sábado, 31 de março de 2012

Preparar a alma para a Semana Santa

No alto da Cruz, Nosso Senhor tinha presente cada ato que praticamos

Nosso Senhor tinha ciência de tudo, do presente, passado e futuro, porque era o Homem-Deus. Conhecia todas as pessoas e, portanto, cada um de nós individualmente. No alto da Cruz, Ele teve em vista todos os pecados por nós cometidos e todos os nossos atos de virtude.. E ofereceu seus sofrimentos e sua vida por cada um de nós individualmente.

Jesus abriu o Céu para nossas almas. Continuamente nos concede graças, sua misericórdia desce sobre nós. Ele vem ao nosso coração por meio da Sagrada Comunhão. Sua Mãe está rezando o tempo inteiro no Céu por nós, como nossa Advogada.

O problema central de nossa vida...

Caso pequemos, arrependamo-nos imediatamente e, por meio de Maria Santíssima, peçamos a Ele que nos perdoe. Se for um pecado mortal, precisamos ir logo nos confessar para que essa mancha repugnante e horrível se apague de nossas almas, a fim de voltarmos à graça de Deus.

E devemos nos compenetrar de que o problema central de nossa vida consiste em praticarmos cada vez mais atos de virtude e sermos imitadores de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela intercessão de Maria. E, por outro lado, calcarmos aos pés o demônio, recusando as solicitações para o pecado que ele nos faz para o pecado. E, confiando em Nossa Senhora, poderemos dizer: “Non peccabo in aeternum – Não pecarei eternamente.”

Para que tudo isto não se apague de nossas almas — recordemo-nos de como o beneficiado tende a se esquecer do benefício recebido —, é preciso rezar a Nossa Senhora, pedindo-Lhe que isso não aconteça. E que Ela nos dê as graças necessárias e superabundantes a fim de não pecarmos mais. Desse modo, nossas vidas transcorrerão na contínua amizade de Deus e de Nossa Senhora, até o momento bem-aventurado em que entregarmos nossas almas a Deus e subirmos para o Céu.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Com filial intimidade...


A par de uma convicção profunda de tudo quanto a doutrina católica nos ensina a respeito da Santíssima Virgem, em nossa devoção a Ela devemos manifestar também uma espécie de aisance, de desembaraço, de intimidade de filhos os quais, embora se saibam muitas vezes indignos de serem atendidos pela Mãe, apresentam-se diante de Maria com inteira confiança, seguros de obterem seu amparo, seu socorro, seu sorriso...

Essa filial desenvoltura, estejamos certos, é o ponto de partida inefavelmente suave de uma sincera e viva devoção a Nossa Senhora.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Olhar de insondável desvelo

Se, em meio às nossas aflições, acaso nos assalte a dúvida de que Maria Santíssima nos socorrerá, lembremos com que imensidade de ternura Ela olhava para o seu Filho perseguido durante a Paixão, e pensemos: “Com que maternal e insondável desvelo não estará também fitando a mim, nessa hora de provação?”

Não duvidemos. Nossa Senhora nos alcançará graças, e incutirá na alma de cada um a força necessária para transformarmos o momento de angústia em fator de crescimento espiritual, em período de preparação para realizarmos, em nome d’Ele, grandes feitos.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Exagero ou afetuosa manifestação de amor?


A cidade de Sevilha, na Andaluzia (Espanha), é famosa por muitas razões. Sua catedral gótica é a maior do mundo. De suas lendárias torres — a “del Oro” (do Ouro) e a “Giralda” — ouve-se falar no mundo inteiro. Famosas são também suas outras igrejas, seus jardins, suas carruagens e charretes, suas férias, suas músicas e danças.

Mas essa cidade tão diáfana, toda alegria e toda luz, expõe à veneração dos sevilhanos, na recolhida penumbra dos templos, belíssimas representações de Cristo em Agonia e de Nossa Senhora das Dores — as “Dolorosas”, como são chamadas na Espanha. São imagens antigas, de valor artístico incalculável, feitas para tocar o coração de quem as contempla, levando à contrição e ao amor.

Uma dessas “Dolorosas”, esculpida no fim do século XVII, é alvo de especial devoção: trata-se de Nossa Senhora da Esperança Macarena.

Logo à primeira vista, ela impressiona pela riqueza de seus trajes. O ouro e a prata foram usados com largueza. Sua cabeça está coberta por um véu rendado, encimada por uma enorme coroa, ornada com um resplendor de prata. Os preciosos tecidos de seda que a vestem têm dimensões generosas. Valiosos trevos de esmeraldas, dados de presente por um toureiro agradecido, adornam seu busto.

Tão exuberantes são todos esses ornatos que se teria a impressão, à primeira vista, de Ela estar sobrecarregada. Mas não é verdade. Em sua cintura, uma faixa lhe dá muita elegância. E, em meio a tanto aparato, a Macarena se mostra distinta e esbelta, com ares de uma desenvoltura singela.

E mais. Ao contemplar detidamente seus finos traços, sua fisionomia delicada, sua suave e esguia silhueta, brilham aos nossos olhos a realeza, a distinção, a maternalidade, predicados de Nossa Senhora, presentes nessa imagem de maneira marcante.

E quando se considera que Ela é a Virgem-Mãe de Deus, tudo começa a tomar outra dimensão. Como ficam bem para Ela todas essas jóias! Como realçam a jóia mais preciosa que é Ela mesma!

Mas não teria bastado — perguntarão alguns — colocar apenas alguns enfeites discretos? Por que “empetecar” Nossa Senhora dessa forma?

Não. Em primeiro lugar, o “excesso” de adornos indica a impossibilidade de ofertar, nesta terra, algo que esteja à altura de tão excelsa Rainha. Mas, acima desse significado, todas essas jóias, todos esses tecidos constituem uma afetuosa manifestação de amor.

terça-feira, 27 de março de 2012

Nossa Senhora da Piedade

Não convém e nem será próprio do devoto de Maria Santíssima, meditar nos lances da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, abstraindo da figura co-redentora de sua Mãe.

E ao invocarmos as chagas do Salvador como a cura de nossos pecados, é preciso lembrar que tal impetração passa pelos rogos da Medianeira de todas as graças. Dispensadora, por vontade divina, de todos os dons celestiais, os méritos dessas chagas como que foram todos entregues a Ela, para deles dispor em benefício dos homens. Em certo sentido, Ela é, pois, a dona dessas chagas. Aliás, as imagens de Nossa Senhora da Piedade — inclusive a famosa Pietà de Michelangelo —, que representam Jesus morto no colo de Maria, exprimem muito bem a idéia desse augusto senhorio: a Mãe é a dona daquele cadáver e, portanto, de todos os méritos infinitos que aquele Homem inanimado em seus braços conquistou para nós. Tudo nos vem através d’Ela, e por mais extraordinário que seja o valor dessas chagas, sem a intercessão de Maria nada obteremos.

Peçamos, então, o patrocínio de Nossa Senhora das Dores, a invocação propícia para essas súplicas. É a figura da Santíssima Virgem que traz seu próprio coração chagado e ferido pela consideração dos padecimentos do Filho. Nunca a alma de uma mãe carregou chaga semelhante à que feriu o coração de Maria, tomado por imensurável tristeza durante a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Esse Imaculado Coração transpassado pela espada da dor é a porta por onde atingimos as chagas de Jesus. Rezemos a Nossa Senhora, do fundo de nossa alma, confiantes e humildes, na certeza de que Ela alcançará em nosso favor a aplicação dos méritos infinitos dos sofrimentos redentores de seu Divino Filho.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Frutos da meditação a respeito da Anunciação

Na Paixão de Jesus, outro “fiat mihi”

Agora, a esse momento de submissão e grandeza de Maria, no início da existência terrena de Jesus, corresponde outro ato de suma humildade d’Ela — não menos grandioso — quando seu Divino Filho estava prestes a expirar na Cruz.

Ele viera ao mundo a fim de resgatar as criaturas humanas do pecado, obter- lhes o perdão do Pai, e abrir novamente as portas do Céu. Essa augusta missão do Filho de Deus estava presente no fundo de quadro das meditações de Nossa Senhora, e Ela provavelmente compreendeu que a Anunciação do Anjo comportava tudo isto: as promessas, o futuro, a glória, mas também o preço da glória: a dor!

Assim, chegado o tempo da Paixão, Deus quis o consentimento da Santíssima Virgem para que o Filho d’Ela fosse imolado, e Ela mesma O oferecesse como vítima expiatória por nossas culpas. Se outros fossem os desejos de Nossa Senhora, Jesus não sofreria a morte, Deus o libertaria das mãos de seus inimigos, e sua vida teria um rumo diverso. Contudo, a humanidade não seria resgatada. Por isso Nossa Senhora consentiu no holocausto do Divino Redentor.

Ela O contemplava estertorando na Cruz, Ela o ouvia exalar esse brado lancinante: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?”, e aceitava que tudo isso acontecesse, para o gênero humano ser redimido e as almas poderem entrar na bem-aventurança eterna. Como era desígnio de Deus que Ela quisesse, Ela quis! E foi este o seu outro “ecce ancilla Domini, fiat mihi secundum verbum tuum”, de extrema e verdadeira beleza.

Imitemos Nossa Senhora da Anunciação

Para encerrar, recolhamos um fruto concreto dessas reflexões.

Encarnando-se no seio de Maria Santíssima, no momento da Anunciação, Jesus se deu a Ela com um tal amanhecer de alma, com um espírito tão cheio de louçania, que não se tem palavras para descrever a felicidade que nesse dia inundou a pessoa de Nossa Senhora. As promessas eram superlativas! Nada menos que o resgate do gênero humano.

Entretanto, o próprio fato da Redenção, com os sacrifícios indizíveis que comportaria para Mãe e Filho, indica bem como caminham as promessas de Deus: passam pelas esperanças mais alegres e pelos desmentidos aparentes mais terríveis. E a alma tem de ir se habituando às promessas, às alegrias e aos pretensos desmentidos, como o fez Nossa Senhora. Ela disse “sim” a tudo, e dessa inteira submissão Lhe adveio toda a sua gloriosa dignidade. Pois a verdadeira glória consiste, antes de qualquer coisa, em aceitar e fazer sempre a vontade de Deus.

Eis a conseqüência que para nós devemos tirar: nos momentos de alegria e, sobretudo, nos de dor e provação, saibamos imitar Nossa Senhora, dizendo “sim” aos desígnios de Deus a nosso respeito.

À maneira de uma gota de orvalho em que se reflete o sol, saibamos espelhar em nós as virtudes de Nossa Senhora da Anunciação, isto é, sejamos humildes, pequenos, mas fortes, puros e confiantes. Que do entusiasmo de nossa pureza, de nossa força e de nossa confiança partam contínuos atos de amor e glorificação a Nosso Senhor Jesus Cristo, a Maria e à Santa Igreja Católica Apostólica Romana!

domingo, 25 de março de 2012

Anunciação

Virgindade, humildade e grandeza
 Voltemos nossos olhos para as virtudes e predicados marianos que transparecem de modo singular na Anunciação.
Em primeiro lugar, a pureza. Ela é a Virgem das virgens, e o foi antes, durante e depois do parto, não perdendo sua integridade um só instante. E todo o procedimento d’Ela durante o fato da Encarnação revelou-se perfeitamente virginal.
De outro lado, consideremos a humildade de Nossa Senhora; como Ela se fez pequena em toda a medida, ao se ver abençoada pelo Altíssimo de uma forma tão extraordinária. Era Ela quem Deus havia destinado, desde todo o sempre, para ser sua Mãe, porque A julgou digna de semelhante missão. Ele preparou a alma e o corpo d’Ela, para que em tudo fosse inteiramente proporcionada — tanto quanto o pode ser uma criatura humana — à honra da maternidade divina. Porém, Ela que era digna por excelência, não fazia de si uma alta idéia, nem se deixava levar por conceitos enfatuados de sua própria pessoa. Não! Pelo contrário, ficou perturbada, pois julgava aqueles elogios feitos pelo Anjo inteiramente descabidos para Ela. Mas, bastou que São Gabriel Lhe convencesse de que tal anúncio vinha de Deus, para Nossa Senhora se submeter.
Assim, da humildade e da pureza conjugadas em Maria Santíssima, resultou sua aceitação dos desígnios do Pai Eterno a respeito de seu Divino Filho.
Terceiro predicado a se ressaltar: no momento em que concebeu o Verbo Encarnado, Ela inteira foi elevada a uma condição superior a todos os Anjos e a todos os Santos reunidos. Ou seja, se somássemos toda a santidade que houve, há e haverá em todos os Anjos e Santos, desde o começo até o fim do mundo, e comparássemos esse resultado com a perfeição de Nossa Senhora, Ela se mostraria incomparavelmente mais santa do que toda essa montanha de virtude que Deus foi suscitando na Igreja ao longo dos séculos!
O que significa não podermos ter noção de qual foi e é a grandeza espiritual da Santíssima Virgem. Se Moisés, ao suplicar a Deus a graça de poder vê-Lo, ouviu esta resposta: “Tu não me podes ver, porque, se me vires, morrerás”, somos levados a cogitar no que nos aconteceria, se nos fosse dada a suprema felicidade de contemplar nesta vida a face de Nossa Senhora, com todo o seu esplendor e formosura. Quem sabe, não morreríamos também...

sábado, 24 de março de 2012

Anunciação e a Encarnação do Verbo

Continuação
Mãe de Deus, Esposa do Espírito Santo
Com efeito, a maior parte dos intérpretes afirma que, às palavras “Eis aqui a Escrava do Senhor...”, nesse preciso momento, pela ação do Espírito Santo, Jesus foi concebido no seio puríssimo de Maria.
Quem pode imaginar a fisionomia esplendorosa d’Ela, nessa hora em que a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade se tornou seu Esposo, e Ela engendrou o Menino Jesus?! A adoração que teve pelo Divino Filho, logo no primeiro instante em que, de seu sangue e carne virginais, Ele começou a ser formado? Maravilha tanto mais inimaginável quanto Jesus, Homem-Deus perfeitíssimo, assim que passou a viver encarnado em Maria, conheceu-A e amou com uma insondável dileção. E os dois começaram a se querer num mútuo amor que durará por toda a eternidade. Oh assombroso convívio de almas!
Por outro lado, devemos considerar o relacionamento d’Ela com o Espírito Santo, seu Divino Esposo.
Em geral, no ato dos desponsórios, costuma o marido oferecer à sua consorte um presente tão rico e magnífico quanto esteja ao alcance de suas posses. Pensemos então no valor das prendas com que o Todo-Poderoso terá adornado a alma de sua fidelíssima Esposa! Que acúmulo de graças e de esplendores! Mais ainda. A partir do Mistério da Encarnação, Nossa Senhora passou a receber d’Ele orientações, diretrizes, atos de amor e consolações de uma sublimidade indizível, que tinham nexo com as relações entre Ela e Deus Pai, entre Ela e seu adorável Filho. Assim se estabeleceu um convívio altíssimo, em que Maria era, a um título único e muito especial, a Filha do Pai Eterno, a Mãe do Verbo Encarnado e a Esposa do Divino Espírito Santo.
Continua no próximo post

sexta-feira, 23 de março de 2012

Anunciação do Anjo a Nossa Senhora

Anunciação é a festa em que celebramos este fato culminante da história do mundo: Deus, através do Arcanjo São Gabriel, comunica a Nossa Senhora que a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade haveria de assumir nossa natureza, a fim de resgatar o gênero humano.
As circunstâncias em que se realizaram esses eternos desígnios do Altíssimo não poderiam ser mais singelas nem mais maravilhosas.
Em sua modesta casa de Nazaré, uma Virgem, há pouco desposada com um varão igualmente virgem, encontrava-se imersa em subidas contemplações. De modo muito piedoso e razoável, supõe-se que Maria, com base no Antigo Testamento, procurava meditar e imaginar como seria o Messias, de cuja mãe desejava ser a mais dedicada das servas.
Pode-se conjecturar que, ao completar Ela no seu espírito a composição da figura do Salvador, apareceuLhe o Anjo dirigindo-Lhe as célebres palavras: “Ave, ó cheia de graça, o Senhor é contigo; bendita és Tu entre as mulheres”.
E Maria se perturbou, perguntando-se o que significava aquela saudação. Um Anjo tão eminente, tão extraordinário, aparecer a Ela, tão pequena! (a seus próprios olhos), e chamá-La “cheia de graça”? Ela estava, então, repleta dos dons divinos? “Bendita sois Vós entre as mulheres”, quer dizer que, em meio a todas as filhas de Deus que houve, há e haverá até o fim dos tempos, Ela seria a bendita por excelência? Existiam tantas mulheres santas no Antigo Testamento, e quantas outras ainda viriam pela história afora, e justamente Ela era a escolhida? Na sua humildade, Maria ficou perplexa: “Como é isto? É um Anjo que está falando, mas não compreendo como suas palavras se podem aplicar a mim”.
O celeste mensageiro, por sua vez, responde de forma curiosa, pois assim começa: “Não temas, Maria”. O que indica que Ela manifestara um certo temor. Mas, concebida sem pecado original, sem ter sombra da menor imperfeição, como poderia Nossa Senhora ter medo de São Gabriel e do que este Lhe dizia?
Na verdade, na presença de um Anjo, e sobretudo na de um Arcanjo, a criatura humana está colocada diante de um ser de tal densidade que este lhe causa não pequeno susto. Anjos houve que, aparecendo a homens, foram por estes tomados como o próprio Deus. E Nossa Senhora, na sua sensibilidade imaculada e perfeita, sentiu essa presença angélica de forma impressionante. Além disso, recebendo aquela saudação inusitada, prenúncio dos altíssimos planos do Senhor para com Ela, pode-se bem conceber que em sua humildade tenha temido não dar cabo da extraordinária missão que Lhe seria confiada.
Perplexidade e receio que só aumentaram, quando São Gabriel, a princípio tranqüilizando-A, prosseguiu no seu anúncio: “Não temas, Maria, porque achaste graça diante de Deus. Eis que conceberás em teu seio, e darás à luz um Filho...”, etc.
Ela havia feito voto de virgindade perpétua e, segundo a tradição católica, entendera- se com São José para que ambos permanecessem fiéis aos seus propósitos de castidade perfeita até o fim da vida. Entretanto, chegaLhe agora da parte de Deus um aviso que contraria de frente seus mais entranhados anseios. Nova indagação: “Como se fará isso?”
O Anjo Lhe explica ser a vontade de Deus que d’Ela nasça o Messias, concebido pela ação do próprio Espírito Santo no seu claustro imaculado. Tudo se esclarece. A serenidade e a paz reinam no coração da Santíssima Virgem, que pronuncia então esta frase admirável: Ecce ancilla Domini; fiat mihi secundum verbum tuum — “Eis a Escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a vossa palavra!”
Quer dizer, esse anúncio era uma palavra vinda de Deus, da qual Ela não podia duvidar. Assim sendo, estava inteiramente à disposição. E desse diálogo, cuja beleza e simplicidade nos deixam abismados, resultou a Encarnação do Verbo!

quinta-feira, 22 de março de 2012

Anunciação e Encarnação do Verbo

Como gota de orvalho transformada em sol
Pensemos,  nesta  festa  da  Anunciação, nas glórias concedidas a Nossa Senhora, nos esplendores de perfeição aos quais Ela foi exaltada como  Filha  do  Pai  Eterno,  Mãe  do  Verbo encarnado e Esposa do Espírito Santo.
Pensemos, igualmente, como dessas magníficas alturas Ela olha para  nós e acompanha com incansável solicitude materna a vida de cada um  de  seus  devotos .  Estejamos  certos  de que a Virgem nos considera com  bondade e insondável clemência; obtém-nos o perdão de nossas misérias  e fraquezas; dirige, em nosso favor,  um  irresistível  sorriso  à  Santíssima  Trindade, dizendo:
“Meu  Pai,  meu  Filho,  meu  Esposo. Vejam  estes  que  vos  amam  no  mundo:  tenham  compaixão  deles, ajudem-nos a serem inteiramente aquilo para o que foram criados, a se tornarem fiéis como verdadeiros  escravos de amor, fazendo sempre a  minha vontade, que é a vossa, Trindade beatíssima .”
Essa  é  a  mais  valiosa  graça  que  devemos suplicar a Deus, pelas mãos  de  Nossa  Senhora,  nessa  festa  da  Anunciação  e  Encarnação  do  Verbo . Tornarmo-nos esses servos amorosos e fiéis, imitadores de Jesus em  sua obediência à Mãe, unidos à Santa Igreja a exemplo da própria Virgem Santíssima, de modo a sermos  como ela, assim como a gota de orvalho sobre a qual incide o raio solar  assemelha-se a um minúsculo sol .
A gota é linda, pura, encantadora .  O raio do astro soberano que a toca, a faz brilhar inteira . Mas, o que é  a gota em relação ao sol? Pois muito  maior, a perder de vista, é a desproporção entre Nossa Senhora e cada  um de nós . Porém, podemos e devemos pedir que, como gotas de orvalho,  humildes  e  pequenos,  puros  e  fortes, sejamos um reflexo d’Ela; e  que do entusiasmo de nossa humildade, pureza e fortaleza emane um  constante  ato  de  amor,  obediência  e  servidão  à  Rainha  do  Universo,  à Mãe do Verbo de Deus feito carne.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Casa de Loreto

Era a meia-noite de 10 de dezembro de 1294 quando, nos céus de um lugarejo da região de Loreto, Itália, brilhou uma esplendorosa luz e fez-se ouvir uma celestial harmonia. Centenas de pessoas acordaram e saíram para olhar o que estava acontecendo. Viram, então, maravilhadas, uma pequena casa sendo transportada por Anjos. Estes a depositaram suavemente no meio de um bosque de loureiros, os quais se inclinaram, como que prestando profunda reverência à recém-chegada.
Logo se espalhou a notícia e, ao despontar do sol, centenas de moradores da vizinhança acorreram para ver a misteriosa casa. No seu interior encontraram uma expressiva imagem de madeira que representava uma Senhora com um Menino nos braços. De joelhos, devotamente lhes renderam suas homenagens.
A multidão de visitantes aumentou dia a dia. Passados oito meses, a casa deixou o bosque e foi pousar numa colina não muito distante. Quatro meses depois, tornou a elevar-se do solo e fixou-se definitivamente no alto de um monte rochoso, junto ao mar, na cidade de Loreto.
Esta é — segundo uma tradição multissecular — a história da milagrosa trasladação da Santa Casa de Loreto.
Dentro dela encontra-se um belo altar, encimado pela imagem de Nossa Senhora de Loreto, no qual lê-se a seguinte inscrição: “Aqui o Verbo de Deus se fez carne”.
Loreto e Nazaré: reciprocidade
A mesma inscrição — “Aqui o Verbo de Deus se fez carne” — está gravada na Basílica de Nazaré (Palestina), sobre o altar da Sagrada Gruta, indicada não só pela tradição, mas também por sérios estudos, como o local onde a Virgem Maria recebeu a Anunciação do Arcanjo São Gabriel e concebeu em seu puríssimo seio o Filho de Deus.
A respeito desta dualidade de locais, aparentemente contraditória, a Irmã Maria de la Contemplación, oferece interessantes dados, em erudito estudo divulgado via internet.
“Graças a documentos, trabalhos arqueológicos e a estudos filológicos e iconográficos, pôde-se demonstrar a autenticidade de ambos os lugares” — afirma ela.
E explica: “Hoje em dia, os estudiosos estão de acordo em estabelecer, com sólidos fundamentos, que a habitação terrena da Virgem era constituída por uma CASA, construída de pedra, e por uma GRUTA escavada na rocha, situada atrás e ligeiramente funda, como costumavam ser as outras vivendas de Nazaré. (...) Trata-se, portanto, de duas partes de uma mesma habitação.
Mais adiante acrescenta que “se a Santa Casa de Loreto for figurativamente trasladada para Nazaré, as duas partes se conjugarão de forma admirável, tanto em relação às medidas como à posição. Além disto, o aperfeiçoamento das pedras da Santa Casa de Loreto revela uma técnica típica dos antigos nabateus, vizinhos dos hebreus e atuantes também na Palestina. (...)
“Finalmente, cerca de sessenta inscrições existentes em numerosas pedras da Santa Casa de Loreto são bastante semelhantes a outras judaico-cristãs, encontradas na Terra Santa, sobretudo em Nazaré. (...) Resumindo, essas inscrições constituem como que o ‘selo de garantia’ da origem nazarena das paredes da Santa Casa de Loreto”.
Com essas palavras, conclui a Irmã Maria de la Contemplación seu esclarecedor artigo. Foi nessa habitação que o Arcanjo Gabriel saudou a Virgem Maria: “Ave, cheia de graças”, e d’Ela recebeu a resposta: “Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em Mim segundo tuas palavras”. Entre suas paredes benditas operou-se o mais estupendo milagre que houve e haverá: a concepção virginal do Homem-Deus. Nela viveu a Sagrada Família.
Segundo a tradição, o próprio São Pedro teria consagrado essa habitação como igreja e nela teria celebrado Missa. A tal ponto se mantém essa tradição que o antigo altar da Santa Casa de Loreto (atualmente incrustado em um maior) é chamado de “altar de São Pedro”.
Em 1291, os sarracenos reconquistaram os últimos territórios da Terra Santa ainda em poder dos cristãos, e quiseram destruir todos os lugares sagrados lá existentes. A antiga morada da Virgem Maria era bem conhecida, porque, como vimos, era local de orações desde o tempo dos Apóstolos.
Quando os maometanos chegaram às proximidades de Nazaré, a Santa Casa estava completamente desguarnecida de defesa humana, portanto, na iminência de ser arrasada. Nessa trágica situação, Nosso Senhor enviou seus Anjos com a missão de transportá-la para lugar seguro.
Curiosamente, segundo a mesma tradição, ela foi primeiro depositada num pequeno povoado de nome Tersatto, na Croácia, e só três anos depois foi levada para a Itália.
Hoje ela está situada dentro de uma suntuosa basílica, construída especialmente para servir-lhe de relicário. Todos os anos é visitada por muitos milhares de peregrinos provenientes dos cinco continentes. Entre os que lá estiveram destacam-se vários Santos, como São Francisco de Sales, São Maximiliano Kolbe, Santa Teresinha do Menino Jesus. João Paulo II visitou-a diversas vezes, ali recitando seu Rosário. Ele definiu a Santa Casa de Loreto como “o primeiro Santuário de porte internacional dedicado à Virgem e, por vários séculos, verdadeiro coração mariano da Cristandade”.
Há mais de 80 anos, o Papa Bento XV proclamou Nossa Senhora de Loreto padroeira dos aviadores. É por este motivo que se vê sua imagem entronizada em numerosos aeroportos.


terça-feira, 20 de março de 2012

O ideal de toda alma humilde

Se quisermos crescer na virtude, no amor a Deus, na devoção à Santíssima Virgem, devemos pedir a Nossa Senhora a graça de conhecer, intuir, avaliar tanto quanto é possível à debilidade do intelecto humano, a santidade d’Ela. Se assim o fizermos, cresceremos nós mesmos em santidade. E, portanto, em humildade, sem a qual não há autêntico progresso espiritual.
Para a alma humilde, disposta a obedecer seus legítimos superiores, afeita à admirar os que merecem admiração, amante da modéstia e da discrição, para essa alma, digo, o ideal nesta vida é fazer-se escrava de amor da Santíssima Virgem, imitando ao primeiro Escravo d’Ela, Jesus.
Ideal todo particular, pois é o de ser aos pés de Maria — conforme escreveu São Luís Grignion — um vermezinho e miserável pecador, a quem Deus dá a vida e a tira, concede saúde ou permite a doença. Somos completamente dependentes d’Ele, para tudo quanto de nós deseje.
Mas, que felicidade para nós ao pensarmos: “Somos tão minúsculos perto do Criador e, contudo, quanto mais reconhecemos nossa pequenez, mais nos unimos a Ele e mais Ele nos acolhe em seu Sagrado Coração!”
E assim, correspondendo a esse ideal de humildade, servidão e amor, estreitamos nossa união com Deus, com Maria e a Santa Igreja.

domingo, 18 de março de 2012

Maria elevada acima de todos os anjos e santos

Jesus Cristo tornou-se Escravo de Nossa Senhora desde o momento em que Ela, diante do convite apresentado por São Gabriel, aceitou de dar à luz o Messias, e o Espírito Santo então concebeu em seu claustro materno o Verbo encarnado.

A Santíssima Virgem tornou-se, assim, Esposa do Divino Espírito Santo a um título muito particular, e passou a receber d’Ele orientações, diretrizes, atos de amor, de consolação de uma sublimidade indizível. Graças essas em estreita relação com os vínculos que o próprio Jesus, naquele seio puríssimo, mantinha com sua Mãe. Estabelecia-se, assim, um maravilhoso convívio no qual Nossa Senhora era, ao mesmo tempo, a Filha predileta do Pai Eterno, a Mãe admirável do Verbo humanado e a fidelíssima consorte do Espírito Santo. Tudo isto foi concedido a Nossa Senhora em virtude do fato da Encarnação. Quer dizer, no instante em que Ela concebeu o divino Filho, tornou-se objeto dessa assombrosa promoção (se pudéssemos empregar o termo), por onde foi elevada a uma condição incomparavelmente superior à de todos os anjos e santos reunidos, o que significa uma perfeição tão imensa que escapa à nossa capacidade de imaginá-la.

sábado, 17 de março de 2012

Repleta de perdões


Quando pensamos na condescendência de Nossa Senhora para conosco, ficamos emudecidos de enlevo e gratidão. Invocar a Rainha do Céu e da Terra, o tabernáculo vivo do Verbo Encarnado, à qual Este obedeceu como um servo à sua senhora, e d’Ela recebermos um infatigável auxílio, é deveras mais do que nossas pobres palavras podem comentar.

Maria é a medianeira de todas as graças, mas essa medianeira é também nossa Mãe. Apesar de nossas faltas e fraquezas, sempre se acha propensa a nos atender: com comprazimento sôfrego, sorridente, repleto de perdões, desde que para Ela nos voltemos como filhos repassados de devoção e confiança.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Maria, Rainha e Medianeira


Para se compreender o Reino de Maria, cumpre ter em mente essa verdade fundamental: por vontade de Deus, Nossa Senhora é a Medianeira de todas as graças. Porque, para ser autenticamente Rainha, deve Ela conseguir do Rei (isto é, de seu divino Filho) tudo quanto quer e dessa forma governar o mundo.
Por sua natureza humana, Maria não detém mais poder do que os seus semelhantes. Assim, para reinar sobre o universo inteiro — anjos, santos, homens, todo o mundo material, etc. — Ela precisa possuir a graça de Deus. E como ponto de convergência de todos os favores celestes, Maria Santíssima é Rainha. Vale recordar que a intercessão de Nossa Senhora foi chamada, adequadamente, de onipotência suplicante, pois é por meio da súplica que Ela tudo pode junto ao Todo-Poderoso.

Portanto, a realeza da Virgem se acha em íntima conexão com o fato de Ela ser o canal de todas as graças. As dádivas divinas nos são concedidas pelas mãos de Nossa Senhora, e por seu intermédio são apresentados ao Altíssimo os pedidos feitos pelos homens. É geralmente aceita pelos teólogos a sentença segundo a qual, se todos os anjos e santos do Céu rogarem algo a Deus sem a mediação de Nossa Senhora, dificilmente lograrão êxito; enquanto que Ela, pedindo sozinha, tudo alcança. Por onde se compreende como o foco da predileção divina se concentrou em Nossa Senhora e através d’Ela se esparge sobre o conjunto da criação.

quinta-feira, 15 de março de 2012

A virtude da previdência

A confiança na maternal e infalível misericórdia de Maria Santíssima e a virtude da previdência são indispensaveis para as encruzilhadas da vida espiritual e os momentos cruciantes do quotidiano terreno.

O homem previdente procura perceber o perigo quando este é ainda pequeno e remoto, pois melhor se prepara o confronto contra algo distante, e mais facilmente se vence o que tem menores proporções.

Ora, na existência de todos os dias constatamos que a maior parte das pessoas não possui o hábito dessa previdência. Na teoria, todos concordam com o acerto de tal atitude de espírito, mas, de fato, poucos a observam. Deixa-se o perigo remoto e pequeno crescer, avolumar-se, imbuídos da idéia segundo a qual, em última análise, sempre pode sobrevir um imprevisto que afaste o risco. Desse modo, não nos aflige a preocupação de estarmos atentos quanto a uma eventualidade ruim. Esta, provavelmente, se resolverá por si mesma.

Ademais, aos imprevidentes acode amiúde a noção de que para tudo há o famoso ‘jeitinho’: caso o perigo se torne grande, ao invés de se fazer um imenso esforço e preparar uma tenaz investida contra ele, dá-se um ‘jeitinho’ e o mal se afasta...

Devemos nos lembrar, porém, desta outra verdade: se o ‘jeitinho’ por vezes soluciona, o mínimo que se pode dizer é que por vezes não nos socorre. E se alguém não deseja ser derrotado em nenhuma circunstância, o remédio é ser continuamente previdente, pois, do contrário, num belo momento ele não prevê o perigo, este cresce de modo súbito e o estrangula. Portanto, quem possui o senso da responsabilidade e do dever, não pode pensar de outra forma.

Essa disposição de alma, mais do que em relação às dificuldades temporais, vale para enfrentar os perigos da vida espiritual. Começa a se delinear em nós um pequeno defeito. Se o combatermos de imediato, nossa integridade espiritual estará salva. Se lhe opusermos resistência apenas quando ele avulta, já nos tornamos débeis: diante do defeito fraco, o homem é forte; diante do defeito forte, o homem é fraco.

Cumpre, pois, termos uma vigilância continuamente voltada para nossa vida interior. Importa sermos desconfiados contra nós mesmos pois, o principal responsável por mim junto a Deus e à Santíssima Virgem sou eu próprio. E como me sei concebido no pecado original, portanto com más inclinações e defeitos, devo nutrir desconfiança contra essas imperfeições, não lhes fazendo concessão alguma, vendo todos os ardis que a fraqueza humana pode sugerir em mim para ceder a elas. Desse modo as poderei vencer. Se não combato a pequena lacuna, a armadilha quase imperceptível, dentro em pouco estarei na voragem de uma tentação sob a qual posso sucumbir.

Vigiai e orai para não cairdes em tentação, recomendou o Divino Mestre. Quer dizer, é preciso vigiar, é necessário prever. O homem vigilante e previdente não se assusta com a proximidade do perigo, pois já se preparou para enfrentá-lo, planejou todos os lances da luta e compreende que fez o que devia ter feito. Sobretudo suplica o misericordioso auxílio de Nossa Senhora, principal fator de qualquer êxito na vida espiritual. Nosso próprio esforço será indispensável, porém secundário: o elemento primordial é a graça divina, obtida pelo Sangue de Jesus Cristo, sempre sob o poderoso amparo de Maria Santíssima.

Pelo contrário, o homem imprevidente e sem vigilância procura não pensar no perigo e quando este se apresenta, não sabe como agir. Aturdido, não encontra os meios adequados para se defender em tal confronto. Pode ser derrotado. Já o vigilante, mesmo diante do revés, não se deixa esmorecer. Recobra forças e novo ânimo face ao infortúnio. Sua consciência está tranqüila, pois ele procedeu como devia. Sabe que Nossa Senhora o protegerá ainda mais. 

quarta-feira, 14 de março de 2012

Amor de Mãe e de criatura


Escolhida desde toda a eternidade para trazer ao mundo o Unigênito de Deus, Nossa Senhora tinha em grau altíssimo todos os desvelos de uma mãe em relação ao seu filho e, ao mesmo tempo, adorava-O como o seu Criador. De maneira tal que, ao vê-Lo se distrair como criança, ao vesti-Lo ou dar-Lhe de comer, Ela pensava: “Deixe-me tomar conta de meu Filho, deixe-me tratar d’Aquele que me criou...”

Por uma profunda compreensão da união hipostática, Maria sabia que as menores ações do Menino Jesus — Segunda Pessoa divina encarnada — repercutiam no seio da Santíssima Trindade, e ao contemplar esse indizível relacionamento, cresciam na alma d’Ela suas solicitudes de Mãe e seu amor de criatura.

terça-feira, 13 de março de 2012

Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará

Quando meu olhar se volta para Nossa Senhora, penso naquela frase d’Ela, pronunciada em Fátima: ‘Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará’. Não será que o primeiro triunfo do Imaculado Coração de Maria se dará no interior de nossas almas? Não será neste que, antes de qualquer outro lugar, Nossa Senhora entrará, calcando aos pés e destruindo uma série de defeitos, e fará brilhar inteiramente essa luz em nós, no esplendor de nossa missão?
“Essa restauração fará de nós as pessoas mais combativas, de maior iniciativa, mais inflexíveis, mais capazes de sofrer que houve em toda a história da humanidade.
Pessoas que sejam tochas, pessoas que sejam anjos para restabelecer a Civilização Cristã. Pessoas que sejam tais que do brilho da personalidade delas brote finalmente o brilho do Reino de Maria, perto do qual o da Idade Média não foi senão um esboço.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Expressão do carinho materno de Maria


É interessante frisar que essa particular proteção da Virgem Santíssima em relação a nós transparece muito na sua prerrogativa de Mãe da Divina Graça.

Quantos já não nos sentimos, ao aproximarmos de uma imagem sob essa invocação, recebidos por um sorriso d’Ela, envolvidos por uma espécie de doçura que nos prometia compaixão, pena, a convicção de sermos atendidos e favorecidos por um ato de inesgotável bondade?

É a certeza de que Nossa Senhora sempre se acha disposta a nos socorrer e amparar com sua clemência, seja em nossas carências materiais e físicas, seja marcadamente em nossas lacunas espirituais, ajudando-nos a vencer nossos defeitos, as tentações e o pecado. Portanto, Nossa Senhora das Graças podia se dizer Nossa Senhora da Misericórdia, que nunca, nunca, nunca nos deixará desamparados.

E creio jamais ser suficiente insistir nesta verdade: Mãe da Divina Graça significa a tesoureira de todas as graças de Deus. As dádivas celestiais constituem um tesouro inexaurível, posto nas mãos de Nossa Senhora e por Ela difundido àqueles que recorrem à sua intercessão.

Maria é a dispensadora de todas as graças e também a Mãe dos que Lhe suplicam favores. Mãe dos miseráveis, dos aflitos, daqueles que quase perderam a esperança, aos quais Ela reanima, e faz reacender em seus corações a chama da Fé.

Basta considerarmos uma imagem de Nossa Senhora das Graças para compreendermos o quanto esse título exprime o carinho materno de Maria em relação a nós. Acolhe-nos de braços abertos, o sorriso nos lábios, repassada de um convite amorável para nos aproximarmos e convivermos um pouco com Ela. Envolve-nos com uma afabilidade e uma promessa de perdão sem limites, insondável. E nos faz ouvir no fundo da alma a sua voz carinhosa: “Tendes a Mim, sou inteiramente sua. E por causa disso, todos os caminhos para o Céu lhe são franqueados...”

domingo, 11 de março de 2012

Confiança

Em sua insondável sabedoria, Deus, às vezes, determina que tudo aquilo para o qual nos chama, nós como que queimamos sobre uma pira em louvor a Ele. Dessa forma, o desejo de fazer um bem que não pudermos concretizar haverá de valer mais aos olhos de Deus do que esse mesmo bem que nós poderíamos ter feito.

Portanto, a alma deve ter isso em vista e se conformar com os desígnios divinos. Nela, a virtude da confiança consiste em ter a certeza de que ascenderá por esse caminho, amparada pela misericórdia de Maria Santíssima. E todos nós temos de estar dispostos a aceitar essa condição. Se assim procedermos, despertaremos em nosso coração sentimentos virtuosos, pois essa é a maneira de considerar a situação em função dos dados da fé católica.

Então, nunca nos deixemos abater pelo desânimo, pela revolta, jamais abandonemos o verdadeiro caminho, que é o da confiança.

sábado, 10 de março de 2012

Carinho purificador


Não raras vezes, quando nos aproximamos de uma imagem da Santíssima Virgem, temos a impressão de se abrir para nós uma janela no céu da misericórdia d’Ela, através da qual nos inundam os fulgores maternos da compaixão, da bondade, da disposição de perdoar mais uma vez, e outra, e outra. Algo indefinido e sublime, de um carinho purificador de todas as nossas fraquezas, como se Nossa Senhora nos tocasse, não com seus dedos virginais, mas com seu olhar imaculado: Ela nos viu, nos fitou, e só de sentirmos os seus olhos pousando sobre nós, qualquer coisa muda em nossa alma, para melhor...

sexta-feira, 9 de março de 2012

Devotos ardorosos de Maria

Como escravos da Virgem em vossa grande batalha, pedi a Nossa Senhora, antes de tudo, uma intensa Fé Católica Apostólica Romana; que Ela vos dê a convicção e a rejeição do mal que há no pecado, bem como a admiração pelo bem existente na virtude, sobretudo na mais árdua de se manter quando jovem, a virtude da pureza. Implorai-Lhe firmeza na prática da castidade, e coragem para enfrentar o paganismo do mundo moderno.

Dessa forma, tereis a glória de participar do desfile dos vencedores, quando for implantado o Reino de Maria, prometido pela Virgem Santíssima em Fátima, ao anunciar o triunfo final do seu Imaculado Coração sobre a face da Terra.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Convocação para uma grande batalha

Nossa Senhora das Maravilhas ( Madrid )

Na vida de um homem há situações em que ele tem a impressão de ser um navio abandonado no meio da tempestade, jogado de um lado para outro pelos ventos das tentações, dos problemas, e parece que o navio afundará.

Mas, a nau tem um capitão: o próprio homem. Se ele rezar, tomar todas as precauções, não desistir mesmo quando julgar que o mar inteiro está entrando na embarcação, aos poucos a tormenta vai amainando.

Quando a Providência Divina permite que passemos por tais provações, Ela está nos concedendo uma honra. Assim, cada um de vós, nas ocasiões difíceis, não se ache abandonado. Pense o contrário: “Estou convocado para uma grande batalha! É uma honra! Minha Mãe e de Jesus Cristo meu Senhor, tende misericórdia de mim e ajudai-me! Vou pôr mãos à obra, e ensinar a esta tempestade como são as coisas!”

quarta-feira, 7 de março de 2012

Confiança e determinação contra o pecado

A Virgem Maria, sob a invocação de Nossa Senhora das Graças, calca aos pés a cabeça da serpente, esmaga e sempre esmagará o demônio. Assim, sob a proteção d’Ela, imitando-A, devemos levar nossa vida subjugando o mal dentro de nós, rejeitando as tentações, e também fora de nós, combatendo a Revolução, empenhando- se na vitória da Contra-Revolução e trabalhando pelo advento do Reino de Maria.

Somente conseguiremos isso se formos autênticos devotos de Nossa Senhora. Conforme explica São Luís Grignion, precisamos fazer todas as vontades d’Ela, as quais conheceremos cumprindo antes de tudo os Mandamentos da Lei de Deus e da Igreja, observando-os durante a vida inteira por amor a Nossa Senhora, a quem nos consagramos, e porque Ela assim o deseja.

terça-feira, 6 de março de 2012

As batalhas da vida


Devemos procurar a santidade e subir os píncaros da seriedade, galgar as culminâncias do esforço, fiéis à Lei de Deus e, mesmo quando tivermos a impressão de que tudo nos convida para o mal, dizer: “Salve Rainha, Mãe de misericórdia...”

Sejamos realistas: cada um possui todos os meios para não pecar, mas ninguém pode garantir que não cairá. Precisamos nos preparar. Se acontecer a desgraça, a catástrofe de cometermos um pecado mortal, devemos confiar, não desesperar, mas imediatamente nos dirigir até os pés de uma imagem de Nossa Senhora ou segurar o Rosário e dizer: “Salve Rainha, Mãe de misericórdia”, “lembrai-vos, ó piíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer — nunca se ouviu dizer! — que alguém tivesse recorrido à vossa proteção e fosse por Vós desamparado... Gemendo sob o peso dos meus pecados, me prostro a vossos pés...”

É a prece não apenas do homem inocente, mas também do que cometeu pecados e se lamenta sob o peso deles, podendo mesmo acrescentar: “Se nunca se ouviu dizer, não seja eu o único infeliz em que se desminta vossa clemência. Mil vezes não! Ó minha Mãe, reerguei-me, dai-me ânimo para ir me confessar e continuar sempre e sempre essa luta que me levará ao Céu!”

segunda-feira, 5 de março de 2012

Natividade de Nossa Senhora

Natividade de Nossa Senhora ( Fougères)

Fonte de toda elevação e grandeza, Nosso Senhor escolheu por Mãe aquela que, abaixo d’Ele, veio ao mundo para ser o píncaro da criação. E um ápice com esta característica de particular excelência: possuía tudo na ordem do necessário, acrescido da elegância que se alça para o terreno do supérfluo. Ela nasceu com o florilégio de todos os charmes possíveis, mil graciosidades, mil distinções, mil belezas que constituem, também, a sua incomparável glória.