quinta-feira, 19 de abril de 2012

Combate ao amor-próprio

Ao entrar num ambiente, devo sinceramente estar despreocupado de ser o primeiro, de ser honrado, louvado, estimado, consultado, etc., e cumpre tomar essa atitude por amor a Deus. Portanto, preciso querer que o Criador e a Igreja sejam amados sobre todas as coisas; e seja eu capaz de amá-los acima de todas as coisas meramente humanas.
Importa considerar também que, ao me esforçar para evitar que o amor próprio, o orgulho e o egoísmo me dominem, preciso ter uma certa visualização que me ajude a combater esses defeitos.
Imagine-se, por exemplo, que eu pronuncie uma conferência e o público, muito indulgente e pouco dado a críticas, me cumule de aplausos. Qual deve ser o pensamento correto a se formular nessa hora?
“Que ovacionem a mim, não tem importância. Minha exposição conseguiu despertar o amor a Deus e à Igreja Católica em alguém? Esses aplausos significam um verdadeiro movimento de virtude que minhas palavras suscitaram?
Se assim foi, alegrar-me-ei. Não, porém, quanto ao que diz respeito a mim, porque esta é minha razão de ser. Sou filho de Deus e da Santa Igreja, servo de Nossa Senhora: com isto devo me preocupar.”
Ter sempre em mente esse aspecto  é um esplêndido auxílio para se praticar a virtude da humildade e Fazer aplicações concretas à nossa vida quotidiana, pois o amor próprio é algo tão contínuo, polimórfico e profundamente radicado na natureza humana, que qualquer pessoa, não tendo vigilância, acaba sendo meio infiltrado — para dizer pouco! — por ele.
Exemplifico. Se desempenhamos uma tarefa de modo bem feito somos objetos de admiração dos outros. A pergunta que devemos fazer a nós mesmos é:
“Agimos assim por satisfação própria ou por Nossa Senhora? Para sermos aplaudidos ou a fim de que Ela seja bem servida?”
Se realizamos o trabalho para glorificar a Santíssima Virgem, é o correto e o desejável. Mas, se eu degustar os elogios e pensar: “Homem! Fiz tal coisa, e como os outros me admiraram naquela hora! Fulano, que sempre me contraria, ficou com uma face comprida...” — estarei me entregando a considerações lastimáveis, as quais roubam todo o mérito do meu apostolado.
Precisamos ser indiferentes ao fato de aparecermos ou não naquilo que fazemos em nossas vidas. E para se alcançar esse desprendimento, só há um meio eficaz: examinar-se e perguntar se Nossa Senhora de fato está bem servida, honrada e glorificada com nossas realizações.
Por outro lado, se empreendemos um trabalho importante e ninguém nos elogia, não nos incomodemos. Desde que tenhamos procurado atender aos desígnios de Deus, o resto não importa.
É procedendo dessa forma que se combate inteiramente o egoísmo e o orgulho.