segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Mãe do Bom Conselho - Um quadro entregue pela Providência

Entre as múltiplas reproduções do santo afresco, uma há que mostra ter sido o Brasil objeto de especial predileção, pois foi a própria Mãe do Bom Conselho quem quis enviá-lo para este país.
Em 1760, o Rei de Portugal expulsou de seus domínios de aquém e além-mar a Companhia de Jesus. Dois noviços brasileiros, os irmãos Miguel e José de Campos Lara, decidiram acompanhar no desterro seus irmãos de vocação, partindo para Roma.
Na Itália, ao terminarem seus estudos, receberam a ordenação sacerdotal. Pouco tempo depois, faleceu Miguel. Quanto a José, foi enviado por seus superiores a vários lugares. Porém, cedendo a fortes pressões dos governos da época, em 1773 o Papa Clemente XIV fechou a Companhia de Jesus.
Era uma situação inesperada para o Pe. José, após treze anos de desterro. A vida não foi fácil desde então. Era preciso ter uma fé alcandorada e um alto heroísmo para perseverar em condições tão adversas. E apesar dos anseios de sua família pelo retorno dele à pátria, o jovem sacerdote não desejava voltar ao Brasil.
Em 1785, fazia doze anos que José de Campos Lara vestira pela última vez a batina da milícia de Santo Inácio. E fazia vinte e cinco anos que deixara o país natal!
Certo dia, passeava ele pensativo por uma praia deserta, onde o rumorejar das ondas era suave lenimento para suas dores e preocupações, quando, de súbito, depara com um jovem que o aborda. O rapaz lhe oferece um quadro a óleo que representa a Mãe do Bom Conselho (acima), dizendo-lhe que o levasse para o Brasil. E lhe anuncia que, no lugar onde ela fosse venerada, erguer-se-ia um dia um grande colégio jesuíta. No fim da conversa, o Pe. Campos Lara vê seu interlocutor desaparecer ante seus olhos, ficando convencido de que se tratava de um Anjo.
Após algumas peripécias, volta ele ao Brasil, indo para a chácara herdada dos falecidos pais, na cidade de Itu (SP). Ali erigiu uma capela onde pudesse ser venerada a imagem. Em 1814, ele ouve comovido a notícia de que Pio VII restaurara a Companhia de Jesus! Mas faleceu em 1820, sem ver cumprida a profecia da volta dos jesuítas à Terra de Santa Cruz. Regressaram, porém. E em 1868 ergueram um colégio exatamente naquela chácara.
Em 1872, o quadro da Mãe do Bom Conselho foi entronizado no altar-mor da igreja recém-construída, anexa ao colégio. Oitenta e sete anos haviam transcorrido desde sua entrega miraculosa, sobre as areias da praia italiana, ao jesuíta brasileiro.
E quando este colégio da Companhia foi transferido para a cidade de São Paulo, em 1918, com ele foi também a cópia da imagem de Genazzano.

domingo, 30 de outubro de 2011

Nossa Senhora do Bom Conselho

Se analisarmos a noção de Nossa Senhora do Bom Conselho, entende-se que ela se refere à Santíssima Virgem enquanto obtendo de Deus, por sua intercessão onipotente, graças para as almas perturbadas, que não sabem o que fazer diante de certa emergência, e precisam, portanto, de um conselho.
E Nossa Senhora do Bom Conselho é a Mãe que se compadece dos homens desorientados, e lhes obtém a graça de uma iluminação interior, de um discernimento especial, de uma palavra que lhes vem de um bom amigo, de um bom diretor espiritual ou da leitura de um bom livro, etc. Enfim, Ela sempre lhes alcança o conselho que se queria, o conselho que se pedia, a solução que se procurava e se julgava impossível encontrar.
Tudo no mundo contemporâneo, no mundo do caos, parece falar contra nós, parece mentir-nos, dizer-nos coisas que nos levarão para o erro e o mal. Que remédio há para isto a não ser um bom conselho? E quem há-de nos dar bom conselho neste mundo desvairado? Ninguém mais e ninguém melhor do que Nossa Senhora do Bom Conselho. Ela é, pois, por excelência a mãe e a conselheira nas aflições e nas penumbras do mundo de hoje.
Assim, em nossos momentos de dúvida e apreensão, saibamos que nos está reservada a alegria - da qual tão poucos homens na terra desfrutam! - de nos voltarmos para Maria e Lhe dizer: Mãe do Bom Conselho, Vós não me desamparareis. Tende pena de mim e dai-me uma orientação”.

sábado, 29 de outubro de 2011

Coração Sapiencial e Imaculado de Maria

Permitam-me oferecer-lhes aqui o conselho de que formem este propósito: quando passarem diante de um local onde se encontra o Santíssimo Sacramento, ainda que estejam do lado de fora, rezem: “Coração Eucarístico de Jesus, tende pena de mim”. E acrescentem: “Coração Sapiencial e Imaculado de Maria, rogai por mim”. São jaculatórias tão simples, mas nunca deixem de repeti-las junto ao Santíssimo, pois constituem valiosa fonte de graças.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A Onipotência Suplicante, alegria de nossas almas

Compreendamos, portanto, como é absolutamente de primeira importância termos devoção a Nossa Senhora. Deus é tão perfeito, é tão supremo, nós somos tão zeros, que era necessário uma ligação entre Ele e nós. Esse elo é Nossa Senhora.
Com efeito, mediante a Encarnação do Verbo no seio puríssimo de Maria, o Padre Eterno, por um ato de sua infinita bondade, criou os vínculos que O ataram ao gênero humano. E Nossa Senhora, tornando-se Mãe d’Ele, passou a ser também a Mãe espiritual de todos os homens.
Em vista disto, quando Ela pede a seu Divino Filho por nós, é como uma mãe que intercede junto a um filho em benefício de outro irmão deste. É impossível não atendê-la. Por isso os teólogos atribuem a Nossa Senhora o título de “Onipotência suplicante”. Em virtude de suas insondáveis perfeições, Ela é sempre ouvida por Deus em suas preces a nosso favor, e d’Ele nos obtém aquilo que, por nós mesmos, não mereceríamos.
Um exemplo pode ilustrar esta verdade. Imagine-se uma mãe que tenha dois filhos: um, reto e probo, exerce a função de juiz; o outro é simplesmente um criminoso, ao qual o irmão deste deve julgar. Que acontece, então?
A mãe se dirige ao filho magistrado e lhe diz: “Meu filho, sei que tu és juiz e que a ti cabe aplicar a justiça. Os defeitos de teu irmão são tais que exigem a pena de morte. Na verdade, porém, tu, ó juiz, me deves igualmente a vida. Poupa a desse homem que merece a pena capital, em atenção aos rogos daquela que te gerou!”
Que filho recusaria tão extremosa súplica?
Pois bem, semelhante a esta intercessão é a de Maria em favor da humanidade pecadora. E, havendo nascido d’Ela, Nosso Senhor Jesus Cristo, Lhe concede tudo o que o melhor dos filhos pode dar à melhor das mães. Tal é o valor da impetração de Nossa Senhora que, segundo o ensinamento da teologia, todas as orações de todas as criaturas devem ser apresentadas por Ela a seu adorável Filho, porque assim o dispôs a vontade divina. De maneira que — dizem os doutores — se todos os Anjos e Santos que há no Céu pedissem algo a Deus que não fosse por meio de Nossa Senhora, Ele não atenderia. Mas se Nossa Senhora, sozinha, pedir, Ela é ouvida.
Essa é a Mãe de uma doçura insondável, de uma compaixão que não conhece limites.
Assim, uma vez mais, compreendemos a importância da devoção a Nossa Senhora. Como seria soturna a nossa vida de católicos, se não existisse esse vínculo com a Santíssima Virgem! E como é leve essa devoção, como é a alegria de nossas almas, como é cheia de esperança, de perdão e de afeto materno, essa contínua assistência de Nossa Senhora!

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Maria mons, Maria fons, Maria pons

 Devemos todos crescer na devoção a Nossa Senhora para termos a força necessária nos embates da vida. E “todos” abrange até mesmo os que ofendem a Deus e à própria Santíssima Virgem. Pois ainda que um homem esteja em estado de pecado, Nossa Senhora o ouvirá se ele Lhe pedir. Quer dizer, por pior que seja a condição de uma alma, se implorar muito, acaba obtendo as graças de que necessita para praticar a virtude. Isto é uma proclamação de confiança. Em nenhum caso podemos deixar de confiar em Nossa Senhora, na bondade, na misericórdia, na intercessão d’Ela junto a Deus Nosso Senhor, porque Eles sempre nos atendem.
Numa linda e piedosa canção litúrgica, Nossa Senhora é assim chamada: Maria mons, Maria fons, Maria pons. Maria é montanha (mons) de todas as virtudes; é a fonte (fons) de todas as graças; é a ponte (pons) por cima de todos os abismos.
Então, nos momentos em que nos sentimos acabrunhados sob o peso de nossas misérias, devemos dirigir a Ela nossa súplica repassada de confiança: “Senhora, quando pensamos que Vós sois tudo quanto sois, e que não somos senão aquilo que somos, sentimo-nos profundamente indignos de vossa solicitude. Mas sabemos também que nunca, nunca, nunca deixareis de olhar com boa vontade para o filho que implora a vossa assistência. Assim, pedimos com insistência: tende pena de nós e acabai nos arrancando dos nossos pecados.”
Agindo dessa maneira, estejamos certos de que seremos atendidos.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Rosa das Rosas, rogai por nós!

Assim como a rosa detém uma primazia de beleza sobre todas as flores, assim Nossa Senhora sobrepuja em formosura todos os outros seres saídos das mãos do Onipotente. Por isso, Ela é a Rosa Puríssima, a Rosa Mística, a Rosa de Jericó, a mais bela das almas, a mais linda das criaturas de Deus.
Se nós nos puséssemos de joelhos diante de Nossa Senhora e Lhe ofertássemos uma rosa de esplendor paradisíaco, Ela certamente a tomaria em suas mãos virginais, e em seus lábios afloraria um sorriso encantador. Porque o que há no fundo d’Ela entrou em consonância e brilhou com a perfeição da rosa. Mas... quanto o sorriso d’Ela é mais belo e luminoso do que a luminosidade e beleza da rosa! E quanto, portanto, o que existe no íntimo da alma d’Ela vale mais do que aquilo que A fez sorrir!
E se Ela condescendesse em nos dar de presente a rosa, nós a guardaríamos com todo o cuidado, depois de murcha, numa página de álbum em que escreveríamos: “A rosa diante da qual a Rosa sorriu”. E nos lembrando da Senhora desse sorriso, diríamos a Ela: “Rosa Rosarum, ora pro nobis. — Rosa das Rosas, requinte de rosa, transcendência de rosa, a mais bela rosa do universo, rogai por nós!”

terça-feira, 25 de outubro de 2011

A humildade de Maria

Toda a sua vida, Maria permaneceu oculta; por isso o Espírito Santo e a Igreja a chamam “Alma Mater” ── Mãe escondida e secreta. Tão profunda era a sua humildade, que, para Ela, o atrativo mais poderoso, mais constante era esconder-se de si mesma e de toda criatura, para ser conhecida somente de Deus.
Que contraste da vida oculta de Nossa Senhora com o espírito de certas pessoas que querem ser o centro- eis me! Aqui estou eu! Prestem atenção em mim!
Maria sentia atração por esconder. Ela pediu a Deus para ser escondida, empobrecida e humilhada.
Deus providenciou para que oculta Ela permanecesse em seu nascimento, em sua vida, em seus mistérios, em sua ressurreição e Assunção, passando despercebida aos olhos de quase toda criatura humana. Seus próprios parentes não a conheciam; e os anjos perguntavam muitas vezes uns aos outros: Quae est ista?── Quem é esta? (Cânt 3, 6; 8, 5) pois que o Altíssimo a escondia; ou, se algo lhes desvendava a respeito, muito mais infinitamente lhes ocultava.
Devemos nos alegrar pelo fato de sermos esquecidos, escondidos e humilhados.
A natureza humana quer uma coisa diferente, sobretudo depois do pecado original, ela quer ser procurada, elogiada, rica, aplaudida pelas multidões. Ela quer tudo! É insaciável, insaciável porque o homem é animal, mas é um animal racional.
Deus criou o homem com o objetivo de ser uma criatura infinita. A partir do momento em que ele é criado, o destino dele é infinito. Então, há uma janela dentro da alma humana que procura o infinito.
Um animal quando sente fome ele vai e come, come, come, e passada a fome ele não entra pelas vias da gula. Porque saciou a fome, ele pára. O homem não, o homem não pára, ele quer mais. Além do mais ele faz o seguinte, se ele conseguiu alimento ele come e se empanturra, e o alimento que ele não conseguiu comer, ele guarda porque ele quer mais. O homem quer mais porque ele tem uma alma que tem uma janela para o infinito.
Quando eu cedo em matéria de querer ser rico, de querer ser elogiado, querer ser cultuado... Não tem limite e a pessoa sempre quer mais e nada a sacia. Por isso é que está na Escritura, o olho humano não se farta de ver, o ouvido humano não se farta de ouvir. Depois, abismo atrai abismo, abissus abissum invocat.
Assim acontece com aqueles que seguem o caminho contrário de Nossa Senhora.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

INCOMPARAVEL MAJESTADE

NUNCA HAVERÁ UMA SIMPLES CRIATURAQUE MEREÇA TANTO A NOSSA ADMIRAÇÃO QUANTO MARIA SANTÍSSIMA, PORQUE N’ELA HABITAM, DE MODO SINGULAR E ÚNICO, A GRANDEZA E A MAJESTADE DE DEUS. MAIS DO QUE TODOS OS ANJOS E SANTOS, É ELA O PERFEITÍSSIMO ESPELHO DA MAGNIFICÊNCIA DIVINA.
NOSSA SENHORA POSSUI INCOMPARÁVEL MAJESTADE, INTEIRAMENTE HARMÔNICA COM SUA MISERICÓRDIA, E PERTO DA QUAL EMPALIDECEM TODAS AS DEMAIS GRANDEZAS. QUE SÃO AS MAJESTADES DO SOL, DOS OCEANOS, DO MAIOR DOS REIS, DO MAIS INTELIGENTE DOS SÁBIOS, EM CONFRONTO COM A DE MARIA?
A MAJESTADE DA MÃE DE DEUS É SOBERANA, ÚNICA, SUPERIOR, NA QUAL SE FUNDEM TODAS AS FORMAS DE GRANDEZA. POR ISSO, IMENSA SERÁ A FELICIDADE DAQUELES QUE PUDEREM ADMIRÁ-LA, ETERNAMENTE, EM SEU TRONO DE GLÓRIA NO MAIS ALTO DOS CÉUS!

domingo, 23 de outubro de 2011

Estrela do Mar e Porto de Bonança

A estrela do mar reluz com a bela e caridosa missão de orientar os navegantes que, em meio às vagas incertas e furiosas, correm o risco de se extraviar. Assim é Nossa Senhora que, na noite desta vida, brilha constantemente fixa e luminosa, indicando-nos o caminho do Céu.
Ela é, também, o nosso porto seguro. Quantas vezes nos debatemos em meio às ondas das provações inerentes à vida espiritual, ou decorrentes da fidelidade à Igreja! Ora é a prática da virtude, que parece não progredir; ora são as inevitáveis vicissitudes de nossa existência terrena, sempre nos pedindo cuidados, e muitas vezes nos trazendo dissabores. É, então, como se navegássemos num mar sem ponto de referência, esforçando-nos por atingir o fim de nossa trajetória.
Para tais ocasiões, a solução é o recurso à Santíssima Virgem, rogando-Lhe: “Vós sois o Auxílio dos cristãos, o Refúgio dos pecadores. Está na vossa grandeza, ó minha Mãe, considerar meus defeitos, minhas necessidades, meus sofrimentos, e serdes para mim como um porto, abrigando-me neste mar alto e turbulento. A medida de vossa grandeza é também a de vossa misericórdia. Tende pena de mim e acolhei-me!”

sábado, 22 de outubro de 2011

Confiança na prova e na borrasca

Quanto é doce, Senhora, vossa afabilidade! E quão imperscrutáveis vossos desígnios!
Vós nos fazeis sentir de mil modos — nos dias de penumbra, como nos de luz — as delicadezas grandiosamente sábias de vossas vias. E, ao mesmo tempo, as minúcias de vossas misericórdias. É o conjunto de luzes que acendeis ao longo de nossos passos.
Luz necessária, porque desejais que caminhemos, o mais das vezes, cercados de sombras, encontrando mil pedras pelo caminho e, não raro, atrás das pedras, emboscadas inesperadas.
Quereis que confiemos na prova e na borrasca. Mandais uma e outra para que sejamos abnegados. E mandais vossas carícias para que avancemos na Fé.

Essa é a majestade régia de vossa via.
Ajudai-nos ao longo dela, ó Senhora de Sabedoria e Mãe de Misericórdia. Amém.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A beleza da santidade na mais alta das criaturas: Nossa Senhora

As regras de estética são para nós meios para considerarmos a verdadeira beleza da santidade, no homem, sim, e, pois, na mais alta de todas as meras criaturas: em Nossa Senhora, que, com tão esplêndida propriedade, tem sido e deve ser comparada quer ao céu quer ao mar.
Alma de uma imensidade inefável, alma na qual todas as formas de virtude e de beleza existem com uma perfeição supereminente, da qual nenhum de nós pode ter uma ideia exata. [...] [Ela reúne] numa perfeita harmonia contrastes aparentemente irreconciliáveis: é a Virgem Mãe, chamada a Virgem das Virgens, que poderia, muito lícita e validamente, também ser chamada a Mãe das Mães. Ninguém mais plenamente Mãe, Mãe por excelência, do que Ela. Ninguém mais plenamente Virgem, Virgem por excelência, do que Ela também.
Em Nossa Senhora se encontra, outrossim, a mesma unidade na variedade dos dons de Deus. Isto se nota bem no fato de que, sendo una, Ela se apresenta a nós na diversidade admirável das suas invocações. Ela é a Nossa Senhora da Paz, é a Nossa Senhora dos Prazeres, a Saúde dos enfermos, mas é também Nossa Senhora das Dores, Ela é Nossa Senhora da Boa Morte. N’Ela todos os contrastes se harmonizam. Ela é ao mesmo tempo Auxílio dos cristãos, mas Refúgio dos pecadores; Ela é glorificada pela sua humildade incomparável, mas todos os videntes que tiveram a felicidade de A contemplar nas aparições comentam a sua soberana majestade. Ela é Nossa Senhora que se apresenta a nós “ut castrorum acies ordinata” (“como um exército em ordem de batalha”), mas, ao mesmo tempo, Ela é “Mater clementiae et misericordiae” (Mãe de clemência e de misericórdia).
Nossa Senhora é bem aquele mar, aquele céu de virtudes, diante do qual o homem deve ficar estarrecido e enlevado, e, com todas as suas forças, deve procurar amar e imitar.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Oração de uma esposa e mãe à Santíssima Virgem

Oh! Maria, Virgem Puríssima e sem mácula, Casta Esposa de S. José, Mãe terníssima de Jesus, perfeito modelo das esposas e das mães, cheia de respeito e de confiança, a Vós recorro e com os sentimentos da veneração, a mais profunda, me prostro a vossos pés, e imploro o vosso socorro. Vede, oh Puríssima Maria, vede as minhas necessidades, e as da minha família, atendei aos desejos do meu coração, pois é ao vosso tão terno e tão bom, que os entrego.
Espero que, pela vossa intercessão, alcançarei de Jesus a graça de cumprir, como devo, as obrigações de esposa e de mãe. Alcançai-me o santo temor de Deus, o amor do trabalho e das boas obras, das coisas santas e da oração, a doçura, a paciência, a sabedoria, enfim todas as virtudes que o Apóstolo recomenda às mulheres cristãs, e que fazem a felicidade e ornamento das famílias.
Ensinai-me a honrar meu marido, como Vós honrastes a São José, e como a Igreja honra a Jesus Cristo; que ele ache em mim a esposa segundo o seu coração; que a união santa, que contraímos sobre a terra, subsista eternamente no Céu. Protegei meu marido, dirigi-o no caminho do bem e da justiça; pois tão cara como a minha me é a sua felicidade. Encomendo também ao vosso materno coração os meus pobres filhos. Sede a sua Mãe, inclinai o seu coração à piedade; não permitais que se afastem do caminho da virtude, tornai-os felizes, e fazei com que depois da nossa morte se lembrem de seu pai e de sua mãe e roguem a Deus por eles; honrando a sua memória com as suas virtudes. Terna Mãe, tornai-os piedosos, caritativos e sempre bons cristãos; para que a sua vida, cheia de boas obras, seja coroada por uma santa morte. Fazei, oh Maria!, com que um dia nos achemos reunidos no Céu, e ali possamos contemplar a vossa glória, celebrar os vossos benefícios, gozar de vosso amor e louvar eternamente o vosso amado Filho, Jesus Cristo, Senhor nosso. Amém.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O que nos atrai em Nossa Senhora?

Imaginemos um poliedro regular. Analisando-se uma de suas faces, é possível intuir como são as outras, com suas características e dimensões.
Assim é Nossa Senhora. Em virtude de sua perfeição supereminente, possui Ela em grau igualmente incomensurável todas as qualidades de que seja capaz uma criatura humana. E, portanto, ao considerarmos uma delas, podemos perceber o valor e a magnitude das demais. Contemplando, digamos, o teor da virtude da Caridade em Maria, nos será dado discernir a riqueza de sua Fé e de sua Esperança. O mesmo sucede com as suas virtudes cardeais e com todos os excelsos predicados de que A enriqueceu a Santíssima Trindade.
 Contudo, o que mais nos toca em Nossa Senhora não é tanto a virginal, régia e insondável santidade d’Ela, mas a compaixão com que essa santidade olha para quem não é santo, atendendo com pena, com desejo de dar, com uma misericórdia cujo tamanho era o das outras qualidades. Quer dizer, inesgotável, clementíssima, pacientíssima, pronta a ajudar a qualquer momento, de modo inimaginável, sem nunca um suspiro de cansaço, de extenuação, de agastamento. Sempre disposta, não só a repetir-se a Si própria, mas a superar-se a Si própria. De maneira que, dispensada tal misericórdia, e sendo ela mal correspondida, vem uma misericórdia maior. E, por assim dizer, nossos abismos de ingratidão vão atraindo a luz para o fundo. E quanto mais fugimos d’Ela, mais as suas graças se prolongam e se iluminam em nossa direção.
Seja o que for e como for, uma vez que nós estamos envolvidos por essa misericórdia, podemos descansar. No fundo, aquele que não é brutalmente insensível com Nossa Senhora, e para Ela se volta, d’Ela acaba recebendo sempre proteção e socorro em suas dificuldades.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Refúgio dos pecadores

Meu filho, aqui estou eu sozinha, no canto a que teu desprezo me relegou, cheia daquele amor que tua rejeição comprime em mim e impede que se expanda. Tal amor, porém, se conserva intacto em sua intensidade e sua abundância, palpitando de ansiedade, tristeza e pressa, à espera de que retornes, para envolver-te, lavar-te e te cumular do dom de habitar nele, como do dom da inocência primeva e de todos os outros dons.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

VIDA, DOÇURA E ESPERANÇA NOSSA

MARIA SANTÍSSIMA É, VERDADEIRAMENTE, NOSSA VIDA, DOÇURA E ESPERANÇA.
SE ELA NÃO EXISTISSE, NÃO TERÍAMOS RAZÃO ALGUMA PARA ESPERAR NA MISERICÓRDIA DIVINA; NÃO TERÍAMOS NADA QUE JUSTIFICASSE QUALQUER ESPERANÇA NOSSA DO CÉU, OU QUALQUER ALEGRIA NA TERRA.
TUDO O QUE TORNA VIVÍVEL NOSSA EXISTÊNCIA É O CONJUNTO DE ESPERANÇAS QUE A INTERCESSÃO DE NOSSA SENHORA NOS AUTORIZA A TER. E POR ISSO MARIA É NOSSA VIDA. VIVEMOS POR ELA, E, SE NÃO FOSSE ELA, CAIRÍAMOS DESFALECIDOS.
É NOSSA DOÇURA, PORQUE PERFEITAMENTE AFÁVEL, DOCE, MISERICORDIOSA E CONDESCENDENTE PARA COM AQUELES QUE A INVOCAM. A ESTA MÃE CLEMENTÍSSIMA DEVEMOS O FATO DE HAVER SUAVIDADE EM NOSSA VIDA. ELA NOS OBTÉM A GRAÇA DIVINA E, PORTANTO, FORÇAS PARA A PRÁTICA DA VIRTUDE. ORA, A VIRTUDE É O QUE HÁ DE DOCE NO EXISTIR HUMANO. SEM ELA, NOSSA PASSAGEM POR ESTE MUNDO SERIA AMARGA E SINISTRA. E MARIA, AO NOS PROPORCIONAR A VIRTUDE, CONFERE DOÇURA AO NOSSO COTIDIANO TERRENO.
ASSIM, A ELA DEVEMOS DIZER, CHEIOS DE FILIAL GRATIDÃO: “Ó MÃE BONÍSSIMA, POR CAUSA DE VÓS, NOSSA VIDA SE TORNA DOCE E SUPORTÁVEL. NOSSA VIDA SÓ É VIDA PORQUE SOIS NOSSA ESPERANÇA!”

sábado, 15 de outubro de 2011

Nossa Senhora de las Lajas

Uma senhora branca com um menino nos braços
O prodigioso fato se deu no ano de 1754.
Pela escarpada e serpeante trilha do desfiladeiro, caminhava Maria Meneses de Quiñones, humilde e piedosa descendente de caciques indígenas, rumo a Ipiales, onde trabalhava como empregada doméstica. Levava aos ombros sua pequena filha Rosa, surda-muda de nascimento. Fatigada pela rudeza do trajeto, sentou-se em uma gruta para descansar, enquanto a menina divertia-se subindo pela rocha. De repente, ouviu a filha dizer, com uma voz límpida e clara:
 - Mãezinha! Aqui há uma senhora branca com um menino nos braços.
Cheia de espanto, correu com sua filhinha até a casa dos patrões, onde narrou o ocorrido. Mas ninguém lhe deu crédito.
Na volta, ao passar em frente à entrada da gruta, a filha gritou:
—- Mãezinha! A senhora branca está me chamando!
Muito assustada, pois nada via, a índia apressou o passo e, chegando a Potosí, logo contou a parentes, amigos e vizinhos o que se passara. A notícia espalhou-se rapidamente por toda a região.
Decorridos poucos dias, Rosa desapareceu de casa. Após procurá-la em vão por toda as partes, a angustiada mãe teve em seu coração a certeza de que na gruta encontraria a filha, pois esta lhe repetia com frequência: A senhora branca está me chamando! Para lá se dirigiu, pressurosa.
Entrando, deparou-se maravilhada com a seguinte cena: sua filhinha ajoelhada aos pés de uma formosa dama, brincando carinhosa e familiarmente com um menino louro. O Filho da Virgem Santíssima havia descido dos braços de sua Mãe e proporcionava à alma inocente de Rosa suas divinas e inefáveis ternuras.
Extasiada, a índia caiu de joelhos e elevou aos Céus suas preces de veneração à Mãe de Deus e de agradecimento por ter sido objeto de um tão insigne favor. Porém, receando receber de novo o menosprezo dos incrédulos, ao sair decidiu nada revelar a ninguém. Mas, desde então, passou a ir amiúde com sua filha à gruta, levando flores silvestres para ornar a imagem da “senhora branca”.
Essa situação durou algum tempo, até o dia em que Rosa adoeceu gravemente, morrendo pouco depois. A pobre índia, amargurada, não hesitou. Levou para a gruta o cadáver da menina e depositou-o aos pés da milagrosa imagem. Com encantadora simplicidade, pediu a Nossa Senhora que devolvesse a vida à filhinha, em atenção ao amor que esta tinha por Ela.
Sua súplica foi atendida. A Medianeira Onipotente obteve de seu divino Filho o milagre. A devota índia chegara cheia de confiança, carregando nos braços um inerte cadáver; regressou transbordante de gratidão, conduzindo a filha ressuscitada!
Um tão imenso prodígio não podia ser mantido em segredo! Maria foi para Ipiales, onde narrou o que tinha acontecido. Desta vez, todos creram!... Apesar de ser já noite alta, dirigiram-se para a igreja e deram a notícia ao Pároco. Este fez tocar os sinos, reunindo uma grande multidão que o seguiu a caminho da gruta, onde chegaram ao romper da aurora.
Entraram todos na gruta, iluminada por luzes extraordinárias, e viram a imagem da Santíssima Virgem, gravada na pedra. O Pároco não teve dúvidas. Reconhecendo no fato uma portentosa manifestação da Rainha do Céu e da Terra, mandou imediatamente buscar tudo quanto era necessário para celebrar ali uma Missa. Era o dia 15 de setembro de 1754.
A imagem
É indescritivelmente bela a imagem da Virgen de las Lajas (em português, Virgem das Lajes). Apresenta-se Ela de pé sobre uma meia-lua, ladeada por São Francisco de Assis e São Domingos de Gusmão, ambos ajoelhados. Sua face, de resplandecente louçania, transmite ricas e variadas impressões. Nela transparece o domínio absoluto de um espírito eminentemente contemplativo, posto em Deus, no sublime, na eternidade. Os longos e delicados cabelos, a ampla fronte, os olhos cheios de luz enfim, todo o harmonioso conjunto comunicam reflexão, serenidade e bondade, a par de majestade, decisão e firmeza. Seu traje é composto de uma túnica vermelha, recamada de belos arabescos dourados, e de um manto azul com orla dourada. Segura na mão esquerda o Menino Jesus, que inclina a cabeça enquanto entrega um cíngulo para a túnica de São Francisco. De sua mão direita, pende um Rosário que Ela oferece a São Domingos. O conjunto é grandioso.
Inumeráveis peregrinos lá comparecem para venerar Nossa Senhora de las Lajas, implorando-lhe toda sorte de graças e favores, sempre atendidos com bondade maternal e largueza régia. As muletas depositadas no Santuário e a enorme quantidade de placas de agradecimento dão um mudo mas eloquente testemunho das inumeráveis curas obtidas pela intercessão da celestial senhora branca”.
O Papa Pio XII determinou a coroação oficial da imagem em 1952 e dois anos depois elevou à categoria de Basílica Menor o grandioso santuário gótico construído em honra de Nossa Senhora.
Conta-se que antigamente os pintores, em vez de assinar suas obras, marcavam-nas com seu sinete pessoal. Desse costume parece participar o próprio Deus, ao imprimir numa rocha a imagem de sua Mãe Santíssima. Pois a Virgen de las Lajas bem pode ser cognominada de o Sinete de Deus na criação...

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Súplica a Maria



Minha mãe, dai-me a graça de nunca me sentir longe de Vós. Dai-me a certeza de que a pa lavra “longe”, para efeito de vida espiritual, foi cancelada da Doutrina Católica, ; uma vez que Vós existis. Pois, se é verdade que muitos estão longe, Vós, Senhora, estais sempre perto. Senhora, convencei-me de que Vós estais ao alcance, não de mãos que se estendem, mas de mãos que se juntam para rezar, rezar e rezar seriamente.
Nunca se ouviu dizer que alguém que tenha recorrido à vossa protecção e reclamado vosso socorro, fosse por Vós desamparado. Mãe minha, fazei-me compreender que, se nunca se ouviu dizer, não serei eu o primeiro a não ser atendido, o primeiro a ser uma exceção. Assim, pois, régia Senhora, fazei que sempre me volte a Vós com confiança.
Plinio Correa de Oliveira

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Nossa Senhora do Amparo

Incansável amparo materno
O indivíduo mais desamparado não é aquele a quem falta algo, mas é sobretudo o que recorre em vão a todos os meios humanos para obter o que necessita. Aquele que se vê imerso numa grave dificuldade, na qual sua vida inteira está empenhada, e não encontra sustentáculo, arrimo ou apoio terreno algum. Nossa Senhora do Amparo é precisamente Aquela que tem particular pena dos que se acham desamparados, seja do ponto de vista espiritual, seja do ponto de vista material. Ela, cheia do especial desvelo que têm as mães para com os filhos necessitados, opera maravilhas para ajudá-los. N’Ela encontram eles o sustentáculo, o apoio e o arrimo que procuram. Nossa Senhora do Amparo é, pois, Nossa Senhora de todas as solicitudes, é Nossa Senhora de todas as compaixões, é Nossa Senhora de todos os instantes em que o homem precisa de algo e a Ela recorre.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Prece à Padroeira do Brasil

Ó Senhora Aparecida, a hora é de aflição! Melhor do que qualquer brasileiro, o sabeis Vós, que sois Mãe de todos eles. Crise socioeconómica, crise moral, mais grave que tudo, crise religiosa! O que num país fica fora da crise, quando ela se instalou em todos esses domínios?
Sem embargo de toda essa crise, vamos transpondo gloriosamente um marco histórico. Pois estamos entrando no rol das nações que, por sua importância, determinam o rumo dos acontecimentos presentes e têm em suas mãos os fios com que se tece o futuro dos povos.
Neste momento de apreensões e esperanças de glória, ó Senhora, vimos agradecer-Vos os benefícios que, Medianeira sempre ouvida, nos obtivestes de Deus onipotente.
Agradecemos-vos o território de dimensões continentais, e as riquezas que nele pusestes.
Agradecemos-Vos a unidade do povo, cuja variegada composição racial tão bem se fundiu no grande caudal étnico de origem lusa — e cujo ambiente cultural, inspirado pelo gênio latino, tão bem assimilou as contribuições trazidas por habitantes de todas as latitudes.
Agradecemos-vos a Fé católica, com a qual fomos galardoados desde o momento bendito da Primeira Missa.
Agradecemos-vos nossa história, serena e harmoniosa, tão mais cheia de cultura, de preces e de trabalho, do que de desavenças e de guerras. Agradecemos-Vos nossas guerras justas, iluminadas sempre pela auréola da vitória. Agradecemos-vos nosso presente, tão cheio de esperanças, sem embargo das crises que nos assolam.
Agradecemos-Vos as nações deste Continente, que nos destes por vizinhas e que, irmanadas conosco na Fé e na raça, na tradição e nas esperanças do porvir, percorrem ao nosso lado, numa convivência sempre mais íntima, o mesmo caminho de apreensões e de ascensão.
Agradecemos-vos nossa índole pacífica e desinteressada, que nos inclina a compreender que a primeira missão dos grandes é servir, e que nossa grandeza, que desponta, nos foi dada não só para nosso bem, mas para o de todos.
Agradecemos-Vos o nos terdes leito chegar a este estágio de nossa História, no momento em que pelo mundo sopram tempestades, se acumulam problemas. Terríveis opções espreitam, a cada passo, os indivíduos e os povos. Pois esta é, para nós, a hora de servir ao mundo, realizando a missão cristã das nações jovens deste hemisfério, chamadas a fazer brilhar, aos olhos do mundo, a verdadeira luz que as trevas jamais conseguirão apagar.
Nossa oração, Senhora, não é, entretanto, a do fariseu orgulhoso e desleal, lembrado de suas qualidades, mas esquecido de suas faltas.
Pecamos. Em muitos aspectos, nosso Brasil de hoje não é o País profundamente cristão com que sonharam Nóbrega e Anchieta. Na vida pública como na dos indivíduos, terríveis germes de deterioração se fazem notar, que mantêm em sobressalto todos os espíritos lúcidos e vigilantes.
Por tudo isto, Senhora, pedimos-Vos perdão.
E, além do perdão, Vos pedimos forças. Pois sem o auxílio vindo de Vós, nem os fracos conseguem vencer suas fraquezas, nem os bons alcançam conter a violência e as tramas dos maus.
Com o perdão, ó Mãe, pedimos-Vos também a bênção. Quanto confiamos nela!
Saibamos que a bênção da Mãe é preciosa condição para que a prece do filho seja ouvida, sua alma seja rija e generosa, seu trabalho seja honesto e fecundo, seu lar seja puro e feliz, suas lutas sejam nobres e meritórias, suas venturas honradas, e seus infortúnios dignificantes.
Quanto é rica destes e de todos os outros dons imagináveis a vossa bênção, ó Maria, que sois a Mãe das mães, a Mãe de todos os homens, a Mãe Virginal do Homem-Deus!
Sim, ó Maria, abençoai-nos, cumulai-nos de graças, e mais do que todas, concedei-nos a graça das graças. Ó Mãe, uni intimamente a Vós este Vosso Brasil.
Protegei-o mais e mais. Tomai sempre mais maternal o patrocínio tão generoso que nos outorgastes. Tornai sempre mais largo e mais misericordioso o perdão que sempre nos concedestes. Aumentai vossa largueza no que diz respeito aos bens da terra, mas, sobretudo, elevai nossas almas no desejo dos bens do Céu. Fazei-nos sempre mais fortes na luta por Cristo-Rei, Filho vosso e Senhor nosso, de sorte que, dispostos sempre a abandonar tudo para lhe sermos fiéis, em nós se cumpra a promessa divina, do cêntuplo nesta terra e da bem-aventurança eterna.
Ó Senhora Aparecida, Rainha do Brasil! Com que palavras de louvor e de afeto Vos saudar no fecho desta prece de ação de graças e súplica? Onde encontrá-las, senão nos próprios Livros Sagrados, já que sois superior a qualquer louvor humano?
De Vós exclamava, profeticamente, o povo eleito, palavras que amorosamente aqui repetimos:
“Tua gloria Jerusalem, tu laetitia Israel, tu honorificentia populi nostri”.
Sois Vós a glória, Vós a alegria, Vós a honra deste povo que Vos ama.
Plinio Corrêa de Oliveira

Torre de Marfim

Poucas imagens poderiam dar tanto a idéia de intransigência, quanto a torre de marfim. É a fortificação feita de material limpíssimo, alvíssimo, duríssimo, que é bem a representação da pureza e da santa intolerância. É a torre da integridade, da segurança de quem não tem falsas condescendências, e onde o homem se mostra superior em relação às vulgaridades e baixezas deste mundo.
Na criação, Nossa Senhora, que é a Arca da Aliança, a Porta do Céu, vista sob outro aspecto, bem merece ser chamada a Torre de Marfim, pelo fato de que Ela, entre todas as criaturas, levanta-se como uma torre. Só Ela teve a conceição imaculada; só Ela obteve o privilégio da virgindade antes, durante e depois do parto; só Ela correspondeu à graça de modo a ser objeto inteiro de toda a predileção e de toda a complacência de Deus.
Nas guerras de outrora, as torres eram dispositivos de defesa, a partir dos quais eram repelidos os ataques dos inimigos. Ora, a Santíssima Virgem se apresenta como uma fabulosa antítese de toda sorte de erro e de mal. Assim, Ela é bem uma torre, e uma torre de marfim, no meio de todas as degradações, misérias e corrupções que existem no mundo. Ela é inteiramente casta, Virgem entre as virgens, sempre obediente a Deus, Rainha de tudo e de todos.
Verdadeiramente, Nossa Senhora se ergue como uma torre na planície: torre puríssima de marfim, invulnerável ao pecado, indiferente a todas as investidas de seus adversários, voltada apenas para Deus.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

“Vossos olhos misericordiososa nós volvei...”

Nossa Senhora tem olhos de misericórdia, e um simples olhar dEla pode nos salvar. Sua doçura é invariável, seu auxílio ilimitado, pronto a nos atender a qualquer momento, sobretudo nas dificuldades de nossa vida espiritual. Estas costumam ser de duas ordens.
Em primeiro lugar, a crise que se poderia chamar clássica, quando a pessoa se sente tentada e, portanto, hesitante entre o bem e o mal, com a possibilidade de ser arrojada no precipício do pecado de um momento para outro. É bem evidente que Maria é nosso auxílio, na plenitude do termo, nessas circunstâncias. Contudo, a solicitude da Mãe de misericórdia se volta também para aquele que se encontra em apuro espiritual muito mais grave, e que se traduz por esta súplica:
Minha Mãe, eu, sucumbindo ao peso da tentação, não andei bem. Pequei. Tenho o receio de me habituar ao pecado e de nele me embrutecer. Por outro lado, imensa é a minha vontade de me regenerar. Sei que não mereço a vossa proteção, mas, porque sois a Auxiliadora de todos os cristãos, não apenas dos bons, senão até dos mais miseráveis, peço-Vos: vinde e auxiliai-me.
Nesta visualização, portanto, é o próprio fato de se ter caído em pecado que se alega diante de Nossa Senhora, como razão para obter seu socorro. É o desamparado que encontra no seu infortúnio o motivo pelo qual deve implorar a misericórdia de Maria. Está na missão da Santíssima Virgem, e é o movimento profundo de seu coração materno, reconciliar os pecadores com Deus. Porque a Mãe tem bondades, ternuras, indulgências e paciências que outros não possuem. Ela pede, então, ao seu Divino Filho por nós, e nos obtém uma série de graças, um sem-número de perdões que jamais alcançaríamos sem a sua intercessão.
Assim, é com toda a confiança que devemos nos dirigir a Ela, constantemente, suplicando-Lhe: Volvei sobre nós, ó Mãe, esses vossos olhos de misericórdia!

sábado, 8 de outubro de 2011

Nas situações aflitivas da Igreja - importância Rosário

Se - como diz um São Luís Maria Grignion de Montfort ou um Santo Afonso Maria de Ligório - o Rosário é um poderoso meio para alcançar graças de santificação pessoal, auxílio para a salvação das almas, não é só no plano individual que ele se mostra eficaz. Também no nível dos povos e das nações, ele ganha um brilho especial nos momentos em que a Igreja está em aflitiva situação. Foi assim já no seu nascedouro, quando Nossa Senhora o recomendou a São Domingos de Gusmão.

No ano de 1214, a heresia dos maniqueus, ou albigenses, estava se espalhando por todo o Languedoc, região meridional da França, arrancando à Igreja Católica multidões de fiéis. A doutrina maniquéia não causava dano apenas no campo espiritual, mas estendia seus malefícios também a toda a sociedade temporal.

Uma cruzada da qual participaram cavaleiros de toda a Europa, não foi suficiente para estancar o mal. Como obter de Deus o fim dessa grave situação e a conversão daquele pobre povo?

O grande São Domingos - fundador da Ordem dos Irmãos Pregadores (os frades dominicanos) -mediu toda a extensão da tragédia e sentiu-se inspirado a intervir. Retirou-se para um local ermo, próximo de Tolosa (capital do Languedoc), onde passou três dias e três noites em oração e penitência, implorando ao Senhor que interviesse para salvar aquelas populações. Em conseqüência de seu esforço, acabou por cair desfalecido. E eis que então apareceu-lhe Maria Santíssima, resplandecente de glória, dizendo-lhe que, pelo Rosário, ele poderia ganhar para Deus “aqueles corações endurecidos.” E assim foi. Pregando essa devoção, São Domingos não só obteve numerosas conversões, como também uma grande mudança nos costumes religiosos e morais dos habitantes da região.

São Domingos mereceu passar para a História como o primeiro grande pregador do santo Rosário e, praticamente, seu instituidor.

Na batalha de Lepanto

Mas não só nos tormentos da Idade Média ficou provada a eficácia do Rosário. No século XVI vamos novamente encontrar Maria defendendo, por meio dele, seus filhos. Em 1571, os turcos maometanos devastavam os Bálcãs, e sua enorme frota de guerra espalhava o terror no mar Mediterrâneo. Uma invasão da Europa ocidental estava iminente, e o único modo de evitá-la seria quebrar o poderio naval islamita.
Era urgente formar uma aliança dos príncipes católicos e armar uma esquadra capaz de fazer frente ao inimigo da Fé cristã. Com este objetivo, o Papa São Pio V fez o que pôde nos terrenos diplomático, logístico e militar. Mas pôs sua confiança sobretudo na intervenção da Auxiliadora dos Cristãos, à qual recorria por meio do Rosário, levando os outros a imitá-lo.

No dia 7 de outubro daquele ano, ao largo do Estreito de Lepanto, no litoral grego, travou-se a maior batalha naval da História até então. A esquadra católica, composta de pouco mais de 200 navios e 80 mil combatentes, colocada sob a proteção de Nossa Senhora do Rosário, derrotou de modo fragoroso a frota maometana, entretanto mais poderosa que a cristã. Graças a essa vitória, ficou afastada de uma vez por todas a ameaça turca.

Desejoso de reconhecer e agradecer o decisivo auxílio de Maria nessa batalha, o senado veneziano mandou colocar no Palácio dos Doges um quadro comemorativo, com a inscrição: ‘Non virtus, non arma, non duces, sed Maria Rosarii, victores nos fecit.’ Não foi o valor, nem as armas, nem os chefes, mas sim a Senhora do Rosário que nos tornou vitoriosos.

Na França do século XVIII

No século seguinte, vamos encontrar a Virgem do Rosário auxiliando um de seus mais ardorosos e eminentes devotos, São Luís Maria Grignion de Montfort, noutra difícil situação para a Igreja.

A sociedade francesa achava-se minada em suas bases pelo iluminismo, pelo indiferentismo religioso e por um lamentável afrouxamento dos costumes, sobretudo nas classes superiores. Para agravar o quadro, espalhava-se pela França o jansenismo, astuta heresia que apresentava de maneira deformada a doutrina católica, evitando atacá-la de frente, com o que tornava difícil sua refutação. Pregando uma ardente devoção a Nossa Senhora e incentivando a oração diária do Rosário, São Luís Grignion conseguiu transformar a Bretanha e a Vandéia (províncias do oeste da França), em regiões ardorosamente católicas, a tal ponto que, dois séculos após, foram essas duas províncias as que maior resistência opuseram ao assalto das tropas anticlericais da Revolução Francesa.

Em Fátima

Não é possível falar do Rosário sem mencionar com destaque as aparições em Fátima. Pois ali Nossa Senhora recomendou com particular empenho essa devoção.

Na primeira aparição, a 13 de maio de 1917, aconselhou aos três videntes que rezassem diariamente o Terço para pedir o fim da guerra e a paz do mundo. Renovou com insistência, na segunda e na terceira aparições, a recomendação de rezar o Terço todos os dias.

E no dia 13 de setembro, a Virgem Santíssima insistiu mais uma vez na necessidade da recitação diária do Terço, como meio de alcançar o fim da guerra mundial que ensangüentava o mundo.

Foi somente na última aparição, em 13 de outubro, que Nossa Senhora consentiu em revelar sua identidade às três crianças, utilizando estas simples palavras: “Eu sou a Senhora do Rosário.” Não poderia haver maior prova de apreço da Mãe de Deus por essa devoção.

Em pleno século XX

Mais perto de nós, encontramos outra demonstração da eficácia do Rosário.

Assim como o restante da Europa centro-oriental, também a Áustria fora ocupada pelas tropas soviéticas, ao término da 2ª Guerra Mundial. Angustiados pela probabilidade de perderem sua independência no domínio comunista, os austríacos se voltaram filialmente para Nossa Senhora.

Um franciscano, frei Petrus Pavlicek, formou a -Cruzada Reparadora do Rosário pela Paz no Mundo- e passou a organizar grandes procissões anuais em honra do Nome de Maria. Sempre com a participação de milhares de pessoas, cada uma dessas procissões seguia pelas ruas do centro de Viena, rogando pela libertação do país. Um movimento geral de entusiasmo pelo Rosário percorreu toda a nação, e uma torrente de preces jorrou sobre as portas do Céu. E então aconteceu o milagre: pouco após a Páscoa de 1955, o governo moscovita retirou suas tropas da Áustria.

O país inteiro acorreu para agradecer a maternal proteção da Santíssima Virgem, destacando-se a grande solenidade no dia 10 de setembro, festa do Nome de Maria, ocasião em que o Ministro das Relações Exteriores declarou: “Todos nós que aqui estamos hoje reunidos e que com humildade, mas também com ufania, nos declaramos católicos, pudemos conhecer o poder da oração. (...) Nossas orações foram nossas armas e nossa fortaleza. (...) Ganhamos a liberdade! Oh! Maria! nós vos agradecemos.”

Paz no mundo e nas famílias

Se o mundo de hoje está submerso num oceano de males e exposto a perigos que o rondam de todos os lados, isto não se deve tão-só às disputas econômicas e políticas, mas principalmente a uma grave crise moral e religiosa. É dela que surgem as angústias, as incertezas, a desorientação generalizada. Contudo, assim como nas situações críticas anteriores, a solução está ao alcance de nossas mãos… e de nossos corações: a devoção do Santo Rosário. Daí o empenho do saudoso Papa João Paulo II em incentivar essa devoção.

“No início de um Milênio que começou com as cenas assustadoras do atentado de 11 de setembro de 2001” -, diz o Santo Padre na Carta Apostólica – “e que registra, cada dia, em tantas partes do mundo, novas situações de sangue e violência, descobrir novamente o Rosário significa mergulhar na contemplação do mistério d.Aquele que ‘é a nossa paz’, tendo feito ‘de dois povos um só, destruindo o muro da inimizade que os separava’ (Ef 2, 14)”.

Depois de ressaltar que deseja confiar a causa da paz à oração do Rosário, o Papa exprime sua paternal aflição: “Pouco valem as tentativas da política, se as almas continuam exacerbadas e não são capazes de um novo olhar do coração.” E indaga: “Quem pode, porém, infundir tais sentimentos, senão o próprio Deus? .... Exatamente nessa perspectiva, o Rosário se revela uma oração particularmente indicada.” Falta a paz, hoje em dia, não somente entre as nações, mas, muitas vezes, até no recinto do lar. “Quanta paz estaria assegurada nas relações familiares, se fosse retomada a recitação do Santo Rosário em família!”- exclamou o Papa na audiência de 29 de setembro de 2002, quando anunciou o Ano do Rosário. E na citada Carta Apostólica ele alerta: “A família, célula da sociedade, está cada vez mais ameaçada por forças desagregadoras a nível ideológico e prático, que fazem temer pelo futuro dessa instituição fundamental e imprescindível e, conseqüentemente, pela sorte da sociedade inteira.”

Para sanar esse mal, que remédio aconselha o Vigário de Cristo? Ao final da catequese da Audiência Geral, o Papa Bento XVI afirma que "o Rosário é uma oração especial da Igreja e uma arma espiritual para cada um de nós. A meditação da vida de Jesus e Maria seja para todos nós luz sobre o caminho evangélico da renovação espiritual e da conversão do coração". E convidou os jovens a fazerem do Rosário sua oração de cada dia. Aos doentes, animou-os a crescer, graças à oração do Rosário, no abandono confiante às mãos de Deus. E exortou os esposos recém-casados a fazerem do Rosário uma constante contemplação dos mistérios de Cristo.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Nossa Senhora do Rosário

No dia 7 de Outubro celebra-se a festa de Nossa Senhora do Rosário, estabelecida pelo Papa São Pio V a fim de manifestar a jubilosa gratidão da Igreja para com a Santíssima Virgem, cuja solícita intercessão determinou a vitória da causa católica na batalha de Lepanto.
O Rosário “ocupa privilegiadíssimo papel na história da piedade católica. Em primeiro lugar, porque une o fiel a Nossa Senhora, e atrai para ele toda sorte de graças celestiais. Em segundo lugar, porque afugenta o demônio. Alguém que se sinta tentado, tome fervorosamente o Terço em suas mãos, e verseá forte contra a investida do inimigo de nossas almas.
“Excelente meio de venerar a Mãe de Deus, é incalculável a torrente de bênçãos que a recitação do Rosário efundiu sobre a Cristandade. Por isso, Papas e autoridades eclesiásticas não se cansam de elogiá-lo. Se tal não bastasse, a Santíssima Virgem, querendo Ela mesma incentivar essa inestimável devoção, mais de uma vez apareceu trazendo em suas mãos virginais o piedoso instrumento. De modo particular, nas aparições de Fátima, em Portugal, quando recomendou aos homens, com tocante insistência, a recitação diária do Terço. Além disso, a Igreja enriqueceu o Rosário com muitos privilégios e indulgências, inclusive plenárias, de maneira a fazer dele um verdadeiro tesouro de bênçãos inapreciáveis.
“A recitação do Rosário se dilatou de tal maneira que, durante muito tempo, identificou-se com a piedade católica: uma e outro eram a mesma coisa. Fosse nos atos quotidianos da vida espiritual, fosse nas festas e celebrações de maior significado, o Rosário — ou o Terço — sempre esteve presente como expressão do fervor das almas devotas.
“São Domingos recebeu da Rainha do Céu este mesmo Rosário cuja forma hoje conhecemos: começando pelo Crucifixo, que devemos oscular pedindo à Mãe de Deus que seja nossa intermediária e apresente a seu Filho nossas orações; em seguida, três Ave-marias, um Glória, e depois as cinco dezenas em que meditamos nos principais Mistérios da vida de Jesus e de Maria Santíssima — Gozosos, Luminosos, Dolorosos e Gloriosos.
“Ainda que rezado por almas mais frágeis, o Rosário é a prece dos fortes, é a súplica dos batalhadores, porque é um conjunto de orações de tal eficácia que faz avançar o bem e recuar o mal. A par das riquezas espirituais que encerra, temos a pluralidade dos feitios e coloridos com os quais é utilizado: rosários pequenos, graciosos, delicados, para crianças de trato; modestos e rústicos, mas fortes, dedilhados por mãos vigorosas que passam sobre aquelas contas; sério, varonil; rosários de princesas, de rainhas, lavorados como verdadeiras jóias, preciosos como esses que pendem das mãos das imagens de Nossa Senhora. Todos nos fazem ver algo da suavidade e da bondade régias de Maria, protetora dos débeis, amparo dos fortes, como foi o próprio São Domingos, enfrentando e vencendo com o Rosário a heresia albigense.”

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Comentário a respeito da oração " Memorare - Lembrai-Vos"

Digamos agora uma palavra sobre a oração do Memorare ( Lembrai-vos) no seu conjunto.
Ela é uma tocante e filial manifestação da confiança de qualquer alma, em qualquer estado, posta em qualquer situação, para com Nossa Senhora. Uma confiança que a reveste de ânimo e a faz voltar-se à Santíssima Virgem, dizendo-Lhe: “Isto eu Vos peço, tende pena de mim e auxiliai-me”.
O raciocínio que essa súplica encerra é simplíssimo: “Vós nunca abandonastes ninguém; ora, eu sou alguém; logo, Vós não me abandonareis”. É uma reflexão a mais lógica possível, a mais concludente, a mais convincente, a mais singela na sua esquematicidade, a mais irresistível, expressa numa linguagem de fervor e devoção. Uma linguagem que, além de bonita, tem um verdadeiro conteúdo teológico: Nossa Senhora é Mãe de cada homem; donde Ela não deixará de socorrer a qualquer um que a invoque. Nunca será supérfluo insistir neste ponto: é preciso invocá-La, é necessário que a Ela sempre recorramos, máxime nos momentos difíceis de nossa existência. Seja nas horas de tentações, de provações, angústias e sofrimentos, seja nos problemas comuns de todos os dias.
Por exemplo, em nossas atividades apostólicas, em nossas ações de caridade, devemos confiar e suplicar o auxílio de Nossa Senhora. Pedir a Ela que favoreça tal conversa com uma alma aflita ou com alguém que vemos vacilar nas sendas da virtude. Então peçamos: “Minha Mãe, considerai esse espírito tíbio e mole que corre o risco de se afastar de Vós. Comunicai a ele algo de vossa vitalidade e de vosso fervor.”
E se o mole sou eu, digo-Lhe: “Minha Mãe, infundi em mim esse vosso ardor. Eu me vejo atolado na pasmaceira, da qual, entretanto, tenho horror. Quanto mais Vós o tereis! Tende pena de mim, e curai-me dessa lepra.”
E assim como no apostolado, também em nossas mais diversas ocupações sociais e profissionais, devemos tratar Nossa Senhora como uma Mãe boníssima a quem nós pedimos tudo aquilo que nossa alma aspira ou necessita, sobretudo quando ordenado para a glória d’Ela.
Segundo a boa tradição católica, os Anjos estão sempre prontos a em tudo nos socorrer e ajudar, enquanto os demônios, pelo contrário, procuram nos causar danos e atrapalhações. É conhecida, por exemplo, a funesta ação de um espírito maligno que costumava talhar a manteiga fabricada por certos camponeses europeus. O fato pode até despertar sorrisos, pois lembra algo da inocência da vida rural, em comparação com as fuligens e inferneiras das grandes metrópoles.
Desperta sorriso, sim, mas contém uma realidade. Quantas vezes fazemos alguma coisa e esta sai errada, desanda, talha. Por quê? Não raro, devido à ação preternatural de algum demônio. Nesses momentos, a atitude correta não é nos enervarmos, nem nos apavorarmos, nem tampouco nos desesperarmos. É rezar: “Lembrai-Vos, ó piíssima Virgem Maria...”
Quer dizer, a solução para as nossas dificuldades, grandes e pequenas, está em possuirmos essa constante confiança, em todas as horas, na infalível assistência de Nossa Senhora.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Oração à Mãe do Perpétuo Socorro

Como onipotente Soberana de todo o universo, por vontade de Deus, Nossa Senhora tem o poder de nos auxiliar e quer inesgotavelmente nos socorrer em todas as nossas necessidades. Logo, se pedirmos. Ela nos socorrerá.
Para o êxito de nosso apostolado, para o êxito do nossa vida interior, precisamos, a cada passo, da protecção de Nossa Senhora. E Ela a todo momento está disposta a nos conferir os auxílios mais Inesperados, mais súbitos, mais espetaculares.
Ela é a Mãe do Perpétuo Socorro. E o perpétuo socorro é um amparo, é um ato de misericórdia, é um ato de piedade perpétuo, quer dizer, ininterrupto, que não se detêm nunca, que não cessa nunca, que não se suspende nunca. Nunca significa em nenhum minuto, em nenhum lugar, em nenhum caso: por pior que seja a situação de quem A Invoque, a Mãe de misericórdia o socorrerá.
Por isso, quanto mais nossas almas estiverem tentadas, tanto mais devemos rogar à Santíssima Virgem. Ela é a Rainha de toda a criação e pode, quando queira e onde queira, derrotar fragorosamente a espírito das trevas, impondo a sua própria soberania.
A fim do nos incutir confiança nas horas das tentações, e de nos fazer compreender que a estas pode suceder a qualquer Instante uma singular e aprazível consolação, Maria pratica fulgurantes ações em favor das almas, contra Satanás. Assim, estejamos certos de que o demônio mais insistente, mais persistente, mais renitente, nada é para aquele que invoca o incansável auxílio da Mãe do Perpétuo Socorro.

sábado, 1 de outubro de 2011

Nossa Senhora do Belo Amor

“Ego mater pulchrae diIectionis”— “Eu sou a Mãe do Belo Amor”.
Esta expressão, tirada do livro do Eclesiástico (24. 241), é usada pela Liturgia católica para honrar um dos mais gloriosos apanágios da Santíssima Virgem.
Com efeito, esta título evoca, de um lado, a plenitude o a beleza do amar que Nossa Senhora tem a Deus e, de modo mais especifico, à Segunda Pessoa da Santíssima Trindade Encarnada, que é o Filho d’Ela. De outro lado, assinala a formosura que para a alma de Maria advém desse amor, fonte de esplendor moral que rejubila o mundo inteiro.
Nunca houve, e jamais haverá em toda a história da criação, um amor a Deus tão belo, tão perfeito e tão ardoroso quanto o que teve Nossa Senhora, desde o primeiro instante de seu ser.
Se considerarmos o amor a Deus que têm os Anjos, e o que brilhou nas almas dos grandes Santos — por exemplo, o amor zeloso, combativo, ágil, de Santo Inácio de Loyola; o amor embevecido, cheio de ternura e de ardor, de São Francisco de Assis; o amor contemplativo, feito de pensamento e de meditação, de São Bento; e a amor eloquente, inflamado, de São Bernardo — se, pois, considerarmos todos esses amores, podemos concluir que:
Primeiro, Nossa Senhora possuiu todas as modalidades de amor a Deus que houve e haverá, até o fim de mundo, no Céu e sobre a terra, nos Anjos e nas almas mais santas;
Segundo, Ela excedeu a cada um desses Anjos e Santos, de modo incalculável, na forma específica de amor a Deus que os distinguiram;
E em terceiro lugar, a soma da caridade de todos os Anjos e de todos os Santos reunidos não tem proporção alguma com a sublime caridade de Nossa Senhora, que reina acima de todo o conjunto das criaturas.
Por essas conclusões podemos ter uma vaga ideia de inexcedível amor quo Maria devota a Deus, e da insondável beleza que tal amor confere à alma d’Ela. E podemos, também, compreender como, nesta terra, só há uma coisa digna de ser comparada a Nossa Senhora: é a Santa Igreja Católica Apostólica Romana.
De fato, enquanto Corpo Místico de Cristo, a Igreja Católica é um escrínio que encerra a totalidade das graças desses amores. Ela é, em si mesma, a conjunção e a convergência de todos eles; é o manancial do qual defluem todos esses amores reunidos.
Ademais, podemos dizer que, de algum modo, a Senta Igreja Católica — abstração feita dos homens tão carentes que por vezes a representam — é uma união de todas as virtudes, consideradas nos seus graus mais elevados.
Ora, em Maria Santíssima também encontramos, a outro título a de diversa maneira, a conjunção de todas as virtudes que há em todos os homens, levadas ao auge mais excelso que se possa imaginar. Além disso, somadas umas às outras a fim de constituírem um inconcebível conjunto de beleza, de esplendor, de grandeza e de bondade afável e materna.
Enfim, Nossa Senhora é, sozinha, a corte inteira de Deus. Todo o resto é secundário. Ela é a Rainha da prudência, e Rainha do conselho, a Virgem cheia de graça. Ela é a Mãe do Belo Amor.