quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Salve, ó Virgem Mãe

Continuação dos comentários Pequeno Ofício da Imaculada Conceição

Grande milagre operado pelo Onipotente
“Não há título maior que o de Mãe de Deus”, comenta o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. “Contudo, Nosso Senhor Jesus Cristo preza tanto a virgindade que desejou fosse sua Mãe também virgem, operando em favor d’Ela um estupendo milagre que excede à nossa imaginação: Maria permaneceu virgem antes, durante e depois do parto.
“Segundo a bela comparação que fazem os teólogos, assim como Nosso Senhor saiu do sepulcro sem esforço e sem nada quebrantar, assim deixou Ele o claustro materno, sem detrimento da virgindade de Maria Santíssima” 14
Nossa Senhora, Virgem e Mãe! Eis um dos grandes milagres operados pela destra do Onipotente. O Doutor Melífluo, São Bernardo, viu nesta extraordinária ação da Providência um dos privilégios que mais distingue a Virgem Santíssima de todas as outras criaturas:
“Não há coisa, na verdade, que mais me deleite, porém tampouco há que mais me atemorize, que o falar da glória da Virgem Mãe. Confesso minha imperícia, não oculto minha grande pusilanimidade. Porque [...] se me ponho a louvar sua virgindade, descubro que muitas outras foram, depois d’Ela, virgens. Se me ponho a exaltar sua humildade, encontrar-se-ão talvez muito poucos, mas se acharão, que, a exemplo de seu Divino Filho, se fizeram mansos e humildes de coração. Se engrandeço a multidão de suas misericórdias, vêm-me à lembrança alguns homens e também mulheres que foram misericordiosos.
“Uma coisa há na qual Ela não teve antes par nem semelhante, nem o terá jamais, e foi em unir as alegrias da maternidade com a honra da virgindade. «Maria, disse Jesus, escolheu para si a melhor parte». Ninguém duvida, com efeito, que se é boa a fecundidade conjugal, todavia é melhor a castidade virginal; pois bem, supera imensamente às duas a fecundidade virginal ou a virgindade fecunda. Privilégio é este próprio de Maria e que não se concederá jamais a nenhuma outra mulher. [...] É prerrogativa singular d’Ela e por isto mesmo inefável: ninguém poderá compreendê-la, nem explicá-la.
“Que dizer, então, se nos lembrarmos de quem Maria se tornou Mãe? Que língua, fosse mesmo angélica, seria jamais capaz de louvar bastante a Virgem Mãe? Mãe, não de um qualquer, mas de Deus. Duplo milagre, duplo privilégio, que de modo maravilhoso se harmonizam. Porque nem era digno da Virgem outro Filho, nem de Deus, outra Mãe”.15
Semelhante é o pensamento de São Tomás de Aquino, ao comentar este versículo do Magnificat: “Porque em Mim fez grandes coisas o que é poderoso, e cujo nome é santo” (Le. I, 49):
“Manifesta a Virgem que será proclamada bem-aventurada [...] «porque fez em Mim grandes coisas o que é poderoso».
“Que grandes coisas Vos fez? Creio que [estas]: sendo criatura, daríeis à luz o Criador, e que sendo escrava, engendraríeis o Senhor, para que Deus redimisse o mundo por Vós, e por Vós também lhe devolvesse a vida. E sois grande, porque concebestes permanecendo virgem, superando, por disposição divina, à natureza. Fostes reputada digna de ser mãe sem obra de varão; e não uma qualquer mãe, mas a do Unigênito Salvador. A isto se refere o Princípio do cântico, onde diz: «Minha alma engrandece o Senhor». Só aquela alma, à qual Deus se dignou fazer grandes coisas, é que pode enaltecê-Lo com apropria dos louvores.
“Diz, pois: «O que é poderoso», para que se alguém duvide da verdade da Encarnação, permanecendo virgem depois de haver concebido, refere este milagre ao grande poder d’Aquele que o fez” 16
Considerando o extraordinário fato de Maria conciliar em si a perpétua virgindade e a maternidade divina, exclama um piedoso autor do século passado:
“O Virgem, a maravilha é precisamente a virgindade fecunda: o milagre é precisamente vossa condição inaudita de Virgem Mãe! [...]
“O Maria, Virgem Mãe, sois doravante um ideal que arrebatará todos os amantes da verdadeira beleza: Virgem Mãe, os doutores e os artistas tomar-vos-ão à porfia por tema de suas mais sublimes compo sições, e todos, após cansarem o próprio gênio, deporão a pena ou o pincel, sem ter podido exprimir tudo o que solicitava os ardores de seu anelo e os entusiasmos de seus sentimentos!
“Virgem Mãe, nós Vos saudamos, fazendo eco às palavras do Anjo embaixador que falou, ele mesmo, sob o as ordens de Deus! Se nos é tão agradável considerar vossas grandezas, é que elas são o fundamento de nossa esperança em Vós. [...] Vós conseguistes fazer descer um Deus sobre a terra; Vós sabereis, pois, fazer chegar à minha alma árida algumas gotas de orvalho celeste. Vossa graça, divino amálgama de humildade e de pureza, revestiu um Deus de carne humana; e ela poderá me revestir da túnica da santidade!” 17


14) Cfr. CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Conferência em 22/5/1990. (Arquivo pessoal).
15) BERNARDO. Obras Completas. Madrid: BAC, 1953. Vol. I. p. 721-722.
16) AQUINO, Tomás de; BUSA, Roberto. S. Thomae Opera Omnia. Commentaria in Scripturas. Milano: Cartiere Binda, 1980. Vol. IV. p. 285
17) DADOLLE. Le Mois de Marie. Paris: J, Gabalda, 1925. p. 58; 60-61.