sábado, 1 de outubro de 2011

Nossa Senhora do Belo Amor

“Ego mater pulchrae diIectionis”— “Eu sou a Mãe do Belo Amor”.
Esta expressão, tirada do livro do Eclesiástico (24. 241), é usada pela Liturgia católica para honrar um dos mais gloriosos apanágios da Santíssima Virgem.
Com efeito, esta título evoca, de um lado, a plenitude o a beleza do amar que Nossa Senhora tem a Deus e, de modo mais especifico, à Segunda Pessoa da Santíssima Trindade Encarnada, que é o Filho d’Ela. De outro lado, assinala a formosura que para a alma de Maria advém desse amor, fonte de esplendor moral que rejubila o mundo inteiro.
Nunca houve, e jamais haverá em toda a história da criação, um amor a Deus tão belo, tão perfeito e tão ardoroso quanto o que teve Nossa Senhora, desde o primeiro instante de seu ser.
Se considerarmos o amor a Deus que têm os Anjos, e o que brilhou nas almas dos grandes Santos — por exemplo, o amor zeloso, combativo, ágil, de Santo Inácio de Loyola; o amor embevecido, cheio de ternura e de ardor, de São Francisco de Assis; o amor contemplativo, feito de pensamento e de meditação, de São Bento; e a amor eloquente, inflamado, de São Bernardo — se, pois, considerarmos todos esses amores, podemos concluir que:
Primeiro, Nossa Senhora possuiu todas as modalidades de amor a Deus que houve e haverá, até o fim de mundo, no Céu e sobre a terra, nos Anjos e nas almas mais santas;
Segundo, Ela excedeu a cada um desses Anjos e Santos, de modo incalculável, na forma específica de amor a Deus que os distinguiram;
E em terceiro lugar, a soma da caridade de todos os Anjos e de todos os Santos reunidos não tem proporção alguma com a sublime caridade de Nossa Senhora, que reina acima de todo o conjunto das criaturas.
Por essas conclusões podemos ter uma vaga ideia de inexcedível amor quo Maria devota a Deus, e da insondável beleza que tal amor confere à alma d’Ela. E podemos, também, compreender como, nesta terra, só há uma coisa digna de ser comparada a Nossa Senhora: é a Santa Igreja Católica Apostólica Romana.
De fato, enquanto Corpo Místico de Cristo, a Igreja Católica é um escrínio que encerra a totalidade das graças desses amores. Ela é, em si mesma, a conjunção e a convergência de todos eles; é o manancial do qual defluem todos esses amores reunidos.
Ademais, podemos dizer que, de algum modo, a Senta Igreja Católica — abstração feita dos homens tão carentes que por vezes a representam — é uma união de todas as virtudes, consideradas nos seus graus mais elevados.
Ora, em Maria Santíssima também encontramos, a outro título a de diversa maneira, a conjunção de todas as virtudes que há em todos os homens, levadas ao auge mais excelso que se possa imaginar. Além disso, somadas umas às outras a fim de constituírem um inconcebível conjunto de beleza, de esplendor, de grandeza e de bondade afável e materna.
Enfim, Nossa Senhora é, sozinha, a corte inteira de Deus. Todo o resto é secundário. Ela é a Rainha da prudência, e Rainha do conselho, a Virgem cheia de graça. Ela é a Mãe do Belo Amor.