segunda-feira, 30 de abril de 2012

Consagração ao Imaculado Coração de Maria

A consagração ao Imaculado Coração de Maria é um complemento da que se faz ao Coração Sacratíssimo de Jesus; não um complemento supérfluo, por certo, mas um complemento precioso e admirável, que dá à Consagração ao Coração de Jesus uma realidade e uma plenitude admiráveis.
O Coração de Maria é por excelência o reino do Coração de Jesus. A união de ambos os Corações é tão perfeita que há escritores que por assim dizer os fundem em um só, referindo-se ao Coração de Jesus e de Maria. Toda a piedade marial assenta sobre esta verdade fundamental de que Maria Santíssima é o canal pelo qual se chega a Jesus, é a porta, a vida, o caminho por excelência, onde com maior segurança, mais rapidez, mais facilidade, encontramos Nosso Senhor Jesus Cristo. Assim, a consagração ao Imaculado Coração de Maria é o meio mais seguro, mais fácil, mais rápido de conseguirmos a consagração ao Coração Sagrado de Jesus.
Com efeito, pronunciar um ato de consagração é fácil. Consagrar-se sinceramente, seriamente, a fundo, é muito mais difícil. Para conseguirmos as condições necessárias para uma perfeita consagração a Nosso Senhor nada mais perfeito, mais seguro, mais útil do que consagrarmo-nos a Maria Santíssima.
O Cristocentrismo consiste em ter a Nosso Senhor Jesus Cristo como centro de tudo. Ora, só será verdadeiro o Cristocentrismo que nos conduz ao centro pelo verdadeiro caminho. E esse caminho é Nossa Senhora.
A consagração ao Coração Imaculado de Maria é mais atual do que nunca. Mais do que nunca, o mundo atribulado por mil vicissitudes de toda ordem, precisa de um  materno que dele se condoa. Mais do que nunca, pois, torna-se necessário que apelemos para o coração de nossa Mãe, que imploremos, fazendo tanger suas fibras mais sensíveis, suas cordas mais íntimas, toda a sua misericórdia, todo o seu amor, toda a sua assistência.
Consagremo-nos, portanto, sem reservas ao Coração Imaculado.

domingo, 29 de abril de 2012

Ponde Jesus no vosso caminho de espinhos

Houve uma alma contemplativa, provada por mil sofrimentos, que se viu em sonhos percorrendo um caminho cheio de cardos, no qual seus pés se laceravam cruelmente. Apareceu, entretanto, o Salvador, e começou a seguir o mesmo trajeto. E por toda a parte onde seus divinos pés pousavam, ficava uma marca impressa no solo. A alma contemplativa fez sobre estas sacratíssimas pegadas seu caminho, e conseguiu andar com desenvoltura e sem dores, pela estrada onde há pouco conseguia apenas arrastar-se.

Ponde Jesus no vosso caminho de espinhos, segui suas pegadas e vereis como se mitigarão os sofrimentos que não conseguistes suportar, ou suportareis as dores que não for possível mitigar.

sábado, 28 de abril de 2012

Pedidos de Nossa Senhora de Fátima

Há 95 anos, na manhã de 13 de maio de 1917, Nossa Senhora aparecia a três pastorinhos portugueses que cuidavam de suas ovelhas nas relvas da Serra do Aire, próximo de Fátima. A mensagem da Mãe de Deus, dirigida então a um mundo conturbado pela Grande Guerra, repercute até os dias de hoje, conservando toda a sua grave e misericordiosa instância: “Se querem a paz, rezem o Terço todos os dias; deixem de ofender a Deus, já tão ofendido”. Nas aparições seguintes, pedirá ainda a Rainha do Céu e da Terra que os povos se consagrassem ao seu Coração Imaculado, manancial de dádivas e clemências divinas.
Sejamos dóceis em atender a tais pedidos de Nossa Senhora. Doutor Plinio frisou a necessidade de o fazermos, com os inestimáveis benefícios que dessa obediência nos adviriam:
“Aparecendo aos pastores de Fátima — escreveu ele — a Virgem Santíssima prometeu as maiores graças, como fruto da consagração a seu Imaculado Coração. Inútil insistir sobre a importância de uma promessa d’Aquela a quem a Igreja chama Virgo Fidelis. Em rigor, porém, por mais confortadora que essa promessa seja, ela não é indispensável. Com efeito, Nossa Senhora é Mãe. Qual a mãe zelosa, que ouviria distraidamente, negligentemente as carícias de seus filhos? Qual a mãe que diante de sua família, toda reunida para lhe tributar homenagem, houvesse de desviar indiferente o pensamento, e houvesse de retribuir com a máxima frieza interior, a todo o carinho de que estivesse sendo objeto? Tendo diante de si [um povo inteiro], Maria Santíssima haveria de se mostrar indiferente a essa consagração? Haveria de fechar os olhos a nossos propósitos e recusar nossa súplica?
“Evidentemente, jamais. E por mais profunda que fosse a excelência de disposições do melhor e do mais santo dos povos, em se consagrar a Maria Santíssima, ainda muito mais profunda é a deliberação d’Ela em aceitar e corresponder à nossa consagração. De onde se deduz, tudo bem pesado, que o fruto da consagração é o estabelecimento de um vínculo real e especial entre o Coração de Maria e nós” (Legionário, de 15/7/1945).
Esta união com a Virgem Santíssima, procurou Dr. Plinio estreitá-la de modo solene ao fazer consagração ao Imaculado Coração de Maria, segundo o método de São Luís Grignion de Montfort.
Tomemos uma atitude de recolhimento, de devoção, de apetência dos maiores dons do espírito e, notadamente, do mais alto desses bens que é a comunicação de alma com Nossa Senhora, Medianeira de todas as Graças e canal que Deus desejou tornar necessário para que todos chegássemos a Ele.
“Ora, no Céu, onde nossas ações e preces são conhecidas, Maria Santíssima, os anjos e os santos acompanham os passos de cada um de nós na vida espiritual, rogando a Deus que Seus desígnios a nosso respeito se realizem.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Mãe e conselheira nas aflições e nas penumbras

Se analisarmos a noção de Nossa Senhora do Bom Conselho, entende-se que ela se refere à Santíssima Virgem enquanto obtendo de Deus, por sua intercessão onipotente, graças para as almas perturbadas, que não sabem o que fazer diante de certa emergência, e precisam, portanto, de um conselho. E Nossa Senhora do Bom Conselho é a Mãe que se compadece dos homens desorientados, e lhes obtém a graça de uma iluminação interior, de um discernimento especial, de uma palavra que lhes vem de um bom amigo, de um bom diretor espiritual ou da leitura de um bom livro, etc. Enfim, Ela sempre lhes alcança o conselho que se queria, o conselho que se pedia, a solução que se procurava e se julgava impossível encontrar.
Tudo no mundo contemporâneo, no mundo do caos, parece falar contra nós, parece mentir-nos, dizer-nos coisas que nos levarão para o erro e o mal. Que remédio há para isto a não ser um bom conselho? E quem há-de nos dar bom conselho neste mundo desvairado? Ninguém mais e ninguém melhor do que Nossa Senhora do Bom Conselho. Ela é, pois, por excelência a mãe e a conselheira nas aflições e nas penumbras do mundo de hoje.
Assim, em nossos momentos de dúvida e apreensão, saibamos que nos está reservada a alegria — da qual tão poucos homens na terra desfrutam! — de nos voltarmos para Maria e Lhe dizer: “Mãe do Bom Conselho, Vós não me desamparareis. Tende pena de mim e dai-me uma orientação.”

quinta-feira, 26 de abril de 2012

O bom conselho para o mundo

No momento em que a humanidade chega a uma encruzilhada, na qual se coloca para ela uma opção ineludível, é hora de pedir à Mãe do Céu seus sapienciais conselhos.
Em nossa época tão aflita e conturbada, incontáveis são as almas que precisam, a este ou àquele título, de um bom conselho. Nada de melhor podem fazer do que implorar o auxílio d’Aquela que a Santa Igreja, na Ladainha Lauretana, invoca como Mãe do Bom Conselho.
Entretanto, cumpre ponderar que um conselho é de tanto maior valia, quanto grande for a importância do assunto sobre o qual versa. Por isso são supremamente importantes para cada um os conselhos necessários para conhecer a respeito de si mesmo os desígnios de Nossa Senhora e os meios aptos para os realizar.
 Aqui está uma razão para se afirmar a particular atualidade da devoção a Nossa Senhora do Bom Conselho, neste tempo que poderá passar para a história como o tempo da confusão.
Todavia, se alargarmos nossos horizontes para além da esfera individual, [...] não poderemos deixar de ponderar que ainda aqui a humanidade precisa como nunca de um bom conselho da Virgem das Virgens. [...]
A opção para o mundo moderno é entre um porvir tenebroso, feito das últimas capitulações ante os extremos do erro e do mal, e o abraçar entusiástico da plenitude da verdade e do bem.
Como mover a humanidade — de tal maneira atolada no processo histórico que a vem impelindo há tantos séculos — a empreender a trajetória do filho pródigo rumo à casa paterna? Sem um possante auxílio da graça, a falar no interior de incontáveis almas, isto não se pode conseguir.
Esse bom conselho a ser proferido no íntimo de cada coração para a salvação da humanidade, que melhor modo há-de obtê-lo senão implorando-se à Mãe do Bom Conselho que, por uma graça nova, converta o bárbaro supercivilizado do século XXI? Só assim poderá este, à maneira do bárbaro subcivilizado do século V, “queimar o que adorou e adorar o que queimou”. E só assim poderá ter origem uma nova e ainda mais esplendorosa era de fé.
Esse é o bom conselho por excelência que os devotos de Maria devem pedir para si e para todos os homens nos dias que correm.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Nossa Senhora do Divino Amor

A Salvadora de Roma
Bombardeios aéreos, potentes cargas de explosivos nas pontes do Rio Tibre, dois mil tanques prontos para o assalto, iminência de arrasadores combates nas ruas, tudo pressagiava a total destruição da Cidade dos Mártires e dos Santos...

Detentora de uma fabulosa história que abarca quase três milênios, Roma já conheceu tudo quanto uma cidade poderia presenciar. Desde pequena aldeia às margens do Tibre até imponente capital de um vastíssimo império, viveu dias de fausto e poder incalculáveis, e períodos de triste decadência seguidos de radioso renascimento. Sobranceira, ela sofreu assédios, incêndios, invasões, pestes, e a tudo isso sobreviveu, recebendo com propriedade o título de “Cidade Eterna”. Contudo, no início de 1944, para muitos aquela longeva história parecia inexoravelmente ter chegado ao fim.
Sob o domínio estrangeiro
Como outras vezes acontecera no passado, a cidade estava vivendo sob o domínio estrangeiro, ocupada por forças alemãs desde setembro de 1943. O solo romano já havia experimentado o tremendo impacto dos bombardeios aéreos, como o que arrasou o bairro de São Lourenço em 19 de julho de 1943, fazendo centenas de vítimas. Embora, em fins de janeiro de 1944, tivessem desembarcado em Anzio as Forças Aliadas, estas avançavam com enervante lentidão.
Perspectivas de iminente destruição
Em maio desse ano, na previsão de futuras operações militares de grande envergadura na Europa, a conquista de Roma tornou-se um objetivo de máxima importância para os Aliados. Na noite de 11 para 12, começou a grande batalha. A 120 quilômetros da cidade, na região de Montecassino, 650 canhões do 13º Corpo do Exército Inglês iniciaram um bombardeio contra um importante contingente alemão ali aquartelado, em consequência do qual a multissecular abadia ficou reduzida a escombros. Logo depois começou a mover-se o 5º Exército norte-americano. A notícia desse primeiro lance causou não pequeno aumento do temor em Roma: seria este um prelúdio do que aconteceria com a Cidade Eterna?
Os acontecimentos pareciam indicar que sim. Em 4 de junho, tudo pressagiava o início de um duro combate. Dispostos a uma forte resistência, os alemães tinham instalado potentes cargas de explosivos em todas as pontes do Rio Tibre, para destruí-las caso tivessem de bater em retirada. De outro lado, o general britânico Harold George Alexander decidiu lançar seus dois mil carros de combate no assalto à cidade.
Tudo pressagiava uma luta casa a casa, palmo a palmo, altamente arrasadora, como acontecera já em outras localidades europeias. Essa terrível perspectiva angustiava todos os romanos.
O voto da cidade de Roma
Em circunstâncias como essa, os homens se lembram mais facilmente de recorrer ao auxílio divino. Foi nesse quadro de tragédia que o Papa Pio XII convidou o povo a fazer um voto, pedindo que a cidade fosse salva da destruição.
Encontrava-se então em peregrinação por várias igrejas de Roma a milagrosa imagem de Nossa Senhora do Divino Amor, muito venerada pelos romanos desde o século XII. Nesse ameaçador dia 4 de junho, na Igreja de Santo Inácio, foi feito solenemente um voto pelo qual o povo de Roma Lhe prometia: “corrigir e melhorar sua conduta moral, para tornar sua vida mais conforme à de Nosso Senhor Jesus Cristo”; construir um novo santuário e iniciar uma obra de caridade em sua honra.
Quase ao mesmo tempo, uma misteriosa mensagem de Hitler cancelou a ordem de resistência, e o exército alemão retirou-se da cidade, na qual entraram pouco depois as Forças Aliadas, aclamadas por uma multidão exultante de incontida alegria. Esse desfecho foi tão surpreendente que o próprio Primeiro-ministro britânico, Winston Churchill, afirmou: “A conquista de Roma se deu de modo completamente imprevisto”.
Do alto dos Céus, a solícita Mãe de Deus havia atendido às preces de seus aflitos filhos, e a cidade foi liberada sem o derramamento de uma gota de sangue sequer!
“Salvadora de Roma”
Uma semana depois, o Papa Pio XII reuniu-se com os fiéis para uma prece de gratidão, e nessa oportunidade atribuiu a Nossa Senhora do Divino Amor o título de “Salvadora de Roma”.
“Nós olhamos para Ti, Mãe do Divino Amor, esperando por Ti, por tua materna intercessão, a nossa salvação. (...) Guarda a tua Roma!”
Décadas mais tarde, em lº de maio de 1979, o Papa João Paulo II visitou o Santuário de Nossa Senhora do Divino Amor e o definiu como “o Santuário Mariano de Roma”.
Hoje, é famosa a peregrinação nocturna a pé, que atrai ao santuário devotos de todas as partes do mundo. Aos sábados, desde a Páscoa até o fim de outubro, os fiéis partem da Praça da Porta Capena à meia-noite, passam por pontos históricos como a Via Ápia Antiga, a Igreja do Quo Vadis, as Catacumbas de São Calixto e o Mausoléu das Fossas Ardeatinas, e chegam ao santuário na manhã de domingo. Ali, saudados pelos primeiros raios do sol que nasce, os romeiros apresentam à Virgem suas mais íntimas súplicas e pedem, naturalmente, que a proteção divina continue a cobrir a Cidade Eterna.
“Também hoje é necessária a conversão a Deus”
Bento XVI quis, como seus antecessores, venerar essa tão solícita e bondosa Mãe. Visitando seu santuário rezou o Rosário com os fiéis ali presentes, aos quais dirigiu alentadoras palavras. “Daqui, deste Santuário do Divino Amor — disse ele — , esperamos uma grande ajuda e apoio espiritual para a Diocese de Roma (...) Esperamos especialmente a força interior para cumprir o voto que fizeram os romanos naquele 4 de junho de 1944”. Acrescentou que “também hoje é necessária a conversão a Deus”, para o mundo se ver livre das guerras e do terrorismo. E concluiu: “Queridos irmãos e irmãs, neste santuário renovo o convite que fiz na encíclica Deus caritas est: Vivamos o amor e assim façamos entrar a luz de Deus no mundo”.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Canal da clemência divina


A insondável misericórdia de Maria Santíssima nos leva a esperar com maior confiança na misericórdia infinita de Nosso Senhor Jesus Cristo.

É Ela o canal da clemência divina para com os homens, e por esse manancial a bondade do Criador flui com inesgotável exuberância. Sobretudo nos momentos em que nossa alma se julga abandonada e na “estaca zero” da vida espiritual, a Mãe de Misericórdia se acha mais próxima de nós. Nessa hora, confiar no socorro d’Ela é um supremo ato de fidelidade o qual cumpre praticarmos.

Nossa Senhora jamais nos abandonará no meio do caminho.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Como um mendigo...



Importa à nossa devoção filial formarmos uma ideia inteira da bondade e do perdão ilimitados de Maria Santíssima para conosco; reconhecermos a necessidade do nosso contínuo apelo a esse perdão e a essa bondade maternais. Cumpre recorrermos a Ela em todos os momentos, de joelhos em terra, como humildes e confiantes mendigos, batendo no peito e estendendo-lhe o chapéu de nossa indigência. Então Nossa Senhora se faz toda doçura, suavidade e paciência em relação a nós; perdoa-nos e nos cura, até mesmo de nossas ingratidões mais descabidas...

sábado, 21 de abril de 2012

Escravidão de amor a Nossa Senhora

Em Maria e por Maria é que o Filho de Deus se fez homem para nossa salvação; desceu ao seu seio virginal, qual novo Adão no paraíso terrestre, para aí ter suas complacências; Deus feito homem, encontrou sua liberdade em se ver aprisionado no claustro da Virgem Mãe — afirma o grande São Luís Grignion de Montfort, estabelecendo os princípios de sua luminosa doutrina sobre escravidão de amor a Nossa Senhora.
Quem adere a essa devoção mariana proposta pelo Santo, torna-se um amoroso servo de Maria Santíssima. Segue, assim, o divino exemplo de  Jesus, Quem primeiro se submeteu inteiramente a Ela, durante os nove meses que  passou no imaculado claustro materno. Por ser o marco inicial dessa admirável dependência, podemos reflectir:
“Encarnando-se no seio de Maria, no momento da Anunciação, Jesus se deu a Ela  com um tal amanhecer de alma, com um espírito tão repleto de louçania, que não se  tem palavras para descrever a felicidade que nesse dia inundou a pessoa de Nossa Senhora! A geração da humanidade santíssima do Filho de Deus houve de ter sido a  maravilha das gerações!
“Conforme ensina São Luís Grignion, Jesus, considerado o novo Adão, veio ao  mundo para reparar o pecado cometido pelo primeiro homem. Ora, assim como este, enquanto permaneceu inocente, viveu em meio aos esplendores do Éden terrestre, também Nosso Senhor teve seu Paraíso — incomparavelmente melhor e mais precioso do que aquele — no ventre virginal de sua Mãe. Durante nove meses, esteve Ele  encerrado como num tabernáculo perfeitíssimo, onde encontrava alegrias, belezas e  delícias que excedem a qualquer concepção de nosso pobre intelecto. Além disso, numa inefável união de espíritos, o Filho ia revelando à Mãe, a respeito de si próprio, todas as magnificências que fossem cabíveis a uma criatura entender.
“Nesse indizível convívio, Jesus elevava a alma de Maria a um maravilhoso grau de  formosura, tornando-a mais bela e luminosa do que todo o resto do universo. Insondável intercâmbio de afetos, carinhos e atos de amor que teve início no instante do ‘fiat’ bendito. “No dia da Anunciação, com o ‘Sim!’ pronunciado pela Virgem de Nazaré, o Verbo  se fez carne e habitou entre nós.
“No dia da Anunciação, a Palavra de Deus raiou para o mundo, aureolada de promessas superlativas, de certeza das esperanças finalmente atendidas: nada menos que o resgate do gênero humano.”

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Socorro dos pecadores


Saibamos que o melhor corretivo para nossas incertezas na vida espiritual é a devoção a Maria Santíssima. Embora nos sintamos indignos de sermos atendidos, devemos rezar com redobrada confiança, compreendendo de modo vivo e prático que não é necessário ser bom, não é preciso possuir méritos ou grandes virtudes para ser ouvido. Alcançaremos as graças que nos importam porque nos foi dada uma onipotente Medianeira junto ao Mediador:
Ela é o socorro, mais do que dos justos, dos pecadores. Tenhamos consciência dessa verdade, e nossa oração subirá ao Céu com uma ardorosa esperança, uma inteira convicção de que será favoravelmente acolhida.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Combate ao amor-próprio

Ao entrar num ambiente, devo sinceramente estar despreocupado de ser o primeiro, de ser honrado, louvado, estimado, consultado, etc., e cumpre tomar essa atitude por amor a Deus. Portanto, preciso querer que o Criador e a Igreja sejam amados sobre todas as coisas; e seja eu capaz de amá-los acima de todas as coisas meramente humanas.
Importa considerar também que, ao me esforçar para evitar que o amor próprio, o orgulho e o egoísmo me dominem, preciso ter uma certa visualização que me ajude a combater esses defeitos.
Imagine-se, por exemplo, que eu pronuncie uma conferência e o público, muito indulgente e pouco dado a críticas, me cumule de aplausos. Qual deve ser o pensamento correto a se formular nessa hora?
“Que ovacionem a mim, não tem importância. Minha exposição conseguiu despertar o amor a Deus e à Igreja Católica em alguém? Esses aplausos significam um verdadeiro movimento de virtude que minhas palavras suscitaram?
Se assim foi, alegrar-me-ei. Não, porém, quanto ao que diz respeito a mim, porque esta é minha razão de ser. Sou filho de Deus e da Santa Igreja, servo de Nossa Senhora: com isto devo me preocupar.”
Ter sempre em mente esse aspecto  é um esplêndido auxílio para se praticar a virtude da humildade e Fazer aplicações concretas à nossa vida quotidiana, pois o amor próprio é algo tão contínuo, polimórfico e profundamente radicado na natureza humana, que qualquer pessoa, não tendo vigilância, acaba sendo meio infiltrado — para dizer pouco! — por ele.
Exemplifico. Se desempenhamos uma tarefa de modo bem feito somos objetos de admiração dos outros. A pergunta que devemos fazer a nós mesmos é:
“Agimos assim por satisfação própria ou por Nossa Senhora? Para sermos aplaudidos ou a fim de que Ela seja bem servida?”
Se realizamos o trabalho para glorificar a Santíssima Virgem, é o correto e o desejável. Mas, se eu degustar os elogios e pensar: “Homem! Fiz tal coisa, e como os outros me admiraram naquela hora! Fulano, que sempre me contraria, ficou com uma face comprida...” — estarei me entregando a considerações lastimáveis, as quais roubam todo o mérito do meu apostolado.
Precisamos ser indiferentes ao fato de aparecermos ou não naquilo que fazemos em nossas vidas. E para se alcançar esse desprendimento, só há um meio eficaz: examinar-se e perguntar se Nossa Senhora de fato está bem servida, honrada e glorificada com nossas realizações.
Por outro lado, se empreendemos um trabalho importante e ninguém nos elogia, não nos incomodemos. Desde que tenhamos procurado atender aos desígnios de Deus, o resto não importa.
É procedendo dessa forma que se combate inteiramente o egoísmo e o orgulho.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Chave da nossa salvação

Maternal e infalível advogada dos homens junto a seu Divino Filho, Maria Santíssima nos conheceu a cada um de nós antes que A conhecêssemos, amou-nos antes que A amássemos, e no trajeto — breve ou longo — que devemos percorrer rumo ao Céu, é d’Ela, em nosso favor, a primeira assim como a última palavra.


Donde nossa peregrinação rumo à pátria celestial cumpre se fazer na serenidade, com um ato de confiança completa: “Ela deseja me salvar mais do que eu mesmo e, portanto, com Ela caminho em paz. A chave de minha salvação está nas mãos de Nossa Senhora

terça-feira, 17 de abril de 2012

Santíssimo nome de Jesus

Por isso Deus O exaltou soberanamente e Lhe outorgou o nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no Céu, na Terra e nos infernos. E toda língua confesse, para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é o Senhor” (Fil 2, 9-11).
 “Por que razão se exalta o Santíssimo Nome de Jesus?
“Naturalmente, tudo quanto se refere ao Verbo Encarnado merece nossas homenagens, nossa veneração e é digno, portanto, de uma festa. Porém, poder-se-ia perguntar qual o motivo dessa particular insistência no que diz respeito ao Nome do Filho de Deus. Por que grandes santos da Igreja expulsavam e afugentavam os demônios, invocando o Nome de Jesus? E por quê, ao realizarmos alguns atos comuns ou importantes de nosso quotidiano, nos persignamos e fazemos uma pequena oração que sempre se inicia com o Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo?
“Que valor possui, afinal, um nome, e o Nome de Jesus?
“De acordo com a ordem profunda das coisas que foi truncada pelo pecado original, a linguagem humana era capaz de distinguir de modo conveniente os seres criados, dando-lhes um nome adequado, um vocábulo que definisse o que havia de mais interno, substancial e característico na criatura nomeada.
“Assim, segundo a narração do Gênesis (2, 19-20), cada animal recebeu de Adão um nome que os caracterizava e que era a definição mais apropriada de seus respectivos predicados.
“Nesse sentido, pois, o nome é uma imagem da pessoa que o porta. E mais que todos, o Nome de Jesus é um símbolo d’Ele e uma representação sacratíssima que, como tal, tem o poder de atrair sobre nós todas as graças e o poder de causar terror nos demônios. É interessante notar que, na iconografia católica, o Nome de Jesus se resume nas três iniciais — IHS (isto é, Iesus Hominum Salvator, Jesus Salvador dos Homens — colocadas em alguns documentos eclesiásticos, com uma Cruz sobre o “H”. Juntos, o Nome e a Cruz, os dois símbolos perfeitos de Nosso Senhor Jesus Cristo.
“Ao celebrar, portanto, de forma especial o Nome do Divino Redentor, pretende a Igreja salientar a obrigação dos fiéis de honrar a Jesus, de glorificar o seu Nome, para que este se situe acima de todas as coisas e que tudo lhe esteja sujeito. Quer a Igreja, com essa solenidade, frisar seu anseio por uma ordem sacral, baseada numa fé católica, apostólica e romana autêntica, uma ordem na qual a festa do Nome de Jesus seja uma das grandiosas comemorações da Civilização Cristã.
“Tais são os pensamentos que devem inspirar em nossas almas o pedido de que o Nome de Jesus seja de fato cercado de toda a glória. Que Nosso Senhor seja conhecido, adorado, reverenciado por todos os homens, sendo reverenciadas as coisas que são conformes a Ele.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Nossa Senhora - atos de amor

Se o gênero humano pôde se aproveitar da Redenção, é porque a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade se fez homem, pois que o pecado dos homens deveria ser resgatado.
Ora, se Jesus Cristo assumiu natureza humana, fê-lo em Maria Virgem, e assim Esta cooperou de modo eminente na obra da Redenção, transmitindo ao Salvador a natureza humana que, nos desígnios de Deus, era condição essencial [para nossa regeneração].
De mais a mais, Maria Santíssima ofereceu de modo inteiro, e sumamente generoso, o seu Filho como vítima expiatória, e aceitou de sofrer com Ele, e por causa d’Ele, o oceano de dores que a Paixão fez brotar em seu Coração Imaculado.
Assim, pois, a Redenção nos veio por Maria Virgem, e sua participação nessa obra de ressurreição sobrenatural do gênero humano foi tão essencial e tão profunda, que se pode afirmar que Maria cooperou para nos fazer nascer para a vida da graça. Pelo que, Ela é, autenticamente, nossa Mãe. Autenticamente, acentuo, pois que não se trata neste caso de divagações sentimentais ou literárias, mas de realidades objetivas as quais, se bem que sobrenaturais, não deixam de ser absolutamente verdadeiras por isso mesmo que são sobrenaturais.
Convidando os fiéis a adorar o Santíssimo Sacramento, a Igreja exclama na Sagrada Liturgia: “Quantum potes, tantum aude”, isto é, tem o arrojo de amar tanto quanto te permitir o teu coração.
Diante da maravilhosa realidade da maternidade de Maria em relação aos homens, realidade que constitui uma verdade séria, teológica, profundamente substanciosa, o homem deve [trabalhar de modo decidido] para que ele dilate plenamente os limites acanhados de seu coração, sem susto, e singre sem cuidado pelo oceano de amor que se descortina ante seus olhos.
Não são indispensáveis, aí, os artifícios da retórica humana. Uma consideração madura da realidade será suficiente para encher o homem de amor”

sábado, 14 de abril de 2012

Rainha de todos os Santos

Eleita pela Sabedoria divina como Soberana de todo o universo, Nossa Senhora é, por isso mesmo, Rainha de todas as ordenações dispostas por Deus nos vários âmbitos da Criação, de modo particular no que tange a natureza humana. E nesta, quando fiel à moral, a ordem corresponde à virtude e, portanto, a uma certa forma de santidade.
Pode-se dizer, pois, que a Senhora de todas as ordenações é, em consequência, a Rainha de todas as santidades que existiram, existem e ainda existirão, possuindo-as nos seus píncaros respectivos — Regina Sanctorum Omnium.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Súplica a Nossa Senhora para livrar-nos do Purgatório

“No Purgatório, lugar de purificação, devemos ver um aspecto maravilhoso da sabedoria divina, cujo equilíbrio nele reluz de modo especial, isto é, a conjunção da justiça e da misericórdia infinitas de Deus, adornadas pela insondável solicitude materna de Nossa Senhora que desempenha particular papel em relação àquelas almas.
“Com efeito, podemos contemplar como o Criador, de um lado, não poupa a essas almas a expiação que têm de cumprir por conta das faltas cometidas neste mundo; de outro, admiramos como Ele as ama, pois passaram desta vida na graça de Deus e possuem a imensa alegria, a suprema consolação de se saberem merecedoras da eterna bem-aventurança, na qual hão de ingressar após seu período de purificação.
“Ora, para os espíritos que já não se encontram ligados a corpos mortais, que já não consideram as coisas com a fraqueza de um homem unido à carne perecível e, portanto, compreendem melhor o significado de eternidade, essa certeza do Céu representa um regozijo sem fim. Sabem que possuirão a visão beatífica e o amor de Deus para sempre, sabem que tudo quanto sofrerem no purgatório é pouco em comparação com o oceano de deleites, de alegria e felicidades infindos que as aguarda no Paraíso Celeste.
“Essa garantia traz para a alma do fiel defunto um alento indizível, fazendo-a sentir a predileção de Deus para com ela, como se o Senhor lhe dissesse: “Tu és minha filha, e minha filha dileta. Durante toda a eternidade me contemplarás, e Eu terei a alegria — de dentro de minha felicidade substancial e perfeita — de contemplar a ti!”
“Não será difícil perceber como essa promessa divina é de um valor superior a qualquer tesouro que possamos imaginar. Tanto mais se, à misericórdia divina, somarmos o carinho materno e o amparo sem limites de Maria Santíssima para com as almas do purgatório. Não sem razão A cultuamos como a vida, doçura e esperança nossa, e Ela o é, de modo todo particular, para os que purgam suas faltas a um passo do Céu. Segundo certas revelações particulares, a Mãe Deus, durante o ano inteiro (para usarmos a linguagem terrena) obtém a libertação de almas do purgatório, porém o faz de maneira especial no dia em que a Igreja celebra alguma festa mariana. Nossa Senhora desce até lá, e onde Ela entra, envolta como que num orvalho celestial, as chamas fogem, os tormentos se pacificam, as almas se tomam de um maravilhamento indescritível e muitas delas acompanham de volta o Refúgio dos Pecadores até a glória eterna, à qual doravante pertencem.”
 “Peçamos à Santíssima Virgem, nossa esperança e doçura nesta vida e na futura, obtenha-nos a graça de nos compenetrarmos de tudo quanto significa o purgatório, como dolorosa expiação, assim como de transição para a eterna bem-aventurança, iluminado pela misericórdia de Deus e de Maria. Queira Ela nos auxiliar a termos almas limpas e íntegras, que procuram evitar não só o pecado mortal, mas também o venial, tão detestado por Deus a ponto de Este o punir com aqueles padecimentos”.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Ó vós todos...

Ó vós todos, que passais pelo caminho: olhai e vede se há dor igual à minha dor (Lamentações de Jeremias, 1, 12).
Estas pungentes palavras do Profeta são atribuídas a Nosso Senhor no auge de sua Paixão, de seus padecimentos que nos valeram a Redenção. Aplicam-se elas, também, abaixo d’Ele, a Maria Santíssima, Co-redentora do gênero humano. Imaginemos a Mãe dolorosa com o Filho exangue sobre seus joelhos, e nos dirigindo essa pergunta lancinante: ó vós todos que passais pelo caminho...
Não um caminho material, mas os caminhos da História, as vias dos séculos, pelas quais passam nações, povos, multidões e indivíduos. Consideremos todos essa dor indizível, e compreendamos que, realmente, depois da dor do Filho, não há nenhuma comparável à da Mãe.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Oração a Maria para vencer vícios

Por vezes a pessoa não tem essa força, mas deseja seriamente não cair no pecado, e sabe que, na hora da tentação, pelos rogos de Nossa Senhora, obterá a graça de resistir. Diz à Santíssima Virgem: “Vede que miserável sou eu. Sinto- me fraco, nem sinto desejo de que me concedais o vigor de alma necessário para vencer a tentação. Porém, rezarei tudo quanto possa e farei algum esforço, minha Mãe, para caminhar em direção a Vós. No momento, estou disposto a não cometer pecado. Estarei assim amanhã? Ah, minha Mãe...! Não sei. Mas desejo querer. Tende pena de mim e obtende-me o perdão.”

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Nossa Senhora da Soledade, ou da Ressurreição?

No Sábado Santo, enquanto o corpo de Nosso Senhor repousava no sepulcro, operavam-se na alma de Maria maravilhas de confiança e de fé. No Coração de Maria, a Igreja vivia em todo o seu esplendor.
Para nós, católicos do terceiro milênio, é tão natural crer na Ressurreição de Jesus que a dúvida nem nos passa pela mente.
Mas no primeiro dia de existência da Igreja Católica não foi assim... Os próprios Apóstolos e discípulos foram os primeiros a duvidar. Para ser mais exato, não acreditaram na Ressurreição nem mesmo quando as Santas Mulheres chegaram do sepulcro com a notícia de que Jesus tinha ressuscitado: “Também as outras mulheres que estavam com elas diziam isto aos Apóstolos, mas as suas palavras pareceram-lhes um desvario e eles não acreditaram nelas” (Lc 24, 10-11).
Então, nos primeiros dias de existência da Igreja, os mais próximos seguidores de Cristo não acreditavam numa das principais verdades de nossa Fé? Nenhum Apóstolo acreditava? Nem mesmo São Pedro?
Sucinto relato dos Evangelhos
Muitas vezes, ao ler os Evangelhos, gostaríamos de ter narrações mais ricas em detalhes sobre tantos pontos que ficaram envoltos nas sombras da História. Um deles, por exemplo, é o ocorrido no período entre o sepultamento de Jesus e a Ressurreição. Os discípulos tentaram algum tipo de ação, traçaram planos ou pelo menos se reuniram em algum local para comentar entre si os trágicos acontecimentos? Sobretudo, interessaria saber o que lhes terá dito Nossa Senhora. Nada! São Lucas limita-se a dizer: “Ao regressar, prepararam aromas e perfumes. E, no sábado, observaram o descanso, conforme o preceito” (Lc 23, 56). O evangelista não poderia ser mais lacônico...
As urdiduras dos fariseus e dos príncipes dos sacerdotes interessaram mais o Autor Sagrado. Talvez por conter esse fato uma lição que continua atual, e o será até o fim do mundo. Os inimigos de Jesus não descansam! Não se contentam em vê-Lo morto. Querem apagar até sua memória. Foi assim logo após a morte de Jesus. E assim será sempre, no confronto entre a luz e as trevas.
Tinham eles presenciado numerosos milagres, o mais espetacular dos quais fora a ressurreição de Lázaro, poucos dias antes; e estava bem presente na sua mente a profecia de que ao terceiro dia ressuscitaria dos mortos. Por isso, no sábado “os príncipes dos sacerdotes e os fariseus foram ter com Pilatos e disseram-lhe: Senhor, lembramo-nos de que aquele impostor disse, ainda em vida: ‘Ressuscitarei depois de três dias.’ (...) E seria a última impostura pior do que a primeira” (Mt 27, 62-64).
Embora não tivessem fé na Ressurreição, tinham certo pressentimento ou receio de que algo de extraordinário talvez acontecesse... Quem fizera tantos milagres em vida, não teria também poder para os realizar após a morte? A dureza de coração dos fariseus, face à Ressurreição de Jesus, nos mostra como devemos ser gratos a Deus pelo dom da Fé. Pois quem não abre a alma para a luz da Fé, por mais que a evidência lhe fure os olhos, e a lógica imponha suas razões... continuará a não crer!
Os apóstolos duvidaram
Mas às vezes — por um paradoxo admirável — os incrédulos discernem certas realidades mais facilmente que os católicos. Estes, por estarem acostumados a lidar com o sobrenatural, são tendentes a tomar como normais alguns acontecimentos sublimes.
Talvez esse fenômeno psicológico tenha levado os Apóstolos, após tão longo convívio com a grandeza de Jesus, a tomarem por natural o que era divino... Talvez, assim, não tenham dado o devido valor aos milagres que presenciaram, e acabaram por não compreender a principal profecia de Nosso Senhor: sua Ressurreição.
E ao vê-Lo morto caíram na incredulidade, como se deduz das palavras dos discípulos de Emaús: “Nós esperávamos que fosse Ele Quem libertasse Israel, mas, com tudo isto, já lá vai o terceiro dia desde que se deram estas coisas...” (Lc 24, 21).
Em Maria reluziu a plenitude da Fé
Ninguém, então, conservou a fé plena na Ressurreição, depois da morte de Jesus, na Sexta-Feira Santa?
Sobre este ponto, os Evangelhos não entram em detalhes. Mas, não podemos fazer algumas conjecturas?
Sepultado Nosso Senhor, São João levou Maria, Mãe de Jesus, com ele: “E, desde aquela hora, o discípulo recebeu-a em sua casa” (Jo 19, 27).
É de se supor que naquela primeira noite e ao longo do dia de sábado alguns dos discípulos e as Santas Mulheres tenham procurado Nossa Senhora, quiçá com o intuito de A consolar. Muito provavelmente reuniram-se no Cenáculo, onde tinham celebrado a Páscoa da Antiga Lei, e onde Jesus havia instituído o sacrifício do Novo Testamento, a Eucaristia.
Enquanto conversavam com Maria, os discípulos devem ter procurado no semblante majestoso d’Ela o alento e a resposta para a grande perplexidade pela qual passavam. Teria, então, acabado tudo? O que iria acontecer com eles? Talvez os príncipes dos sacerdotes quisessem prendê-los também. E pode-se supor ter sido a segurança pessoal a grande preocupação de muitos dos discípulos, pois o próprio São João afirma que as portas da casa onde eles se encontravam, no domingo da Ressurreição, estavam fechadas, “por medo dos judeus” (Jo 20, 19).
Mas o olhar sereno e maternal de Maria os tranquilizava. E à medida que Ela lhes recordava as profecias sobre o Messias, como Ele seria perseguido e morto, uma sensação de paz ia invadindo suas almas. Os mistérios de Deus são insondáveis, mas não havia motivo para perturbar-se, pois tudo acontecera como estava previsto. Nesses momentos, Maria deve ter-lhes lembrado a promessa do Arcanjo na Anunciação: “O Senhor Deus dar-Lhe-á o trono de Seu pai David, (...) e o seu reinado não terá fim” (Lc 1, 32). E explicado que, em consequência, eles deveriam esperar uma intervenção miraculosa de Deus. Muito provavelmente Nossa Senhora deve também ter alcançado para eles a graça de uma grande confiança na Providência. O simples fato de estarem ali reunidos, em torno de Maria, era já um primeiro passo para restaurarem a fé perdida.
Soledade no Sábado Santo
Quantas vezes, ao longo daquele dia de sábado, terá passado pela mente virginal de Maria a lembrança dos momentos-auge da vida de Jesus?
“Maria vive com os olhos fixos em Cristo — comentava o Papa João Paulo II — e guarda cada palavra sua: ‘Conservava todas estas coisas, ponderando-as no seu coração’ (Lc 2, 19; cf. 2, 51). As recordações de Jesus, estampadas na sua alma, acompanharam-nA em cada circunstância, levando-A a percorrer novamente com o pensamento os vários momentos da sua vida junto com o Filho. Foram estas recordações que constituíram, de certo modo, o ‘rosário’ que Ela mesma recitou constantemente nos dias da sua vida terrena.”
E, certamente, este primeiro “rosário” de Maria, meditado com os discípulos naquele Sábado Santo, fortaleceu a fé de todos, preparando-os para o grande acontecimento do dia seguinte.
Mas a ideia da Ressurreição de Jesus, apesar de ter sido com clareza profetizada por Ele, estava tão longe das cogitações dos Apóstolos, que parece mais provável Nossa Senhora não lhes ter falado a este respeito, esperando que seu próprio Filho lhes abrisse os olhos.
Muito apropriadamente, a piedade católica representa Maria, neste dia de sábado, sob a invocação de Nossa Senhora da Soledade. Ela está só, sem Jesus, chorando a sua morte. E por isto de sua fisionomia transparece profunda tristeza.
Antegozando o momento da Ressurreição
Mas, se é verdade que a dor pela morte de Jesus transpassava seu coração virginal, não é menos verdade que a certeza inabalável na Ressurreição de seu Filho o fazia palpitar de consolação e de júbilo.
No meio da incredulidade dos Apóstolos e demais discípulos, Maria era a única a ter uma Fé plena. Só Ela creu na Ressurreição. E por isso a Igreja vivia em todo o seu esplendor na alma de Maria. Ela era a Arca da Esperança do Novo Testamento, na qual estavam contidos todos os tesouros de graça da Igreja. E embora Nosso Senhor estivesse morto, vivia plenamente no coração de sua Mãe.
À medida que o tempo passava, Nossa Senhora já ia antegozando o momento jubiloso da Ressurreição. A tristeza cedia lugar a uma intensa alegria. Por isso — além de representar Maria de semblante triste e lacrimoso, no Sábado Santo, sob a invocação de Nossa Senhora da Soledade — não seria também legítimo representá-lA de fisionomia jubilosa, antevendo já o triunfo próximo de seu Filho? E quase se poderia afirmar, metaforicamente, que, antes de ressuscitar no Sepulcro, Jesus já havia ressuscitado no Coração Imaculado de Maria. Por isso também se poderia dar-Lhe, nesse dia, a invocação de Nossa Senhora da Ressurreição.
Pode-se comparar este período de sábado com o tempo em que Nossa Senhora gerava o Salvador do mundo, e levantar a pergunta se é mais glorioso ter em si o Filho de Deus, ou ser a única alma inteiramente fiel no mundo, contendo em si, de certa forma, a Igreja. Se a primeira situação é mais gloriosa, sem dúvida a segunda é mais meritória, pois Ela creu sem ver: “Bem-aventurados os que, sem terem visto, acreditam!” (Jo 21, 29), disse Jesus a Tomé.
Durante a noite, acreditou na Luz
“É durante a noite que é belo acreditar na luz”. Esta expressiva afirmação do poeta francês Edmond Rostand aplica-se com exatidão à Fé da Virgem Santíssima no Sábado Santo. Por este motivo, desde tempos muito remotos, a piedade católica tornou o sábado um dia especialmente consagrado a Nossa Senhora, para enaltecer sua Fé inabalável e recordar um dos mais belos e gloriosos momentos de sua vida, em que só Ela sustentou toda a Igreja.
Devemos pedir a Maria, em nossas dificuldades e perplexidades, essa Fé demonstrada por Ela naquele momento tão trágico, e por isso tão belo. Segundo paternais advertências do próprio Papa João Paulo II, vão baixando sobre o mundo as trevas da descristianização. É nessa noite do neo-paganismo de nossos dias que é glorioso, para cada um de nós, acreditar na Ressurreição, ou seja, no “triunfo do Imaculado Coração de Maria”.

domingo, 8 de abril de 2012

Caminho para a devoção eucarística


O devoto da Santíssima Virgem encontrará no Coração de Maria o próprio Coração de Jesus, naquilo que este Coração tem de mais amoroso, mais terno e mais compassivo. Ora, onde mais se manifestam as finezas do Coração de Jesus é na Sagrada Eucaristia.

Assim, a devoção a Nossa Senhora leva natural e espontaneamente à devoção eucarística. E é aí — neste culto à Eucaristia, que só pode ser plenamente fervoroso com o culto mariano, pelo culto mariano e no culto mariano — que os católicos encontrarão o alimento de sua vida espiritual.

sábado, 7 de abril de 2012

O olhar de Maria

São Pedro, se antes de se encontrar com Nosso Senhor ele tivesse se encontrado com Nossa Senhora, ele choraria a vida inteira, não de arrependimento, mas de alegria. 

Ele se sentiria tão perdoado, tão perdoado pelas três negações que ele passaria a vida inteira chorando de satisfação pelo fato de ter sido perdoado por Nossa Senhora. O olhar dEla deveria ser de uma tal bondade. O olhar de Nosso Senhor é insuperável, mas o olhar dEla devia ser de uma tal bondade que era a representação da bondade que era Ele, Deus, Nosso Senhor. Um olhar dEla para alguém que lhe pedisse um perdão deveria ser tal que este alguém passaria o resto da vida tomado, embevecido, extasiado com aquele olhar porque ele sentiria naquele olhar um perdão tão grande, tão extenso e tão profundo que ele se sentiria angelizado.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Pedidos a fazer a Jesus na Eucaristia

Petições repassadas de zelo
Como nos ensina a Santa Igreja, os atos de piedade  são: adoração, ação de graças, reparação e petição. Assim, depois de oferecermos a Nosso Senhor os três primeiros, vem o momento de Lhe apresentarmos nossas  súplicas, dirigidas a Ele pelas mãos da Virgem Santíssima .
“Devo, Senhor, pedir coisas para mim, para aqueles a  quem estimo e até pelos que não conheço . Antes de tudo, rogo-Vos que em todo cargo da Sagrada Hierarquia  eclesiástica — desde o sólio de São Pedro até uma simples paróquia — haja fervorosos apóstolos de Maria, ardorosos escravos d’Ela segundo o método de São Luís  Grignion de Montfort, em toda a força do termo .”
É o intenso desejo do Reino de Maria que surge no  fundo de nossas almas . Com efeito, além das necessidades da Igreja, nos é dado conhecer as da sociedade temporal . Amamos todas as nações da Terra, e quereríamos que Nossa Senhora as fizesse florescer, no maior  esplendor de sua piedade, para dar glória a Ela e a seu  Divino Filho, numa nova e mais luminosa Cristandade .  Poderíamos compor uma ladainha enumerando todos  os países e, a propósito de cada um, suplicar graças específicas.
“Senhora, Vós pusestes em minha alma tanto amor  por tal nação; tornai-a inteiramente vossa . E tais povos, raças, culturas, civilizações . . . Ó minha Mãe, intercedei por tudo isso junto a Deus, e obtende que desabrochem no vosso Reino, para a glória de Cristo Senhor nosso!”
Temos também obrigações especiais para com os que  nos são mais próximos . Ou seja, em certo sentido, nossos irmãos de vocação, sobretudo pelos que nos mantêm,  pelo seu exemplo e seu impulso, nos caminhos da Santa Igreja . Com não menos solicitude devemos rezar por  aqueles que nos parecem em dificuldades na vida espiritual: “Minha Mãe, notei, pela fisionomia, que tal filho  vosso se acha muito provado . Socorrei-o! Outro vai bem,  mas precisa melhorar . Ajudai-o!
“Agradou-me  ver  um  terceiro  progredindo;  minha  Mãe, não permitais que ele esmoreça na virtude!”
Como se nota, quase que instintivamente nos dirigimos a Nossa Senhora, embora estejamos fazendo uma  ação de graças após comungar o Corpo e o Sangue de  Jesus . Compreende-se, pois é por meio d’Ela que nossas preces chegam mais segura e rapidamente ao Altíssimo .
Rezemos, em seguida, pelos nossos mais chegados  quanto ao vínculo de sangue; aqueles dos quais nascemos, nossos irmãos segundo a carne, nossos familiares. Devemos querê-los segundo o amor de Deus  e, portanto, ter para com eles, ao mesmo tempo, todo o afeto e o desapego preceituados pelos  mandamentos da Lei divina . Peçamos que eles  amem a Deus acima de todas as coisas, e nos queiram a nós também por amor ao Criador . Assim, pelas mãos de Maria Santíssima, estaremos rezando pelo bem da alma deles, e este é  o maior tesouro que podemos lhes oferecer .

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Eucaristia e Maria

Ardorosa reparação

Estando a Santíssima Virgem presente espiritualmente em nós, durante a ação de graças, peçamos a Ela: “Minha Mãe, fazei com que eu voe para Deus!”
E sempre por meio de Maria, digo: “Senhor Jesus, sei que pequei e preciso Vos pedir perdão de minhas faltas . O mundo inteiro peca contra Vós, Senhor. Sois a própria bondade e tão clemente para comigo, como posso, a menos que seja irremediavelmente vil, não me indignar diante de tantas ofensas de que sois alvo?

“Contristam-me, Senhor,  os  pecados  cometidos  por  mim e pelos outros contra Vós . Perdão, Senhor! Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, tende compaixão de nós. Senhor, podeis tornar limpo quem é asqueroso, desde que este corresponda à graça. Mais uma vez, tende compaixão do mundo, e de mim, pelos rogos  de Maria!

“E se houver pessoas que continuem infiéis, aceitai como reparação minha atitude indignada . Sabeis — pois vosso olhar penetra até o fundo de nossas almas — que  eu gostaria de estar em todos os lugares do mundo ao  mesmo tempo, censurando os impenitentes e combatendo o mal com a força de invectiva que Vós me concederíeis .

“Não me é dado estar em toda parte, porém aceitai esse desejo que vossa graça infunde no meu coração, e não pode ser inútil . Fazei, Senhor, que em todos os lugares onde sois ofendido, minha alma de certa forma ali esteja,  admoestando e fazendo recuar os fautores do mal .


“Terminada essa prece, começarei a laborar no apostolado ao qual me destinastes: acolho um, falo com outro, sorrio para um terceiro, tomo uma deliberação, atendo um telefonema, leio uma revista, um jornal, um livro. Rezo. Tomai, Senhor, cada uma dessas ações como se eu  as estivesse praticando no mundo inteiro, junto a todas  as almas, diante de todos os sacrários da Terra, suplicando-Vos graças para todos os homens, falando no interior  de cada um deles .”