-O na figura de sua Mãe amadíssima.
Nomes perfeitos para Jesus e Maria
Creio ser interessante ressaltar também a relação maravilhosa e insondável entre o nome e a pessoa, no que diz respeito a Nosso Senhor e Nossa Senhora.
Com efeito, de todos os nomes existentes na Terra, haveria um que pudesse ser dado a Nosso Senhor Jesus Cristo igual ao nome Jesus?
Como disse, é uma questão um tanto insondável, mas para nossa ótica Ele só poderia chamar-se Jesus. Imaginemos que Lhe fosse dado um dos nomes consagrados por grandes santos, como Francisco, Antônio, João… Não. Jesus é o nome d’Ele!
O mesmo se pode dizer do santíssimo nome de Maria. Procure-se para Nossa Senhora um nome que pudesse substituir o seu e não se achará. Só podia ser Maria.
Tratam-se de nomes, portanto, ligados meio misteriosamente ao sentido profundo da natureza humana de Nosso Senhor Jesus Cristo e de sua Mãe, de tal maneira que constituem um lindo conjunto. Quando, no fim de uma carta, assinamos in Jesu et Maria — “em Jesus e Maria”, percebe-se uma tal afinidade entre os dois nomes que se diria a harmonia entre duas maravilhosas notas musicais.
Razão de ser da festa do nome de Maria
Por tudo isso se compreende que a Igreja tenha instituído uma festa litúrgica para o sacratíssimo nome de Jesus, celebrada em janeiro, e outra para o santíssimo nome de Maria, no dia 12 de setembro. Ou seja, uma comemoração particular para o nome, pois este é uma espécie de símbolo e de definição de quem o possui.
Quando o Verbo Encarnado considera em si a união das duas naturezas numa só pessoa, ou quando o Padre Eterno ou o Divino Espírito Santo consideram no Filho essa união, ocorre-Lhes o nome Jesus. E quando contemplam Nossa Senhora, vem-Lhes o nome Maria.
Plinio Correa de Oliveira - Extraído de conferência em 12/9/1988

terça-feira, 11 de setembro de 2012

O puro encanto dos Anjos


Os Anjos, que desde o princípio de sua criação conheciam o futuro mistério da Virgem, que A esperavam e de longe A saudavam como sua Rainha (...), que entusiasmo não sentiram ao verem brilhar esta Estrela da Manhã, e ao pensar que seriam os mensageiros de suas graças e missionários de sua clemência? Ah! Se os Anjos entoaram seus louvores sobre o pobre estábulo de Belém, não haveriam de se rejubilar quando viram surgir a aurora da libertação, através da nuvem celeste que logo faria chover o Justo?
                                                            Pe. Thiébaud

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Nossa Senhora dos Anjos, Padroeira e Rainha da Costa Rica

Era uma bela manhã, 2 de agosto de 1635. Joana Pereira, moça pobre da cidade colonial de Cartago, saiu à busca de lenha, como de costume. Ao chegar ao Povoado dos Pardos, sobre uma enorme rocha da qual brotava um manancial, encontrou uma bonita bonequinha de cor escura com um menino nos braços. Muito admirada, levou-a para casa, guardando-a numa arca de madeira.
Na manhã seguinte, indo de novo procurar lenha, surpresa encontrou no mesmo lugar uma bonequinha exatamente igual à do dia anterior. Levou também esta, muito alegre, pensando ter não apenas uma, mas duas. Mas qual não foi seu espanto ao abrir a arca e perceber que a outra tinha desaparecido. Em todo caso, guardou a “segunda”.
No terceiro dia, passando pelo mesmo local, viu sobre a rocha uma bonequinha igual às anteriores. Desta vez, era coincidência demais, e ela começou a achar estranho o fenômeno, mas decidiu levá-la para verificar o que estava sucedendo. De volta à casa, constatou que a “segunda” também havia desaparecido!
Ali queria ser cultuada a Mãe de Deus
Tão grande foi seu espanto que saiu correndo para a igreja, a fim de relatar ao pároco o acontecido. Ao ver a pequena estátua, sentiu o Pe. Alonso de Sandoval grande desejo de conhecer a origem dessa “bonequinha” tão extraordinária.
Guardou-a numa caixa com a intenção de examiná-la com cuidado mais tarde. Quando, porém, abriu a caixa no dia seguinte, ela não estava lá! Joana, encontrando-a pela quarta vez na rocha, levou-a até a casa do Pe. Sandoval.
À vista desse prodígio, o Pe. Sandoval reuniu os fiéis e conduziu a pequena imagem em procissão até a igreja, onde ela foi trancada no sacrário para ficar em lugar seguro. Na manhã seguinte, constatando que ela desaparecera dali, foram todos correndo para o Povoado dos Pardos e ali encontraram, sobre a mesma rocha, a prodigiosa estatueta.
Compreenderam, então, tratar-se de acontecimento sobrenatural, e que a pequena estátua era de fato uma imagem da Mãe de Deus, a qual queria naquele lugar ser honrada e venerada pelo povo costa-riquense.
Luta contra os terremotos
Os fiéis começaram a invocá-la sob o título de Virgem Morena, devido à sua aparência. Pouco depois chamaram-na de Virgem dos Pardos, por causa do povoado onde foi achada, e posteriormente Rainha de Cartago, por ser este o nome da cidade onde se deu o descobrimento. Por último, deram-lhe o nome de Nossa Senhora dos Anjos, por ter sido encontrada no dia 2 de agosto, data em que a Ordem Franciscana cultua sua Padroeira como Santa Maria dos Anjos.
A expressiva imagem mede aproximadamente 20 centímetros de altura, apresenta traços de mestiça, rosto arredondado, olhos oblongos, boca e nariz pequenos, e é feita de materiais diversos, como jade, rocha vulcânica e grafite. A Santíssima Virgem cobre com seu manto e segura com grande ternura e respeito o Menino Jesus que descansa em seu peito, indicando com a mão direita o seu Imaculado Coração.
Em 1639 se construiu a primeira igreja em louvor à “Virgem Morena”. Com o aumento da devoção popular, resolveram os fiéis, em 1674, edificar um templo digno d’Ela. Sendo este, porém, totalmente destruído por forte terremoto em 1822, dois anos depois iniciou-se a edificação de um terceiro, o qual foi também destroçado em 1910 por outro tremor de terra. Finalmente, em 1912 teve início a construção do atual Santuário Nacional, com estruturas à prova de abalos sísmicos. No dia 26 de julho de 1935, o Papa Pio XI lhe outorgou o título de Basílica Menor.
“Todas as gerações Me proclamarão bem-aventurada”
Desde o descobrimento da “Negrita” (título dado carinhosamente à imagem pelos fiéis), o povo costa-riquense manifesta seu amor e devoção a Nossa Senhora dos Anjos por meio de belas tradições.
Uma delas é a cerimônia da Vestição e Bênção, que se realiza no dia 1º de agosto, véspera da Festa Nacional. Nesta celebração, o Reitor do Santuário põe sobre a imagem o rico vestido que ela portará durante um ano. Em seguida, dá com ela a bênção à multidão de devotos.
Outra tradição muito pitoresca e piedosa é a Romaria, uma grande caminhada de pessoas de todo o país, e de outras partes da América Central, desde suas casas até a Basílica, com a finalidade de pedir ou agradecer algum favor a Nossa Senhora.
No dia da grande festa, 2 de agosto, a imagem é conduzida para um altar construído na praça da Basílica, onde se celebra solene Eucaristia. Logo após, realiza-se a grandiosa procissão anual, acompanhada pelas autoridades eclesiásticas e civis, e milhares de fiéis e peregrinos vindos de todas as partes.
* * *
Manifestando-se nos mais diversos países com fatos maravilhosos semelhantes a este da Costa Rica, a Virgem Maria não deixa a menor dúvida de que Deus quer que Ela reine em todos os corações no mundo inteiro. “Todas as gerações Me proclamarão bem-aventurada” (Lc 1, 48), afirma o formoso hino do Magnificat.

sábado, 8 de setembro de 2012

Natividade de Maria Santíssima


A alegria do mundo inteiro

Por que a Santa Igreja Católica comemora de modo particular a natividade de Nossa Senhora? A razão é simples. O nascimento da Virgem Maria marcou o início de uma nova era na História, pois foi através d’Ela que o Sol da Redenção brilhou para a humanidade.

Até então, o mundo estivera prostrado no paganismo, gemendo sob o ímpeto dos vícios e da idolatria. Durante séculos, enquanto o mal e o demônio venciam inteiramente, almas santas haviam rogado a Deus pela vinda do Redentor, porém, a hora designada por Deus ainda não havia chegado...

A partir do momento bendito em que Maria iniciou sua trajetória entre os homens, as relações de Deus com humanidade se modificaram: através das portas do céu, até então trancadas, começaram a como que filtrar luzes de esperança no sentido de que seriam abertas em breve, de par em par.

Desde a mais tenra idade, Ela começou a pedir o advento do Messias e o fim daquela ordem de coisas estabelecida pelo pecado. A ação de presença d’Ela era o prenúncio da salvação que seu Filho viria trazer.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Nossa Senhora, Rainha do Universo IV

Continuando os posts anteriores a respeito de Nossa Senhora, Rainha do Universo.

Como se terá entusiasmado o Coração de Nossa Senhora? Como seriam as labaredas do Coração dulcíssimo de Nossa Senhora, quando Godofredo de Bouillon e os dele saltaram por cima das muralhas de Jerusalém e entraram?
E vendo os missionários chegando num país onde não há Fé e que começam a pregar a Religião católica e ela começa a nascer? Anchieta e Nóbrega vêm ao Brasil e iniciam a pregação — estou falando do Brasil, mas poderia apresentar outros exemplos —; o País começa a nascer e a se mover. Mais bela do que a natureza mineral, a vegetal, a animal e do que o próprio homem, era a graça que vinha pelas mãos dos missionários e conduzia as pessoas para a vida sobrenatural.
Maria Santíssima percebeu que isto era mais pulcro do que tudo quanto se tinha passado anteriormente. Anchieta, ameaçado pelos índios, canta as glórias d’Ela, escrevendo em latim um poema e decorando-o. O mar não ousa tocar nas areias sobre as quais o texto estava redigido. Nossa Senhora sorri, vendo o filho bem-amado do qual nasceria a evangelização deste País.
Que labareda, talvez áurea ou azulada, sairia do Coração de Maria! E gotas de graças caindo! Já não é o dramático, o espetacular e o apocalíptico, mas outra forma de manifestação: o gracioso, o materno, o afável, o leitoso de certas pedras, o suave de alguns cristais, a brisa de auroras que havia no Coração d’Ela. Todas as modalidades possíveis de brisas que sopraram na Terra não têm o encanto de um só sorriso de Maria!
Ameaçado pelos índios, Beato Anchieta canta as glórias de Maria escrevendo um poema na areia. Nossa Senhora sorri, vendo o filho bem-amado do qual nasceria a evangelização do Brasil.
Quantos sorrisos Nossa Senhora dirigiu a Anchieta, que evangelizava este País!
A maternalidade de Maria Santíssima! O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus. O Homem-Deus é Filho d’Ela, e Nossa Senhora nos ama por causa disso. Quando sofremos, Ela tem pena de nós. Quanto isto é magnífico! Sobretudo quando pecamos, Ela tem compaixão de nós. E é mais magnífico ainda.
Porque, quando sofremos, o sofrimento não nos torna inimigos de Maria Santíssima. Até, pelo contrário, quebra em nossa alma certa auto-suficiência e tendência ao orgulho. Mas, quando pecamos, nós rompemos com Ela de um modo criminoso.
Nossa Senhora previu tudo isso quando estava na Terra e teve dor, porque Ela pensou: “Essa alma, maravilha criada por Deus, que meu Filho resgatou com aquelas gotas de Sangue incomparáveis que Eu vi florescerem n’Ele aos borbotões, agora vai se perder?” De modo semelhante ao gemido de Nosso Senhor: “Quae utilitas in sanguine meo? – Que utilidade tem o meu Sangue?”, Maria Santíssima diz: “Qual a utilidade do Sangue de meu Filho?”
Então Nossa Senhora pede a Jesus, pelo amor d’Ele ao pecador — o Redentor ama aquele que não O ama mais —, que lhe consiga a graça de atender ao que esta diz em sua alma: “Meu filho, converta-se! Meu filho, abra os olhos! Meu filho, tenha juízo! Meu filho, volte a ser meu!” E às vezes com insistências tão prementes que se diria que a alma está literalmente sitiada. Quantas doçuras cabem nisso! Quanto saber fazer! Quanta misericórdia e compreensão! Quanto esgueirar-se pelas anfractuosidades de uma alma, para se adaptar a tudo!
A participação d'Ela na Igreja Militante e na Igreja Penitente
Todas essas operações o Sapiencial e Imaculado Coração de Maria está fazendo no Céu e na Terra. Porque Nossa Senhora conhece, mais do que qualquer bem-aventurado, o que se passa em Deus, e Ela reage no suprassumo da elevação e da perfeição. E preside, dirige, rege tudo quanto sucede no Céu! Sabe o que se passa em todas as criaturas da Terra. Conhece a vida da Igreja Militante e, com esta intensidade, participa de tudo o que acontece.
Mais ainda, Ela conhece a Igreja Penitente e vê todas as dores no Purgatório.
Em tudo isto Nossa Senhora está continuamente presente, à maneira de uma brisa, um vulcão, um céu, um sol, um diamante, uma águia, uma pomba, um cordeiro, um leão. Ela é tudo! Muito mais do que tudo, Ela é a Virgem Maria, Mãe de Deus!  
Plinio Correa de Oliveira - Extraído de conferência de 24/11/1979